Primeiro foi o Super11, que sucumbiu aos ditames do mercado em meados de setembro, quando demitiu boa parte dos funcionários e teve o acesso gratuito encampado pelo IG. E há duas semanas, mais um bastião do acesso gratuito caiu. Os usuários da Netgratuita, ao entrarem em seu site, encontraram a seguinte mensagem: ‘‘A Netgratuita anuncia hoje, 10 de outubro, o encerramento de suas atividades. Mas isso não significa que você ficará sem provedor de acesso à Internet! O Universo Online (...) oferece aos usuários da Netgratuita um presente exclusivo: dois meses de acesso inteiramente grátis a todos os conteúdos fechados do UOL e a toda a Internet! A partir de hoje, você tem 30 dias para se cadastrar no UOL e ter acesso a esta oferta exclusiva.’’ Será o fim de uma tendência?
Para Caio Túlio Costa, diretor-geral do UOL, o fim do Netgratuita se deve a uma equação que não tem solução. ‘‘O modelo de receita do acesso grátis baseado em publicidade e e-commerce é definitivamente inviável, é uma conta que simplesmente não fecha’’, afirma.
Para ele, apesar do susto, o fechamento abrupto do serviço não vai repercutir mal entre os antigos usuários. ‘‘Até porque sempre tivemos uma posição clara, bem definida, em relação ao acesso gratuito’’, diz. ‘‘A idéia sempre foi inserir mais serviços junto a ele, como o e-mail inteligente, o controle familiar, acordos para melhorar o roaming... Além disso, estamos dando dois meses de graça para que o pessoal se ambiente.
Pode não ser o suficiente, em especial devido à campanha publicitária maciça que o concorrente IG deflagrou precisamente no dia do encerramento do Netgratuita, com anúncios estampados nos principais jornais do país convidando os internautas ‘‘sem-teto’’ a migrar para o IG.
Para o vice-presidente do Internet Group, Aleksandar Mandic, a queda do adversário só beneficia a empresa. ‘‘A posição do IG é confortável, até porque ele entrou no mercado com um outro projeto’’, diz. ‘‘O primeiro produto a aparecer foi o acesso grátis, mas ninguém sabia o segundo lance da partida: criar serviços pagos com a âncora da Internet grátis. O UOL e outros entraram nessa área para confundir o mercado, mas por trás do acesso gratuito deles não havia nada, ao passo que o nosso foi uma ferramenta de mídia para os serviços pagos.’’
Sobre a competição com o Netgratuita – que chegou a ser apontado em pesquisas como um dos melhores da rede –, Mandic não perdoa e reitera sua firme crença na estratégia do IG. ‘‘Se você não conseguir vencer o inimigo, faça com que a vitória lhe custe caro’’, alfineta. ‘‘No fundo, foi melhor para nós que eles entrassem nesse mercado. Hoje, estão mais descapitalizados que há seis meses. Mas não nos cabia fazer qualquer pronunciamento sobre isso. De novo: se o inimigo estiver errando, não o atrapalhe.’’