O credenciamento provisório de parques tecnológicos realizado pelo Separtec (Sistema Estadual de Parques Tecnológicos do Paraná) e pela Secretaria de Fazenda no mês de outubro mostra que o Paraná tem pelo menos 18 dessas estruturas que atendem aos critérios definidos pelo Sistema.

Três nova empresas devem se instalar no Parque Tecnológico Francisco Sciarra, os terrenos foram doados no final de outubro
Três nova empresas devem se instalar no Parque Tecnológico Francisco Sciarra, os terrenos foram doados no final de outubro | Foto: Codel/Divulgação

Em Londrina, conquistou o credenciamento provisório o Parque Tecnológico Francisco Sciarra. Ainda na região Norte, foi credenciado o Parque Tecnológico de Cornélio Procópio, no campus da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal). Maringá (Noroeste) teve dois parques credenciados e contará com um campus do Parque Tecnológico do Tecpar, credenciado em Curitiba.

O secretário-executivo do Separtec, José Maurino de Oliveira Martins, afirma que o Sistema foi criado devido a uma demanda de empresários que, em uma visita à superintendência, manifestaram que, quando precisavam fazer pesquisa aplicada, estavam buscando instituições de fora do Estado devido à dificuldade na relação com instituições paranaenses.

A partir de então, os parques tecnológicos passaram a ser um ponto estratégico do trabalho da Seti, por aproximar as universidades e instituições de pesquisa do setor produtivo. Na época, a superintendência começou a “investigar” os parques do Estado e descobriu 15 iniciativas no Paraná que ainda se encontravam muito “incipientes”, conta Martins. Assim, surgiu o projeto de criação de um sistema estadual de parques tecnológicos, como já existe no Estado de São Paulo.

Segundo Martins, o objetivo do sistema é identificar os parques tecnológicos já existentes no Estado e promover uma sinergia com pesquisadores, universidades, empresas e agências de fomento. O sistema irá acompanhar o nível de maturidade desses parques e oferecer o suporte necessário para o seu desenvolvimento. Para o secretário-executivo do Separtec, os parques tecnológicos são um ambiente favorável para que pesquisas realizadas nas universidades se transformem em negócios.

Quando o edital de credenciamento de parques foi lançado, foram identificadas 20 iniciativas, mas apenas 18 receberam o credenciamento provisório, com validade de dois anos, por atenderem três critérios estabelecidos pelo Separtec: estar vinculado a uma personalidade jurídica mantenedora ou personalidade jurídica própria (prefeitura, universidade ou setor privado, por exemplo); ter um master plan (planejamento); ter políticas de inovação; e ter uma articulação institucional mínima com empresas, ICTs (Institutos de Ciência e Tecnologia) locais, regionais, nacionais ou internacionais.

Para conquistarem o credenciamento definitivo, os parques terão de atender a outros nove critérios: localização e inserção urbana; profissionalização da gestão; integração com stakeholders (envolvidos nas pesquisas); infraestrutura de gestão; viabilidade técnica e econômica; estratégia de captação, gestão e aplicação de recursos junto às agências de fomento; critérios de seleção de empresas residentes; atividades inovativas; e relações de cooperação para o desenvolvimento tecnológico de inovação.

Os critérios foram definidos com a ajuda do Sebrae e de um professor da UFPR (Universidade Federal do Paraná), que fizeram uma pesquisa sobre as melhores práticas dos parques tecnológicos no mundo.

Segundo o secretário-executivo do Separtec, o credenciamento definitivo poderá ajudar os parques a terem acesso às ações do Estado voltados para os parques tecnológicos, como linhas de financiamento e capacitação. Nesse momento, os parques estão passando por monitoria para que consigam conquistar o credenciamento definitivo.

Por trabalharem com inovação e pesquisa, os parques tecnológicos geram postos de trabalho com maior valor agregado e retenção de profissionais, que permanecem na cidade em vez de buscarem empregos melhores nos grandes centros, observa Martins. A formação e retenção de mão de obra especializada também culmina na atração e investimentos.

FRANCISCO SCIARRA

“Muitas cidades estão trabalhando para criar seus parques tecnológicos. Londrina teve esta iniciativa há já quase 20 anos”, comenta Bruno Ubiratan, presidente da Codel (Instituto de Desenvolvimento de Londrina), que considera um parque tecnológico “uma grande alavanca para qualquer cidade que pretenda ser inovadora e rica”.

