Washington - O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que manterá o cronograma de retirada do Afeganistão, apesar dos ataques que deixaram ao menos 72 mortos nos arredores do aeroporto de Cabul nesta quinta (26). Ele citou nominalmente o EI-K, braço afegão do Estado Islâmico, como suspeito de ter realizado o ataque, e prometeu vingança.

Imagem ilustrativa da imagem Biden mantém retirada do Afeganistão e promete vingança a autores do ataque
| Foto: Jim Watson/AFP

"Não vamos perdoar, não vamos esquecer. Vamos caçá-los e vamos fazê-los pagar", disse Biden, em discurso na Casa Branca". Ele prometeu continuar com a operação de retirada de americanos e aliados do país, e que o ataque não irá mudar os planos. "Os americanos não serão intimidados."

Biden elogiou o heroísmo dos militares americanos mortos, e disse entender a dor de suas famílias. O presidente perdeu o filho Beau, que serviu no Iraque e teve um câncer no cérebro após retornar aos EUA. "Jill e eu tivemos uma sensação parecida de como as famílias devem estar se sentindo, como se houvesse um buraco negro no peito".

O grupo Estado Islâmico reivindicou a autoria das explosões, ocorridas em meio à retirada das forças americanas do Afeganistão nesta quinta (26). Houve ao menos 60 vítimas fatais afegãs. O governo americano disse que 12 militares do país morreram, e 15 ficaram feridos - no que pode representar, segundo a agência Reuters, um dos mais mortais ataques às forças dos EUA em 20 anos de guerra. Foi a primeira morte de militares americanos no Afeganistão desde fevereiro de 2020.

Um porta-voz do Talibã publicou um comunicado no Twitter em que diz "condenar veementemente" o atentado, "ocorrido em uma área onde as forças dos EUA são responsáveis pela segurança". O grupo disse ainda que "presta muita atenção à segurança e proteção de seu povo", O EI-K, cujo nome faz referência à região de Khorasan, é um adversário declarado do Talibã.

Antes do discurso de Biden, o chefe do Comando Militar americano, o general Kenneth McKenzie, havia prometido vingança. "Estamos trabalhando muito duro para determinar a autoria, quem está associado a esse ataque covarde e preparados para agir contra eles. Estamos 24 horas por dia, 7 dias por semana em busca deles", afirmou.

Em discursos anteriores, o presidente disse que o país continuaria a combater o terrorismo, mas que apostaria mais em ações pontuais do que em ocupações de longo prazo, e havia dito que operações assim poderiam ser feitas no Afeganistão se fosse necessário.

O democrata é criticado pela forma como a retirada americana do país está sendo feita. Em 15 de agosto, o governo afegão que era apoiado pelos EUA foi derrubado pelo grupo fundamentalista Talibã. Depois disso, o aeroporto de Cabul viu cenas de caos, com pessoas invadindo a pista do aeroporto para tentar embarcar nos aviões que partiam - incluindo jovens que caíram do trem de pouso de um cargueiro levantando voo.

A cinco dias do fim do prazo, os EUA não tem certeza de quantas pessoas ainda precisarão ser retiradas. Biden havia dito que ninguém seria deixado para trás e que poderia estender o prazo de 31 de agosto caso fosse necessário. Após ameaças do Talibã e alegando risco de atentados do grupo terrorista Estado Islâmico, no entanto, o democrata manteve a data limite com o uso dos cerca de 6.000 militares ainda na capital.

Nesta semana, britânicos, alemães e franceses pressionaram para estender o prazo final, mas o Talibã se mostrou irredutível. O grupo fundamentalista islâmico afirmou que irá permitir que afegãos que se considerem sob risco e ocidentais que tenham perdido o prazo de 31 de agosto para deixar o país asiático o façam depois, por meio de voos comerciais - que não têm ocorrido desde que o grupo tomou Cabul.