As primeiras imagens das cavidades pulmonares por ressonância magnética, com alta resolução e usando campo magnético moderado, acabam de ser obtidas por duas equipes de físicos do Centro Nacional de Pesquisas Científicas (CNRS), da França. O método, desenvolvido em conjunto pelos dois grupos, poderá ser empregado no diagnóstico precoce de doenças ligadas a obstruções crônicas das vias respiratórias ou em simples exames periódicos dos pulmões.
As imagens foram registradas graças a uma técnica original, que usa hélio-3, um isótopo do hélio com dois prótons e um nêutron no núcleo. O gás de hélio-3 é altamente magnetizado por bombeamento com lasers, pouco antes de ser inalado, para facilitar a detecção pelo equipamento de ressonância. A técnica permite ainda empregar um baixo campo magnético, e a alta resolução - decorrente do uso de pequena quantidade de gás magnetizado - pode ser comparada em qualidade à obtida em medicina nuclear através da cintilografia.
Método eficaz para visualizar diferentes órgãos internos e realizar vários tipos de diagnóstico, a ressonância magnética nuclear convencional não é adequada para os pulmões. Usando campo magnético elevado, os pesquisadores já haviam conseguido, em 1995, visualizar as cavidades pulmonares humanas, após a inalação de gás magnetizado. Os equipamentos clínicos atuais utilizam campos intensos porque dessa forma a ressonância magnética é mais bem detectada, obtendo-se imagens de maior qualidade.
Hoje, porém, o uso de lasers intensos permite obter uma magnetização quase total (80%) do gás, o que facilita o registro da ressonância nuclear, independentemente da intensidade do campo aplicada pelo equipamento de detecção. Assim, o aparelho pode utilizar um campo magnético moderado. Foi o que demonstraram as equipes da Unidade de Pesquisa em Ressonância Magnética Médica e do Laboratório Kastler Brossel, usando um registrador de imagens de 0,1 tesla (unidade de medida de campo magnético). O aparelho tem antena de emissão e recepção de sinais adaptada à frequência de ressonância do hélio-3.
O CNRS também desenvolveu e patenteou um processo para produzir em qualquer local o gás magnetizado necessário no exame, por bombeamento com lasers. Um sistema simples permite preparar em poucos minutos uma mistura gasosa inalável contendo pequena proporção de hélio-3 polarizado. O magnetismo da mistura, mil vezes menor que o do gás puro altamente magnetizado, é suficiente para emitir sinais de ressonância detectáveis.