"Nós somos exploradores. Nós somos 'fazedores'. Nós somos Legal Hackers." Isso é o que diz a página do Legal Hackers, movimento composto por designers, empresário, advogados, defensores de políticas, pesquisadores, estudantes, professores e tecnologistas cujo objetivo, segundo o site oficial (legalhackers.org) é explorar e desenvolver soluções criativas opara problemas na intersecção entre o direito e a tecnologia. Agora, Londrina também passa a fazer parte do movimento.

Eduardo Jabur, advogado londrinense que ajudou a fundar o movimento na cidade: grupo plural e agenda para fomentar discussão sobre direito e tecnologia na região foram requisitos
Eduardo Jabur, advogado londrinense que ajudou a fundar o movimento na cidade: grupo plural e agenda para fomentar discussão sobre direito e tecnologia na região foram requisitos | Foto: Gina Mardones



O Legal Hackers é uma entidade sem fins lucrativos, sem hierarquia e aberta para todos, explica Eduardo Jabur, advogado londrinense que ajudou a fundar o capítulo do movimento em Londrina. Os capítulos globais do Legal Hackers realizam eventos regulares nas suas comunidades para que os seus membros possam aprender, compartilhar e colaborar com o tema de direito e tecnologia. Os eventos hackers podem incluir encontros informais, painéis e discussões, workshops, hackathons e etc.

"O objetivo (do legal hacking) é mudar e evoluir a lei de um lado para melhor servir os tecnologistas, empresas e sociedade, mas também potencializar a tecnologia para que advogados possam melhor servir aos seus clientes", diz o site oficial, citando o professor novaiorquino Jonathan Askin, um dos precursores do movimento em 2012. Segundo o site, o resultado do legal hacking pode ser uma solução de base tecnológica, uma melhoria na entrega de serviços jurídicos ou uma nova maneira de lidar com um problema de políticas públicas como proteção de dados, proteção intelectual ou economia colaborativa.

Alguns exemplos de ações já realizadas pela comunidade Legal Hackers em todo o mundo é a criação de ferramentas para ajudar vítimas de desastres, melhorar a acessibilidade na web para pessoas com deficiência e para aumentar o acesso de pessoas de baixa renda à justiça. Também já foram organizados workshops para ensinar a professores de direito a programação básica, ciência de dados e design thinking e realizados eventos sobre temas como inteligência artificial, blockchain, justiça criminal, crowdfunding, cibersegurança, proteção de dados, políticas para uso de drones, proteção intelectual, neutralidade de rede, dados abertos, economia compartilhada, startups de Direito.

ORIGEM
O Legal Hackers nasceu em 2012, em Nova York, no contexto do debate sobre o Sopa (Stop Online Piracy Act) e do Pipa (Protect IP Act), duas polêmicas leis propostas no Congresso dos Estados Unidos. Os projetos previam que as empresas poderiam trocar informações sobre usuários suspeitos de ferir direitos autorais. Além disso, incluíam punições para quem compartilhasse conteúdo pirata na web.

Na época, estudantes do Brooklyn Law Incubator & Policy (BLIP) Clinic e o professor Jonathan Askin se perguntaram como advogados poderiam alavancar as ferramentas e o espírito colaborativo e aberto da comunidade de tecnologia para antecipar e resolver problemas legais e políticos. Assim, os estudantes organizaram o primeiro hackathon de direito em abril de 2012, na Escola de Direito de Brooklyn, para depois formar o meetup de Legal Hackers que deu origem à primeira comunidade especializada em "hackear" a lei em Nova York. A partir daí, vários "capítulos" do movimento começaram a nascer no mundo todo. Hoje, existem capítulos do Legal Hackers em 75 cidades do mundo. No Brasil, são dez capítulos.

LONDRINA
"Quando eu vi que o Legal Hackers estava se propagando no País com vários capítulos pensei que Londrina poderia receber um também por ser polo de tecnologia, uma das maiores cidades do Sul do País e referência nesse tema", contou Jabur, que buscou o coordenador do movimento em Nova York e teve o seu respaldo para que um capítulo do Legal Hackers fosse fundado em Londrina.

Segundo ele, os únicos requisitos para que o Legal Hackers fosse fundado na cidade é que fosse um grupo plural e que tivesse uma agenda para fomentar a discussão sobre direito e tecnologia na região. O movimento começou com 16 membros entre advogados, empresários, estudantes, contadores e profissionais de TI (Tecnologia da Informação) e a agenda já será definida no início do ano, com programação de eventos para o restante do ano como treinamentos, cursos, hackathons, workshops e palestras a serem realizados em Londrina. Quem tiver interesse em participar do capítulo do movimento em Londrina pode entrar em contato com o grupo pelas redes sociais - Facebook e LinkedIn.