Bruxelas, Bélgica - A crise do novo coronavírus (covid-19) provocou o cancelamento do maior evento global do setor de tecnologia, o Mobile World Congress. O anúncio foi feito na tarde desta quarta (12), depois que várias das maiores empresas desistiram de participar por causa da epidemia.

Gigantes do setor, como Amazon, Facebook, Ericsson, Cisco e Intel, entre dezenas de outras empresas, já haviam recuado da feira, marcada para de 24 a 27 deste mês em Barcelona, por não se considerarem capazes de garantir a saúde de seus funcionários e dos visitantes.

Nesta quarta, a lista foi engrossada por Nokia, Deutsche Telekom, Orange, BT e AT&T, precipitando o anúncio do cancelamento pela GSMA, associação das maiores companhias de telecomunicações, que organiza o evento. A decisão foi tomada em uma reunião do conselho antes prevista para sexta.

Havia a expectativa de que o evento fosse apenas adiado para o período da primavera, mas o comunicado divulgado pela associação não prevê a hipótese de congresso neste ano. "A GSMA e a cidade de Barcelona continuarão trabalhando em parceria para o MWC 2021 e futuras edições", diz a nota.

Eram esperados cerca de 100 mil pessoas e 2.800 expositores, além da criação de 14 mil vagas de trabalho temporário, na edição deste ano na cidade espanhola. Temas como inteligência artificial e o uso do 5G em internet das coisas, carros autônomos e indústria 4.0 seriam tratados em dezenas de palestras e demonstrações.

As últimas edições do congresso vinham sendo palco dos principais lançamentos de grandes companhias de tecnologia, com exceção da Apple. O cancelamento trará perdas estimadas em até 500 milhões de euros (perto de R$ 3 bilhões) para as empresas participantes e frustrará expectativas de receita da cidade.

A decisão da GSMA deve também abrir uma temporada de discussões sobre quem se responsabilizará pelas perdas financeiras. Os seguros não cobrem a hipótese de pânico por medo de contágio, segundo o jornal espanhol El País, principalmente quando não há alertas oficiais.

Autoridades de saúde dos governos local e federal vinham afirmando que nem Barcelona nem a Espanha apresentam risco de epidemia e que a cidade estava preparada para prevenir e tratar a doença.

Os organizadores também haviam anunciado no começo desta semana várias novas medidas de segurança, incluindo a proibição da entrada de participantes de Hubei, epicentro da epidemia, reforço na desinfecção dos locais de aglomeração e até orientação para que fossem evitados apertos de mão.