Sistemas de portarias remotas têm sido adotados por condomínios e empresas
Sistemas de portarias remotas têm sido adotados por condomínios e empresas | Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

O avanço de tecnologias digitais somado ao contexto de alta criminalidade e violência no Brasil manteve o setor de tecnologia para a segurança em crescimento e em busca de inovação, mesmo durante a crise econômica. O setor cresceu 8% em 2018 e viu seu faturamento superar os R$ 6 bilhões, segundo a Abese, que reúne fabricantes, distribuidores e prestadores de serviço de segurança eletrônica. Para 2019, o avanço esperado é de 10%. O interesse por produtos que possam auxiliar na segurança pública e privada tem atraído a atenção de grandes empresas e startups.

Selma Migliori, presidente da Abese, afirma que o setor passa por momento de otimismo, com mais de 90% das empresas com planos de oferecer algum produto novo neste ano.

Sistemas de portarias remotas têm sido adotados por condomínios residenciais ou comerciais e empresas para garantir maior segurança a moradores e funcionários. A portaria remota tira a necessidade da presença do porteiro no local - o atendimento é feito de maneira remota, a partir de uma central com vários atendentes. “Isso torna o processo um pouco mais lento, mas infelizmente a segurança vem na contramão da comodidade”, observa Ricardo Rennó, da empresa Porter, de Londrina.

A medida não só traz mais segurança ao funcionário, como também aos moradores, uma vez que direciona o atendimento a uma central com operadores que seguem à risca os protocolos e procedimentos de cada condomínio. Afinal, os atendimentos são gravados e podem ser auditados para garantir a segurança da operação, salienta Rennó.

Por meio do aplicativo da Porter, os moradores podem determinar quem pode entrar ou não no condomínio, e estabelecer datas e períodos permitidos para o acesso. Se o morador tem uma diarista que vai limpar o apartamento uma vez por semana, em um horário que o dono está fora, por exemplo, o acesso da profissional pode ser concedido através de tag, controle remoto ou QR Code programado para funcionar somente no dia e horário pré-determinados. O controle do acesso é feito pelo próprio morador, por meio de um aplicativo.

Segundo Ronaldo Zandomenighi, síndico profissional da administradora de condomínios Exclusiva, a garantia de que os protocolos de atendimento e de segurança serão seguidos pela empresa de portaria remota proporcionam mais segurança aos condomínios. “Temos dificuldades com porteiros físicos em seguir esses procedimentos. Muitas vezes, por conta de situações de estresse, por estarem sendo coagidos, eles tomam decisões erradas comprometendo a segurança de todo o condomínio”, exemplifica Zandomenighi.

Cerca de seis condomínios administrados pela Exclusiva utilizam a portaria remota, e o síndico profissional aponta que a tendência é que esse número aumente. “A procura tem sido maior em função dos assaltos que têm acontecido. É um mercado muito grande e promissor.”

A Porter tem 29 clientes da sua portaria remota na cidade e cresce cerca de 30% ao ano. Rennó estima que o mercado londrinense seja formado por 1.200 condomínios, sendo que 30% são potenciais clientes.

“A tecnologia hoje veio para melhorar a segurança da pessoa física”, aponta Anderson Souza, gerente de Projetos da Reinforce, empresa que oferece serviço de portaria inteligente em Londrina. Segundo ele, na empresa - que também oferece o serviço de portaria presencial - o número de clientes da portaria inteligente está se equiparando ao número de clientes da portaria presencial.

