SÃO PAULO, SP - O primeiro grupo de estrangeiros moradores da Faixa de Gaza começou a deixar o território sob ataque de Israel nesta quarta (1º) para o Egito, após um acordo mediado pelo Qatar entre os governos de Tel Aviv e do Cairo.

"Ainda não há brasileiros na lista divulgada hoje", disse o embaixador brasileiro na Cisjordânia, Alessandro Candeas. "Acredito que em breve novas listas serão publicadas, e espero que nossos brasileiros estejam nelas", disse, afirmando que isso poderá acontecer nesta sexta (3).

A primeira leva, segundo o Itamaraty, terá cidadãos da Austrália, Áustria, Bulgária, Finlândia, Indonésia, Jordânia, Japão e República Tcheca, além de pessoal da Cruz Vermelha e de ONGs. Eles começaram a sair por Rafah, posto na fronteira sul com o Egito, por onde passa ajuda humanitária limitada.

Ao menos 320 pessoas deixaram o território, segundo a agência de notícias Reuters, que coloca em 7.500 os possíveis evacuados.

O arranjo se soma ao anúncio feito na véspera pelo Hamas de que 81 feridos graves em ataques israelenses poderiam deixar a área. Segundo o governo egípcio, os 76 primeiros pacientes já deixaram Gaza. Cerca de 40 ambulâncias estão na região fronteiriça, um hospital de campanha para casos urgentes foi montado e unidades médicas nas cidades de Sheikh Zuweid e Al Arish, mais distantes, foram mobilizadas.

Gaza está sendo atacada fortemente desde que o Hamas, grupo palestino que administra a região desde 2007, promoveu a mega-ação terrorista contra Israel no dia 7 passado. Desde que isso aconteceu, centenas de estrangeiros moradores do território com 2,3 milhões de habitantes tentam sair pelo posto de Rafah, sem sucesso. Eles se concentram na cidade e em locais como Khan Yunis, a 10 km dali, assim como palestinos.

Entre eles estão as 34 pessoas que o Itamaraty registrou para repatriação, um contingente que tem variado ao longo das semanas. Segundo o mais recente balanço de Candeas, 24 delas são brasileiras, 7 palestinas em processo de imigração e 3, parentes próximos deste último grupo.

Estão em duas casas alugadas pela embaixada em Rafah 18 pessoas (9 crianças, 5 mulheres e 4 homens), enquanto quatro apartamentos de famílias em Khan Yunis abrigam 16 (9 crianças, 5 mulheres e 2 homens). Parte do grupo, 19 pessoas, estava reunido em uma escola católica de Gaza antes de ser transferido para o sul do território.

Por ora, segundo Candeas, todos ficarão onde estão. Um ônibus está de sobreaviso para levar o grupo de Khan Yunis a Rafah assim que houver autorização de saída.

Em vídeo gravado por celular divulgado na terça, a estudante brasileira Shahed al-Banna, 18, afirmou que as dificuldades para comprar água e comida estavam crescendo dia após dia. O carregamento de celulares é feito por meio de baterias improvisadas alimentadas por painéis solares, e lenha vem sendo usada para cozinhar itens mais simples.

Até aqui, o Brasil já repatriou 1.413 pessoas que estavam em Israel, incluindo três cidadãos bolivianos. A operação mobilizou oito voos da Força Aérea e encerrou sua fase inicial na semana passada. Nesta quarta, outros 33 brasileiros que estavam na Cisjordânia decolaram de Amã, na Jordânia, para também retornar ao Brasil - a chegada do voo estava prevista para a madrugada desta quinta (2).