Acordos avançam para o caminho da Paz
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quarta-feira, 05 de janeiro de 2000
France Presse
De Jerusalém
Israel e os palestinos conseguiram ontem dois acordos sobre o processo de retirada militar israelense na Cisjordânia, conforme anunciaram os chefes das duas delegações à imprensa.
O primeiro acordo se refere a uma retirada de 5% da Cisjordânia, que deveria ter se realizado a 15 de novembro passado, segundo o acordo israelense-palestino de Sharm el-Sheikh, de 5 de setembro.
O segundo acordo rege uma terceira e última retirada militar israelense estabelecida pelo memorando de Sharm el-Sheikh, prevista para 20 de janeiro, sobre 6,1% da Cisjordânia.
Chegamos a um acordo satisfatório para as duas partes, afirmou o chefe da delegação palestina, Saeb Erakat, durante uma coletiva conjunta com seu colega israelense, Oded Eran. Os dois indicaram que o acordo será firmado esta noite (ontem) e aplicado dentro de 48 horas, com mais de seis semanas de atraso.
O presidente Arafat (da Autoridade Palestina, Yasser Arafat) e o premier Barak (israelense, Ehud Barak) estão a par deste acordo, disse Erakat, afirmando que os dois estadistas tinham dado instruções (aos seus negociadores) para concluí-lo.
Por sua vez, Oded Eran estimou que prepara o terreno para outras questões importantes relativas ao futuro das relações entre os dois povos. Trata-se de uma referência às negociações sobre o estatuto final da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, que ocorrem paralelamente às negociações sobre a aplicação do acordo de Sharm el-Sheikh, mas bloqueadas desde novembro.
O memorando de Sharm el-Sheikh prevê três retiradas militares israelenses na Cisjordânia. A primeira teve lugar no início de setembro, tal como estava previsto, mas a segunda se chocava desde 15 de novembro com a natureza das regiões que Israel queria evacuar de forma unilateral, apesar do rechaço palestino.
Nesse sentido, ignora-se se o acordo de ontem foi conseguido graças a concessões israelenses ou se, ao contrário, os palestinos acabaram por ceder, aceitando os mapas elaborados por Israel.
Em novembro, Arafat se negou a assinar os mapas que lhe foram apresentados por Israel para essa segunda retirada, alegando que as áreas que o governo de Barak havia decidido transferir para a Autoridade Palestina estavam muito pouco habitadas e não havia continuidade territorial entre elas.
Apesar das afirmações dos dois assessores, um desacordo quase pôs fim à negociação e resultou, inclusive, na retirada do presidente Bill Clinton, dos Estados Unidos. Com o impasse superado, Clinton retornou às conversações de paz entre Israel e Síria ontem com a esperança de colocar os dois antigos inimigos em um caminho de paz duradoura. Clinton planejava reunir-se com o primeiro-ministro israelense Ehud Barak e com o ministro de Relações Exteriores sírio Farouk al-Shara em uma conversa entre os três interrompida na noite de ontem devido a uma disputa em relação às questões que deveriam ser negociadas primeiro nesta nova rodada de conversações de paz.
O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, James P. Rubin, recusou-se a dizer como a disputa foi solucionada depois de uma solução ser finalizada em uma reunião entre a secretária de Estado Madeleine Albright e o premier Barak.