Armário inteligente permite que entregador deixe encomendas sem precisar entrar no condomínio
Armário inteligente permite que entregador deixe encomendas sem precisar entrar no condomínio | Foto: Divulgação

Ainda este ano, a Reinforce deve lançar também o serviço de armário inteligente, para que entregadores possam deixar encomendas em um locker, sem precisar entrar no prédio. Os moradores poderão fazer a retirada do pacote por meio do app da companhia. Isso, conforme aponta Souza, também deve eliminar a necessidade de os condomínios terem um funcionário disponível para receber encomendas e cartas.(Com Folhapress)

SEGURANÇA RURAL

A segurança patrimonial rural motivou uma startup, de Londrina, a criar um dispositivo que pode ser colocado em porteiras, cercas, galpões de insumos, etc para alertar o agricultor sobre possíveis invasões em sua propriedade. Trata-se de um equipamento baseado em IoT (Internet of Things ou Internet das Coisas) capaz de transmitir sinal a longa distância – 20 a 30 Km de raio - e com gasto mínimo de energia. Pedro Casagrande, sócio da Rex9 junto a Gustavo Okano, afirma que a bateria do dispositivo dura de um a dois anos.

Quando o dispositivo, que tem um acelerômetro, percebe um movimento na porteira, ele envia uma notificação ao produtor rural via internet celular ou rede celular, caso não haja sinal de internet disponível no momento. Se ainda assim o agricultor não recebeu a notificação, o sistema pode enviar o alerta a um familiar ou autoridade policial, por exemplo.

“O problema da segurança rural é um problema antigo. Os agricultores sofrem com isso e não têm o que fazer para cobrir uma área tão grande”, comenta Casagrande. Na sua visão, entretanto, o preço da tecnologia está ficando mais acessível e permitindo atuar nessa área. O projeto foi convidado no ano passado a integrar a Go SRP, incubadora de startups da Sociedade Rural do Paraná, e esse ano foi selecionada pela cooperativa Integrada para participar do seu programa de inovação aberta.

A ideia, no futuro, é que quando o sistema tiver um volume maior de dados, a Inteligência Artificial seja aplicada para entender melhor que tipo de notificação é entregue e lida com mais rapidez, para que esta forma de notificação seja priorizada nas próximas ocorrências, por exemplo.

DEFESA SOCIAL

Selma Migliori, presidente da Abese, afirma ver interesse especial da parte do setor público, grande cliente potencial para ferramentas do tipo. Nas eleições de 2018, o tema da segurança pública esteve entre os mais importantes, sendo uma das pautas principais do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

A Prefeitura de Londrina concluiu recentemente, através de uma empresa contratada, projeto para instalação de câmeras de segurança na cidade. O projeto prevê a instalação das câmeras em 56 imóveis de propriedade da prefeitura, mas sua viabilidade ainda será avaliada. O secretário de Defesa Social, o coronel Pedro Ramos, também propõe a instalação adicional de alarmes nos imóveis da prefeitura, a fim de otimizar o trabalho de segurança do município.

“Não temos condições de colocar um guarda municipal 24 horas em cada estrutura do município. Mas temos que dar segurança, e uma das alternativas é a segurança eletrônica”, pontua Ramos. O secretário conta que, recentemente, houve uma invasão a uma das escolas municipais da cidade. Mais tarde, foi possível saber, através do GPS, que uma viatura em patrulhamento passou em frente à escola bem no momento da ocorrência. Mas como a escola não tinha nenhum dispositivo de segurança que alertasse a Guarda Municipal sobre a invasão, a ação do invasor não pôde ser evitada.

A proposta é que os alarmes sejam acionados nos períodos em que os imóveis da prefeitura estão fechados. Assim, guardas municipais e viaturas podem ser alocados ou colocados em patrulhamento em pontos mais críticos da cidade, e deslocados aos locais das ocorrências quando o alarme é disparado. Com o uso dos dispositivos, que têm custo menor, as câmeras da prefeitura podem ser remanejadas e colocadas em pontos essenciais na cidade, sugere Ramos.

O PSI (Plano de Segurança de Instalações), que avalia os problemas de segurança dos imóveis da prefeitura e propõe a instalação dos alarmes, deve ser concluído em dez a 15 dias, afirma Ramos. Depois disso, será apresentado à prefeitura.