A doação dos terrenos para a instalação de três novas empresas no Parque Tecnológico Francisco Sciarra, em Londrina, aconteceu no final de outubro. Elas devem iniciar as obras para a sua instalação no local em um prazo de um ano, com conclusão em um período de três anos. O local já conta com infraestrutura de asfalto, galerias pluviais e energia. A entrega do Tecnocentro, que funcionará como um centro de desenvolvimento e inovação para empresas no interior do parque tecnológico, está previsto para acontecer em cerca de dez meses.

O parque também vai abrigar um laboratório de alimentos para pesquisa e desenvolvimento e certificação de produtos do gênero. “Entendemos que este parque deva ser o coração do nosso ecossistema, nossas verticais, algumas já maduras, como TIC e Saúde, e outras que crescem rapidamente como Agro, Metal Mecânico, Química e Materiais, além das recém-criadas Construção Civil e Economia Criativa”, conclui Ubiratan.

UTFPR

O Parque Científico e Tecnológico de Cornélio Procópio será construído em um terreno de 120 mil metros quadrados doado por uma família da cidade, próximo à BR 369, avaliado em R$ 36 milhões. O primeiro bloco deverá ser inaugurado no período de um ano e meio.

Segundo Felipe Haddad Manfio, diretor do parque, o local deverá se tornar o centro do ecossistema de inovação de Cornélio Procópio. O ambiente de inovação vai aproximar e criar uma sinergia entre as entidades do ecossistema, favorecendo o desenvolvimento econômico da região. “O parque é agregador do ecossistema de inovação. Se existe um espaço focado na inovação, há mais oportunidades de trazer o fortalecimento da economia, aproximar todas as entidades, criando uma sinergia e desenvolvimento para a região. Muito se discute qual o futuro da cidade. O parque vem criar um polo tecnológico, constituir e criar um ecossistema para atrair mais empresas e entidades.”

TECPAR

Maringá teve dois parques credenciados pelo Separtec, e deve ainda receber um campus do Parque Tecnológico do Tecpar (Instituto de Tecnologia do Paraná), credenciado em Curitiba. O Tecpar mantém Parques Tecnológicos em Curitiba, Araucária (Região Metropolitana de Curitiba) e Jacarezinho (Norte Pioneiro). A sua extensão em Maringá terá ênfase nas vocações regionais das áreas de saúde, agro e tecnologias sustentáveis.

Em Maringá, o parque do Tecpar foi uma demanda da sociedade civil organizada, e alguns dos critérios para a instalação é que a cidade tenha universidade e empreendedores. Haverá espaço para oito a dez empresas. Segundo Jorge Augusto Callado Afonso, diretor-presidente do Tecpar, estar em um parque tecnológico permite estar próximo a um ambiente de inovação e receber orientações técnicas e fomento.

MARINGATECH

O Maringatech começou como uma incubadora de empresas de TI (Tecnologia da Informação) e hoje se transformou em um Parque Tecnológico. Segundo Marcelo Farid, pesquisador da Incubadora Tecnológica de Maringá e diretor de Inovação da UEM (Universidade Estadual de Maringá), a incubadora nasceu nos anos 1990 para ajudar a fomentar a inovação em Maringá.

Uma das empresas do parque criou a partir de sobras da indústria flexográfica e de outros materiais plásticos para os quais ainda não existe processo de reciclagem blocos que podem ser utilizados para a construção de cercas de curral ou de trilhos de trem. “Mais de 50% do processo fabril (da indústria flexográfica) é resíduo”, afirma Alisson Adamo, diretor comercial da Ingá Tecsus.

PARQUE DE MARINGÁ

O Parque Tecnológico de Maringá vai materializar o setor de TI (Tecnologia da Informação) da cidade ao reunir, em um só espaço, as empresas do setor que estão espalhadas pela cidade, “escondidas” em prédios, opina o diretor de Inovação e Tecnologia da Seide (Secretaria de Inovação e Desenvolvimento Econômico de Maringá), César Rael. “Um ganho é na visibilidade. Outro ganho é a troca de experiências, conhecimento que se faz espontaneamente quando as empresas estão juntas”, afirma Rael.

O Parque deverá conter um prédio administrativo ocupado pela Software by Maringá, que congrega empresas de TI da cidade, onde deverá se instalar uma academia corporativa para a formação de mão de obra. Para o diretor, o fato de o Parque estar credenciado junto ao Separtec vai habilitá-lo a obter fomento para a construção de sua infraestrutura e crédito para as suas empresas, por exemplo.

Imagem ilustrativa da imagem Paraná tem 18 parques tecnológicos credenciados
| Foto: Folha Arte