Guarulhos, SP - Robert E. Crimo III, 22, o homem acusado de matar seis pessoas e ferir dezenas a tiros durante celebração do dia da Independência dos EUA nos arredores de Chicago, era um rapper local e membro de uma família conhecida na pequena cidade de Highland Park, onde o crime ocorreu nesta segunda-feira (4).

Ataque a tiros ocorreu na pequena cidade de Highland Park, nos arredores de Chicago
Ataque a tiros ocorreu na pequena cidade de Highland Park, nos arredores de Chicago | Foto: Jim Vondruska/Getty Images North America/AFP

O jovem, que atualmente estava desempregado, publicava conteúdos no Youtube e outras plataformas e não teria dado sinais à família de que poderia realizar ações como essa, disse um tio de Crimo à rede CNN. "Ele é um garoto quieto, sozinho, guarda tudo para si."

Os conteúdos publicados por Crimo, que foi detido pela polícia, foram excluídos da internet pelas plataformas responsáveis. Mas jornais americanos que acessaram os vídeos antes de serem deletados os descreveram como repletos de indícios de violência armada.

LEIA TAMBÉM

+ Número de ataques provocados por atiradores nos EUA dobra em três anos

Em um de seus vídeos que contabilizava mais notificações, intitulado "Are you Awake" (você está acordado), uma animação mostra um homem atirando com um rifle. Em outro, "Toy Soldier" (soldado de brinquedo), um personagem aparece deitado de bruços em uma poça de sangue, cercado de policiais, segundo descrição da CNN.

Paul A. Crimo, o tio do jovem, afirma que seu irmão havia concorrido à Prefeitura de Highland Park e tem boas relações com muitos na cidade. Crimo era conhecido como "Awake The Rapper". Não está claro se o jovem tinha afiliações políticas.

Bennett Brizes, que se tornou amigo de Crimo por volta de 2015, disse ao "Washington Post" que ele era "apolítico" e que, quando questionado sobre episódios atuais da política, o amigo apenas respondia "cara, eu não sei". Os dois perderam contato em 2019, mas Brizes descreve Crimo como alguém que estava deprimido e era descrito como estranho pelos demais.

O ataque na pequena Highland Park foi o 309º tiroteio em massa e o 15º episódio do tipo neste ano que deixou múltiplos feridos nos Estados Unidos, segundo dados do Gun Violence Achieve, projeto que desde 2013 monitora diariamente a violência armada no país.

O governador de Illinois, onde fica a cidade, J.B. Pritzker, pediu em comunicado que as pessoas orem pelas famílias que foram diretamente afetadas pelo episódio. Mas ele, um democrata, logo advertiu: "Orações sozinhas não vão encerrar o terror da violência armada no nosso país; nós devemos e vamos acabar com essa praga".

O estado tem a sexta lei de segurança de armas mais rígida dos EUA e a nona taxa de posse de armas, de acordo com a ONG Everytown for Gun Safety, que advoga pelo maior controle das armas de fogo. Há, por exemplo, checagem de antecedentes para a compra de revólveres.

"Ainda que um líder na promulgação de leis de prevenção de violência armada, Illinois continua a experimentar uma taxa inaceitável de violência, perto da média nacional", diz a ONG. A explicação, afirma, estaria no fato de o estado estar cercado por regiões com leis muitos mais fracas, como Indiana. "Uma parcela enorme de armas traficadas e recuperadas em Illinois foi comprada fora do estado", informa o site.

Há pouco menos de um mês, o governador Pritzker sancionou uma lei que proíbe a venda e a posse das chamadas "armas fantasmas" – aquelas sem número de série que, geralmente, são vendidas desmontadas, o que ajuda a driblar a burocracia. "Aqueles que criam, vendem e compram essas armas sabem que estão trabalhando para contornar as leis que asseguram que armas de fogo ficarão longe de traficantes e abusadores", disse ele na ocasião.

Receba nossas notícias direto no seu celular! Envie também suas fotos para a seção 'A cidade fala'. Adicione o WhatsApp da FOLHA por meio do número (43) 99869-0068 ou pelo link wa.me/message/6WMTNSJARGMLL1.