O ataque iraniano contra Israel, no último sábado (13), gerou preocupação mundial e pedidos de moderação ante o risco de uma escalada de consequências imprevisíveis em uma região onde reina a incerteza há mais de seis meses pela guerra entre Israel e Hamas em Gaza.

"A campanha [de bombardeios iranianos] ainda não acabou, devemos permanecer em estado de alerta", afirmou o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant. "Junto com Estados Unidos e outros aliados, conseguimos defender o território do Estado de Israel", acrescentou.

A República Islâmica lançou no sábado o seu primeiro ataque direto contra Israel, marcando uma grande escalada do conflito entre os dois inimigos regionais e tendo como pano de fundo a guerra entre o Exército israelense e os combatentes do Hamas na Faixa de Gaza.

Teerã ameaçou repetidamente responder ao bombardeio do seu consulado em Damasco, em 1º de abril, um ataque que atribuiu a Israel e no qual sete integrantes do Exército de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês) morreram, incluindo dois generais.

Israel garantiu que o ataque deste sábado "foi frustrado", enquanto o chefe das forças armadas iranianas, Mohammad Baghari, louvou uma operação que alcançou "todos os seus objetivos".

O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, advertiu que qualquer resposta "temerária" de Israel a seu inédito ataque com mísseis e drones levaria a uma resposta militar "decisiva e muito mais forte".

QUASE 100% DE DISPAROS INTERCEPTADOS

O porta-voz militar israelense, Daniel Hagari, disse que 99% dos drones e mísseis foram interceptados com a ajuda de Estados Unidos, Jordânia e outros aliados.

O Exército israelense indicou que o Irã lançou cerca de "300 drones assassinos, mísseis balísticos e mísseis de cruzeiro", mas que apenas alguns mísseis balísticos "entraram e atingiram levemente" uma base militar, que segue em operação.

Por outro lado, a agência oficial de notícias iraniana Irna reportou "graves danos na base aérea mais importante do Negev", no sul de Israel.

Os bombardeios iranianos deixaram 12 feridos, segundo os militares israelenses, entre eles uma menina de sete anos, detalhou um centro médico.

O Hezbollah libanês e os rebeldes huthis do Iêmen, ambos aliados do Irã, também realizaram ataques em paralelo contra Israel.

O Exército israelense indicou neste domingo que bombardeou um edifício do Hezbollah no leste do Líbano, sem deixar vítimas.

Jornalistas da AFP relataram ter ouvido várias explosões em Jerusalém na manhã deste domingo, enquanto os moradores procuravam abrigo e estocavam água.

Israel, Iraque, Jordânia e Líbano reabriram o seu espaço aéreo após fechá-los durante a operação iraniana, chamada de "Promessa Honesta".

A Casa Branca indicou que os Estados Unidos não querem "que isto se intensifique" nem "uma guerra mais ampla com o Irã".

G7 CONDENA

A pedido de Israel, o Conselho de Segurança da ONU realizará uma reunião neste domingo. O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou o que classificou como uma "grave escalada".

O G7, que reúne as sete economias mais industrializadas do mundo, condenou de forma unânime o ataque iraniano e pediu "moderação" às distintas partes.

"Exigimos que o Irã e seus aliados cessem seus ataques e estamos prontos para tomar novas medidas agora, em caso de novas iniciativas de desestabilização", indicou o G7 - integrado por Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Japão - em nota.

REAÇÕES

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reafirmou na rede X seu "firme" compromisso com a segurança de Israel.

No Vaticano, o papa Francisco lançou um "apelo urgente" para deter "uma espiral de violência" que poderia "arrastar o Oriente Médio para um conflito ainda maior".

A União Europeia condenou o ataque, chamando-o de "escalada sem precedentes", e convocou uma reunião ministerial para a próxima terça.

Teerã convocou os embaixadores da França, do Reino Unido e da Alemanha devido às "posições irresponsáveis de alguns funcionários desses países em relação à resposta do Irã".

Na América Latina, Argentina, Chile e Uruguai condenaram a agressão e manifestaram sua preocupação com a escalada das tensões. Brasil e México pediram "contenção".

A Venezuela, por sua vez, atribuiu a deterioração da situação no Oriente Médio ao "genocídio na Palestina e à irracionalidade do regime israelense, assim como à inação" da ONU.

Já a China conclamou à "paz e estabilidade" no Oriente Médio, enquanto a Rússia, apelando à contenção, instou os países da região a "encontrar uma solução para os problemas existentes".

A Síria, aliada da República Islâmica, considerou que o ataque do Irã "é o direito legítimo à autodefesa" contra Israel.

HAMAS

O ataque iraniano coincidiu também com a rejeição pelo Hamas, segundo o Mossad, o serviço de inteligência externo israelense, de uma nova proposta de cessar-fogo em Gaza, apresentada por Catar, Egito e Estados Unidos, que permitiria também a libertação dos reféns detidos em território palestino.

A guerra entre Israel e Hamas explodiu quando combatentes do movimento islamista palestino mataram cerca de 1.170 pessoas em território israelense, a maioria civis, segundo um cálculo da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

Também fizeram 250 reféns, dos quais 129 permanecem em Gaza, incluindo 34 que se acredita que estão mortos, de acordo com as autoridades israelenses.

Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva implacável que já deixou 33.729 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas desde 2007.