Clonagem de macaco abre polêmica
PUBLICAÇÃO
domingo, 16 de janeiro de 2000
France Presse
De Washington
A clonagem de um macaco do tipo rhesus pela simples divisão de um embrião não apresenta problemas de ética e permitirá grandes avanços na medicina, dizem especialistas. O macaco Tetra, nascido em setembro, é o primeiro primata clonado a sobreviver vários meses, destacou o professor Anthony Chan, do Centro de Primatas de Beaverton (Oregon, EUA), principal autor do estudo publicado na sexta-feira na revista Science. Na opinião dele, este nascimento e principalmente o fato de o animal estar em boa saúde, prova que o procedimento utilizado para a criação desta macaca fêmea é satisfatório.
Ao contrário da célebre ovelha Dolly, Tetra não foi clonada a partir de uma célula animal adulta. O que fizemos foi simplesmente repetir o que faz a própria natureza durante o nascimento de gêmeos. A equipe do professor Chan utilizou um embrião composto por oito células. Depois o dividiram em quatro grupos de duas células cada um, que primeiro foram colocados em óvulos vazios e, finalmente, implantados separadamente em fêmeas do tipo rhesus.
Esta técnica, utilizada pela primeira vez com êxito em primatas, levantou novamente a questão ética. Estamos muito preocupados, com esta experiência, disse Sophia Kolehmainen, do Conselho por uma Genética Responsável. As pessoas vão pensar que é o grande momento de passar para a clonagem de seres humanos.
Os cientistas do Centro asseguraram que não tiveram a intenção de realizar uma experiência semelhante com humanos, respeitando as diretrizes do presidente Bill Clinton, que pediu aos cientistas para não ultrapassarem esse limite.
Mas a clonagem de um embrião humano foi registrada já no ano passado pelo jornal britânico Daily Mail. De acordo com a informação, cientistas americanos da empresa Advanced Cell Technology, de Massachusetts (EUA), conseguiram com sucesso produzir um embrião masculino composto de cerca de 400 células, incinerando-o dois dias depois.
Os investigadores afirmam que sua intenção é produzir tecido humano que poderia ser utilizado para atender pacientes afetados por diversas enfermidades. Nesse sentido, o nascimento de Tetra, graças à divisão do embrião, é muito importante, já que nunca antes nasceram gêmeos de macacos tipo rhesus, animais utilizados com frequência para experiências em laboratório. Para estabelecer comparações realmente úteis na adequação de tratamentos, é necessário ter pelo menos dois exemplares idênticos.