Buenos Aires - O presidente argentino, Alberto Fernández, anunciou, na manhã desta sexta-feira (28), que o país chegou a um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a quem deve US$ 44 bilhões (R$ 236,7 bi). O montante é parte de uma dívida contraída na gestão anterior, de Mauricio Macri.

O acordo costurado pelo ministro da Economia, Martín Guzmán, será levado ao Congresso argentino
O acordo costurado pelo ministro da Economia, Martín Guzmán, será levado ao Congresso argentino | Foto: Ministério da Economia da Argentina/AFP

"Quero anunciar que chegamos a um acordo com o FMI", afirmou o presidente, em pronunciamento na residência de Olivos. O país confirmou que pagaria parcela da dívida que venceu nesta sexta, de US$ 731 milhões (R$ 3,9 bi). Em março ocorre o principal vencimento, cujo valor ainda está em negociação.

Fernández afirmou que o acordo "não restringe, nem limita ou condiciona os direitos de nossos aposentados de que recuperemos a nossa economia impactada pela pandemia". "Também não nos obriga a uma reforma trabalhista. Promove nosso investimento nas obras públicas e não nos impõe chegar a um déficit zero."

O presidente argentino acrescentou que o acordo não colocará em risco "nosso gasto social nem nossos pedidos de financiamento". Porém, afirmou que a dívida como um todo "é impagável sem arriscar nosso presente e nosso futuro".

O acordo, em que esteve trabalhando o ministro da Economia, Martín Guzmán, nos últimos meses em várias reuniões com o comando do FMI, será levado ao Congresso argentino para que seja aprovado. Depois disso, ainda será novamente avaliado pelo fundo.

Foi acordada uma redução gradual do déficit fiscal para chegar aos 0,9% em 2024. Em 2022, a meta é chegar a 2,5% do PIB. A Argentina também se comprometeu em reduzir a emissão monetária, um recurso amplamente utilizado durante os primeiros meses da pandemia, para aliviar o impacto na economia.

O programa acordado com o FMI durará dois anos e meio, e a cada três meses haverá revisões. Neste período, se prevê novos envios em modo "stand by" para que o país "crie as condições, em investimentos e na revitalização da economia, para pagar a dívida total", afirmou o ministro Guzmán.

O discurso foi carregado de mensagens políticas, onde se criticou muito o governo anterior por ter contraído a dívida. Houve, ainda, um pedido para que a oposição facilite o andamento das negociações, aprovando o acordado com o FMI no Congresso.