Líderes políticos e técnicos lançaram ontem em Roma uma campanha internacional para sensibilizar a opinião pública sobre as terríveis consequências da mutilação sexual das mulheres, praticada em numerosos países pobres, inclusive na América Latina.
O chefe de governo italiano, Giuliano Amato, abriu a campanha para defender ‘‘os direitos dos que não os têm’’. ‘‘Os direitos fundamentais da pessoa não podem ser impostos de cima para baixo ou por decreto’’, afirmou Amato. Junto com o primeiro-ministro italiano, especialistas e líderes mundiais pediram uma ‘‘ajuda’’ para ‘‘mudar a vida’’ de milhões de mulheres do continente africano, mas também da China, da Índia, de outros países da Ásia e de algumas aldeias da América Latina.
Cento e trinta milhões de mulheres no mundo, às quais a cada ano se somam 2,2 milhões, são vítimas de várias formas de mutilações sexuais.
Segundo o informe do Alto Comissariado para os Direitos Humanos das Nações Unidas, no leste do México e no Brasil assim como no Peru, em particular entre os Conibos, parte da aldeia indígena de Pano, a nordeste, são praticados rituais durante os quais são introduzidos objetos nas jovens ou são feitos os cortes do hímen quando têm a primeira menstruação.
Na Somália, em Serra Leoa e Mali, mais de 90% das mulheres sofreram excisões, amputações ou extirpações durante a infância, como a ablação do clitóris ou dos lábios da vulva, em nome de tradições ancestrais.