Bauru - O Partido Comunista Chinês aprovou nesta quinta-feira (11) uma resolução em que lista grandes feitos de sua história e suas conquistas e consolida a autoridade de Xi Jinping à frente do regime. O relatório, publicado pela agência de notícias estatal Xinhua, é o resultado da sexta plenária do Partido Comunista. O evento começou na última segunda-feira (8) e reuniu cerca de 200 membros da legenda com direito a voto, mais cerca de 170 não votantes, para discutir os rumos da China.

Imagem ilustrativa da imagem China iguala Xi Jinping a Mao e Deng e pavimenta caminho para 3º mandato
| Foto: Walter Dhladhla/AFP

Segundo a Xinhua, o Comitê Central decidiu que a lição a se tirar da história do partido, que completou 100 anos em julho, é permanecer firme em todas as áreas, entre as quais a prioridade é manter a liderança do PC Chinês - a consolidação de Xi, descrito no texto como o principal fundador do marxismo da China contemporânea.

A plenária ocorreu a portas fechadas, mas o que já havia chamado a atenção para o evento foi o anúncio de que haveria uma "resolução histórica" - algo que só ocorreu duas vezes até agora. Na primeira resolução desse tipo, em 1945, em plena guerra contra o Japão, a legenda afastou correntes ideológicas dissidentes e definiu que se guiaria sob a liderança de Mao Tse-tung. Na segunda, em 1981, sob Deng Xiaoping, o plenário decidiu que passaria a condenar a Revolução Cultural do mesmo Mao, que perseguiu dissidentes, baniu tudo o que via como relacionado à burguesia e mergulhou o país no caos.

Assim, a terceira resolução teria o objetivo de consolidar Xi como o líder mais forte do regime desde Mao e pavimentar seu caminho para um terceiro mandato presidencial, depois que o país aboliu os limites para reeleição, em 2018.

O texto fala em "defender resolutamente a posição central do Camarada Xi Jinping no Comitê Central e no Partido como um todo". Além disso, defende a autoridade do próprio comitê "para garantir que todos os membros do Partido atuem em uníssono".

O partido tem como um de seus princípios um conceito conhecido como centralismo democrático. Isso significa que, a portas fechadas, o dissenso é permitido. Os integrantes do Comitê Permanente, por exemplo, podem discordar e até criticar Xi durante as reuniões do órgão. Mas, uma vez que se chega a um consenso, todos devem apoiar publicamente o que foi acordado - e reclamações não são toleradas.

Segundo a Xinhua, os mais de 350 participantes da reunião concordaram, em unanimidade, com o texto final da resolução, que destaca a atuação da China em diferentes aspectos - da resposta à pandemia de coronavírus à modernização das defesas e das Forças Armadas chinesas.

Em um trecho que menciona alguns dos desafios recentes enfrentados pela China, a resolução afirma que o Politburo, órgão máximo do Partido Comunista e do regime como um todo, conduziu o país "avanços significativos em todas as áreas". Entram nessa lista, além do combate à crise sanitária, a manutenção de um "bom ritmo" na economia, a autossuficiência científica e tecnológica, a luta contra a pobreza, a estabilidade social, os esforços de proteção ambiental e o enfrentamento aos desastres naturais - o país teve que lidar, por exemplo, com enchentes históricas que deixaram dezenas de mortos.

Além do reforço à autoridade de Xi Jinping, o Comitê Central do PC Chinês lista como prioridades o início de uma "nova jornada para construir um país socialista moderno em todos os aspectos"; a defesa do modelo conhecido como "socialismo com características chinesas e a integridade política (definida como o alinhamento à liderança do partido).

A resolução também reforça ideais como o "sonho chinês", termo frequentemente adotado por Xi em seus discursos e que simboliza o projeto político do Partido Comunista, e o "rejuvenescimento da nação, principal objetivo - slogan do partido. "Olhando para trás, para os esforços do Partido no último século, podemos ver por que tivemos sucesso no passado e como podemos continuar a ter sucesso no futuro", diz a resolução. "Isso garantirá que atuaremos com maior determinação e um senso de propósito mais forte para permanecermos fiéis à missão fundadora de nosso Partido."

Para manter o que os membros do Comitê Central descrevem como "jornada gloriosa" do Partido Comunista, a resolução determina que as principais tarefas de seus membros são a oposição "ao imperialismo, ao feudalismo e ao capitalismo burocrata".

Assim, recontam a história da China sob Mao Tse-tung que, de acordo com a resolução aprovada nesta segunda, pôs fim ao "domínio de exploradores sobre os trabalhadores", ao "estado de total desunião da velha China", aos "tratados desiguais" impostos ao país por potências estrangeiras, e a "todos os privilégios de que gozavam as potências imperialistas nas nossas terras".