Colégio Eleitoral começa votação que vai eleger Biden como novo presidente dos EUA
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segunda-feira, 14 de dezembro de 2020
MARINA DIAS
WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - Os delegados do Colégio Eleitoral dos EUA se reúnem nesta segunda-feira (14) em seus respectivos estados para escolher formalmente Joe Biden como o 46º presidente americano.
Depois de 41 dias do pleito, esta é ainda a penúltima etapa do longo e vagaroso processo para chancelar a vitória do democrata à Casa Branca.
A votação começou ao meio-dia de Brasília (10h na capital americana, Washington) em quatro estados --Indiana, New Hampshire, Vermont e Tennessee-- e vai prosseguir por todo o dia.
Biden foi declarado eleito pelas tradicionais projeções da imprensa americana em 7 de novembro, após alcançar os 270 votos necessários no Colégio Eleitoral, sistema indireto que escolhe o presidente dos EUA.
Nesta segunda, portanto, os delegados do colegiado formalizam os votos dos 50 estados mais o Distrito de Columbia, onde fica a capital Washington.
Biden será eleito porque os votos dos delegados seguem a preferência mostrada nas urnas. Os resultados da apuração, certificados pelos estados, mostram que o democrata obteve 81,3 milhões de votos, ante 74,3 milhões de Trump --o que soma 306 delegados no Colégio Eleitoral ante 232 do republicano.
Os resultados certificados nesta segunda-feira serão enviados ao Congresso, que fará a contagem das cédulas em 6 de janeiro, numa sessão conjunta entre Câmara e Senado presidida pelo vice-presidente do país, Mike Pence. Somente então Biden é declarado oficialmente eleito e segue para a posse, marcada para 20 de janeiro.
Tradicionalmente, a votação do Colégio Eleitoral é considerada uma mera formalidade, que desperta pouca ou nenhuma atenção dos americanos. Mas este ano foi diferente.
O processo acontece em meio à recusa do presidente Donald Trump em aceitar o resultado da eleição e de sua insistência na tese fantasiosa e sem provas de que o pleito foi fraudado.
O presidente e seus aliados pressionaram autoridades republicanas a ignorar o voto popular em estados em que Biden venceu por margem pequena, na tentativa de que eles indicassem seus próprios delegados para favorecer Trump no Colégio Eleitoral. Apesar das pressões, não há disposição política, mesmo entre republicanos, para subverter o processo democrático do país, e o resultado desta segunda não deve ter nenhuma surpresa.
Biden pretende fazer um pronunciamento à nação ainda nesta noite, logo após a votação do colegiado.
Com a diferença de fuso-horário nos EUA, o processo deve durar o dia todo. Os primeiros estados começam a votação ao meio-dia (horário de Brasília), enquanto a maioria votará na parte da tarde.
Com 55 delegados, a Califórnia é crucial para Biden marcar os 270 votos necessários para a vitória, e seus delegados se reunirão somente às 19h de Brasília. A vitória do democrata, assim, só deve ser confirmada depois desse horário.
Os integrantes do Colégio Eleitoral são figurões dos partidos democrata e republicano, escolhidos nas eleições primárias. Eles votam para presidente e vice-presidente por meio de cédulas de papel.
Segundo as regras regionais, 33 estados e o Distrito de Columbia exigem que seus delegados escolham o candidato que teve a maioria do voto popular no estado, enquanto outros 17 não vinculam seus delegados ao voto popular, o que significa que eles poderiam votar no candidato que quiserem.
A probabilidade de delegados infiéis, porém, é praticamente nula, já que eles são integrantes do establishment partidário e comprometidos com as regras do jogo.
Eles se reúnem em local escolhido pelo Legislativo estadual, geralmente na capital do estado.
De acordo com o jornal The New York Times, este ano Nevada é o único estado que vai realizar sua reunião de forma virtual, em razão da pandemia do coronavírus.
Depois da votação, os delegados contam as cédulas e certificam os resultados por estado -estes são enviados ao Congresso, que tem a chance de apresentar objeções na sessão em 6 de janeiro.
Essas contestações, porém, precisam ser chanceladas pelas duas Casas -como a Câmara tem maioria democrata, é tida como nula a chance de os parlamentarem barrarem a oficialização da vitória de Biden.
Trump não reconheceua derrota, tem dificultado a transição de poder para a equipe do democrata e insiste, sem apresentar provas, que venceu a eleição.
O presidente, porém, já perdeu inúmeros processos judiciais para tentar reverter o resultado do pleito e encontrará nesta segunda a barreira constitucional para sua cruzada até agora fracassada: o prazo legal para resolver queixas sobre a apuração termina justamente com o envio dos votos dos delegados do Colégio Eleitoral para Washington, o que deve marcar o republicano como um presidente de um mandato só.