Washington - O presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou novas sanções contra a Rússia nesta quinta (24), em resposta à invasão da Ucrânia. Haverá restrições envolvendo transações do governo russo em moedas estrangeiras, barreiras para o acesso russo a novas tecnologias e medidas contra os maiores bancos do país.

No campo militar, o democrata deixou claro que as tropas americanas irão se limitar a proteger o território de aliados da Otan, aliança militar da qual a Ucrânia não faz parte. "Nossas forças não vão para a Europa para lutar na Ucrânia, mas para defender nossos aliados da Otan. Os Estados Unidos vão defender cada polegada do território da Otan, com toda a força do poder americano", prometeu.

Movimento foi intenso no metrô de Kiev após o início dos ataques
Movimento foi intenso no metrô de Kiev após o início dos ataques | Foto: Daniel Leal/AFP

A Otan deve se reunir na sexta (25) para definir seus próximos passos sobre a crise. Segundo as agências de notícias Reuters e AFP, os EUA enviarão mais 7.000 militares americanos para a Europa, de modo a reforçar a segurança dos países da aliança militar.

A Rússia decidiu atacar a Ucrânia na quinta-feira, naquilo que Kiev e a Otan (aliança militar ocidental) chamaram de invasão total. É a mais grave crise militar na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, e a maior operação do gênero desde que os Estados Unidos invadiram o Iraque, em 2003.

Veículos militares patrulham praça da Independência na capital ucraniana
Veículos militares patrulham praça da Independência na capital ucraniana | Foto: Daniel Leal/AFP

Os bancos não poderão mais fazer negócios com empresas americanas e terão seu patrimônio nos EUA congelado. As quatro maiores instituições atingidas somam, juntas, US$ 1 trilhão em ativos.

O pacote de medidas dificultará investimentos e empréstimos estrangeiros a várias empresas russas, incluindo a Gazprom, maior companhia energética do país, que atua na produção de gás. Prevê ainda limitar o acesso da Rússia a produtos importados de alta tecnologia. A expectativa é que isso faça com que os russos percam a capacidade de aprimorar seu poder militar.

Houve também punições contra alguns integrantes da elite russa e a Belarus, por permitir que a Rússia use seu território em operações para invadir a Ucrânia. Punições diretas contra o presidente russo Vladimir Putin, que ainda não foram adotadas, também estão em debate.

Biden anunciou as medidas em um discurso na Casa Branca. "Vamos limitar a capacidade da Rússia de fazer negócios envolvendo dólares, euros, libras e ienes", disse, sem dar detalhes, citando as moedas dos EUA, União Europeia, Reino Unido e Japão.

No entanto, o próprio Biden admitiu que as sanções terão pouco efeito imediato. "Ninguém espera que sanções vão prevenir alguma coisa de acontecer. Elas levam tempo. Ele [Putin] não vai dizer: 'Ai meu Deus, estas sanções estão vindo, vou embora'", ironizou, ao ser questionado por jornalistas. "Impor sanções e ver o efeito das sanções são duas coisas diferentes. E agora vamos vê-lo começar a sentir o efeito. As sanções excedem qualquer coisa que já tenha sido feita. São profundas. Vamos conversar daqui a um mês e pouco para ver se estão funcionando".

Militares preparam-se para tentar impedir ataque russo em Lugans
Militares preparam-se para tentar impedir ataque russo em Lugans | Foto: Anatolii Stepanov/AFP

No discurso, o líder americano fez ataques ao presidente russo. "[Vladimir] Putin é o agressor. Putin escolheu essa guerra e agora ele e seu país suportarão as consequências", alertou, em tom enérgico.

"Putin cometeu um ataque aos princípios que dão suporte à paz global. Essa guerra nunca foi motivada por preocupações com a segurança. Foi motivada pelo desejo de Putin por um império, por quaisquer meios necessários. (...) Ele tem ambições muito maiores do que a Ucrânia. Ele quer reestabelecer a antiga União Soviética", disse Biden. "Vamos garantir que Putin se torne um pária na arena internacional."

O presidente também disse que há "uma ruptura completa" nas relações entre EUA e Rússia neste momento, e que não tem planos de conversar com Putin.

Biden ressaltou que o repúdio aos atos de Putin une neste momento EUA, Europa, Japão, Austrália e mais países. Mas, perguntado se pediria a China para pressionar a Rússia para parar a invasão, respondeu: "Não estou preparado para comentar isso no momento".

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O governo dos EUA passou semanas alertando que a Rússia pretendia invadir o país vizinho. A pressão americana para que isso não ocorresse, no entanto, não funcionou, e Putin enviou tropas ao país vizinho nesta quinta (24).

Na noite de quarta (23), Biden conversou com o presidente ucraniano Volodimir Zelenski por telefone. Pouco depois o início da invasão, a Casa Branca divulgou um comunicado do presidente, no qual ele considerou o ataque como premeditado e injustificado. "A Rússia sozinha será a responsável por perdas catastróficas de vidas perdidas e sofrimento humano", afirmou.

Sergey Bobok/AFP 

Míssil deixou completamente destruída casa nos subúrbios da cidade de Carcóvia
Sergey Bobok/AFP Míssil deixou completamente destruída casa nos subúrbios da cidade de Carcóvia | Foto: Sergey Bobok/AFP

Na manhã de quinta, Biden se reuniu com o Conselho de Segurança Nacional para discutir a situação na Ucrânia e depois participou de um encontro virtual com os líderes dos países do G7, que inclui, além dos EUA, Alemanha, Canadá, França, Itália, Japão, Reino Unido e União Europeia.

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