São Paulo - A cinco dias do início da COP26, a conferência do clima da ONU, a China anunciou um novo plano para promover energias renováveis e combustíveis menos poluentes de modo a garantir o começo da redução de emissões de carbono até 2030, anunciou nesta terça-feira (26) o governo Xi Jinping.

A meta do governo chinês é atingir o pico de emissões até o fim desta década, de maneira que as emissões caiam gradativamente até 2060, quando o regime comunista prometeu atingir a neutralidade de carbono.

A ideia é chegar com mais estofo na COP26, que começa neste domingo (26) em Glasgow, no Reino Unido. A China é a maior emissora de dióxido de carbono do mundo - que provoca o efeito estufa -, com cerca de 28% das emissões globais. Hoje, 60% da produção de energia elétrica do país depende de carbono.

Outros países também têm se apressado para fechar acordos e elaborar planos para ter o que mostrar em Glasgow. Na última semana, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, prometeu, na Colômbia, um pacto regional em toda a Amazônia para reduzir o desmatamento e proteger terras indígenas. A OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) anunciou também um acordo entre permite proibir a concessão de créditos à exportação para centrais termelétricas convencionais a carvão.

Entre essas promessas, gerou ceticismo o anúncio de países do Golfo de atingir a neutralidade de carbono até 2060, como a Arábia Saudita, maior exportadora mundial de petróleo cru, ou o Bahrein.

O anúncio chinês de medidas para acelerar a redução de poluentes vem no mesmo momento em que o país passa por grave escassez de energia, com uma série de apagões - o que provocou impactos inclusive na economia brasileira. Com a proximidade do inverno, a China tem justamente aumentado a produção de carvão para garantir o abastecimento nos meses de frio.

Na última semana, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reformas informou que autorizou em setembro a exploração em 53 minas para aumentar a capacidade de produção de carvão em 220 milhões de toneladas por ano, incremento de 6% na produção do país.

Relatório publicado nesta terça pela OMM (Organização Meteorológica Mundial), ligada à ONU, apontou que 2020 foi o ano mais quente já registrado na Ásia, com temperatura 1,39ºC superior à registrada no período entre 1981 a 2010. As mudanças climáticas pesam também no bolso, e só a China perdeu US$ 238 bilhões no ano passado, segundo o estudo da OMM.

É por isso que o país tem anunciado medidas para reduzir a poluição. Entre as ferramentas anunciadas pelo governo estão elevar a capacidade eólica e solar para 1.200 gigawatts até o fim da década, construir mais hidrelétricas e usinas nucleares e desenvolver o uso de gás natural.

Novas barragens de hidrelétricas devem ser construídas nos cursos superiores dos rios Yangtzé, Mekong e Amarelo. Em relação a energia nuclear, a China pretende implementar reatores de pequena escala, com tecnologias de nova geração.

Já os setores industriais que usam energia de forma intensiva, como a indústria siderúrgica e de materiais de construção, deverão melhorar a eficiência energética e aumentar as taxas de reciclagem, diz o documento. Na última semana, o governo disse que pelo menos 30% da capacidade de produção nesses setores de uso intensivo de energia deverão atender a padrões rígidos de eficiência energética até 2025.

A capacidade de refino de petróleo primário será limitada a 1 bilhão de toneladas por ano até 2025, diz o documento. Empresas petroquímicas serão incentivadas a ajustar as fontes de energia, substituindo carvão por eletricidade e gás natural.

O governo diz ainda que planeja administrar o consumo de petróleo e gás "ajustando gradualmente o uso da gasolina" e defendendo biocombustíveis e combustíveis de aviação sustentáveis, em substituição aos métodos convencionais. Refinarias e analistas chineses avaliam que o consumo de diesel no país já atingiu o pico, enquanto a demanda por gasolina deve chegar ao auge entre 2025 e 2028.