Atos na França arrefecem, e 157 são presos após atos de vandalismo
Embora os distúrbios tenham sido menos intensos, a polícia voltou a registrar episódios de violência
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segunda-feira, 03 de julho de 2023
Embora os distúrbios tenham sido menos intensos, a polícia voltou a registrar episódios de violência
Folhapress
São Paulo - No primeiro sinal de alívio para o governo Emmanuel Macron após a série de protestos na França, o número de manifestantes presos por atos de vandalismo diminuiu neste domingo e na madrugada desta segunda-feira (3). Segundo autoridades, 157 pessoas foram detidas, cifra bem inferior às 719 da noite anterior.
Embora os distúrbios tenham sido menos intensos, a polícia voltou a registrar episódios de violência. Ao menos três agentes de segurança foram feridos em confrontos com manifestantes, que destruíram 297 veículos e provocaram incêndios em 352 pontos de vias públicas, de acordo com balanço divulgado pelo Ministério do Interior. Além disso, uma delegacia e um quartel foram atacados.
O incidente mais grave ocorreu na comuna de Saint-Denis, perto de Paris. Um bombeiro de 24 anos morreu ao tentar apagar um incêndio em um carro atacado por manifestantes. "O jovem morreu apesar de ter sido tratado rapidamente", lamentou o ministro do Interior, Gérald Darmanin, sem associar o caso aos protestos. Ele também anunciou a abertura de uma investigação - a causa da morte não foi esclarecida.
A revolta explodiu após a morte de Nahel, 17, de origem argelina, baleado durante uma abordagem de trânsito em Nanterre, na terça (27). Em protesto, milhares de manifestantes incendiaram carros, saquearam lojas e atacaram prefeituras, delegacias e escolas.
Até aqui, os distúrbios causaram danos de ao menos - 20 milhões (R$ 105 milhões), segundo estimou a autoridade regional de transportes nesta segunda-feira. O órgão disse que pelo menos 39 ônibus foram incendiados em Paris e nos arredores.
Os distúrbios já representam a crise mais grave para Macron desde o movimento dos "coletes amarelos", em que milhares protestaram contra o reajuste das taxas sobre o combustível, em 2018. Numa tentativa de arrefecer a crise atual, dezenas de prefeitos convocaram uma mobilização para esta segunda diante das sedes dos governos municipais. O objetivo, disseram, seria dialogar com a população numa "mobilização cívica em busca do retorno à ordem".
"Os graves distúrbios registrados desde 27 de junho atacam com violência símbolos da República, como prefeituras, escolas, bibliotecas e a polícia municipal", diz comunicado conjunto dos prefeitos. Para manifestar a rejeição aos atos de violência, todas as administrações tocaram suas sirenes ao meio-dia no horário local (7h em Brasília).
Macron, que cancelou uma visita de Estado à Alemanha no final de semana, recebeu nesta segunda os presidentes das duas Câmaras do Parlamento. Nesta terça, ele deve conversar com aproximadamente 200 prefeitos, e a primeira-ministra Élisabeth Borne prometeu "grande firmeza" na repressão aos atos.
A violência na França, que sediará a Copa do Mundo de rúgbi neste ano e os Jogos Olímpicos no ano que vem, preocupa autoridades estrangeiras. Vários países aconselharam seus cidadãos a não viajarem para as áreas afetadas pelos distúrbios.
As cenas lembram os distúrbios que abalaram a França em 2005 após a morte de dois adolescentes perseguidos pela polícia. Naquele ano, o balanço de três semanas de manifestações foi de aproximadamente 10 mil veículos destruídos, mais de 200 edifícios públicos incendiados e 5.200 pessoas detidas.