Vice-presidente da Google, Phil Harrison, durante anúncio do Stadia na Game Developers Conference, em São Francisco (EUA)
Vice-presidente da Google, Phil Harrison, durante anúncio do Stadia na Game Developers Conference, em São Francisco (EUA) | Foto: Reprodução

Um lançamento da Google tem potencial de balançar o mercado de consoles e jogos em formato físico, afetando marcas como Sony, Nintendo e Microsoft. O Stadia, novo serviço de streaming de games da Google, vai permitir que os jogadores desfrutem de games em qualquer tela, do celular à TV, e com qualquer controle, desde que estejam conectados à internet. Isso porque a plataforma usa a rede de data centers da Google em todo o mundo, dispensando a necessidade de consoles ou PCs para jogar.

O anúncio do Stadia foi feito durante a Game Developers Conference, evento do setor realizado nesta semana em São Francisco (EUA). O objetivo da Google, segundo post divulgado no blog da empresa na terça-feira (19), é oferecer os games em resoluções até o 4K e 60 frames por segundo com som HDR e surround.

Ao lançar o Stadia, a Google vai unir dois tipos de público: aqueles que jogam e aqueles que gostam de assistir outros jogando. Criadores de conteúdo poderão jogar partidas ao vivo junto com espectadores, em uma função chamada Crowd Play. Outra ferramenta, chamada State Share, permitirá que os jogadores joguem um game a partir de um vídeo do YouTube.

“Um um mundo onde há mais de 200 milhões de pessoas assistindo conteúdo relacionado a jogos diariamente no YouTube, Stadia faz muitos desses jogos jogáveis com o apertar de um botão”, explica a Google em seu blog. “Se você assiste um dos seus criadores de conteúdo favoritos jogando Assassin´s Creed Odyssey, simplesmente clique no botão 'jogue agora'. Segundos depois, você estará correndo pela Grécia Antiga em seu próprio jogo/sua própria aventura – sem downloads, sem atualizações, sem patches e sem instalações.”

A Google criou um estúdio próprio de jogos para o Stadia - comandado por Jade Raymond, que criou games como Watch Dogs, da Ubisoft. Haverá ainda um controle próprio do Stadia, que terá botões específicos para gravar vídeos dos jogos ou pedir ajuda ao Google Assistant para consultar como passar de fase. Mas ainda não é certo que o dispositivo será disponibilizado no mercado, porque ainda não foi autorizado segundo as regras da Comissão Federal de Comunicações dos Estados Unidos.

Disponibilidade

O Stadia deve chegar ao mercado até o fim do ano nos EUA, Canadá, Reino Unido e na Europa. Não há data prevista para o Brasil.

Ainda não está claro, porém, como os jogadores pagarão para usar a plataforma. Analistas apontam que uma assinatura, nos moldes do Netflix ou do Spotify, é o modelo de negócios mais provável. Ainda não se sabe também quais e como serão os jogos disponíveis - em São Francisco, títulos de alto desempenho como Doom e Assassin's Creed surgiram entre as promessas.

Conectividade

Segundo a Agência Estado, o Stadia não chega sozinho ao mercado: Sony e Microsoft também devem lançar algo parecido este ano. O Xbox, plataforma da Microsoft, já possui um serviço de assinatura de jogos, mas que precisam ser baixados para jogar. Para Rafael Lagos, produtor e game designer do ITS (Innovation and Technology Square) - braço de desenvolvimento e pesquisa de tecnologias da Universidade Positivo –, a “grande sacada” o Stadia é o fato de ser streaming, ou seja, dispensa downloads e é processado enquanto o jogador joga. Mas, por esse motivo, dependerá de uma boa conexão de internet. Blogs de games já falam em velocidades de, no mínimo, 50 Mb e 130 Mb para jogos em 4K.

Jogadores casuais veem a plataforma com bons olhos, diz Lagos, já que o Stadia tem potencial de trazer uma disponibilidade maior de jogos. Para desenvolvedores de jogos, a plataforma também pode ser um bom aliado. “Como desenvolvedor, ter uma plataforma única, que distribui para todas as plataformas (celular, PC, TV...), é fantástico.” Mas jogadores de jogos competitivos, como Lagos, ficam com o pé atrás devido ao delay (atraso) que pode vir atrelado à plataforma, já que ela é streaming. Para esses, microssegundos de atraso na resposta aos comandos já fazem diferença. “Vai ficar limitado à questão da internet do usuário.”

Mídia física

Outros que estão preocupados são comerciantes que vendem consoles e games, como Rodrigo Marcondes Pereira. Ele diz acreditar que a plataforma, assim como outros lançamentos similares previstos, deverão atrapalhar os seus negócios. Mas o caminho do fim da mídia física é inevitável. “Mais cedo ou mais tarde vai acabar a mídia física. Aí vou ter que fazer outra coisa.” Por outro lado, sempre haverá aqueles que ainda preferem ter os jogos nas mãos, opina Pereira.(Com Agência Estado)