Imagem ilustrativa da imagem 'Fazer games hoje é infinitamente mais difícil'
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Apesar do avanço da tecnologia - ou por causa dela -, hoje é mais difícil de se fazer um jogo de videogame do que era há duas décadas. A opinião é de Ed Boon, 53 anos, um dos principais nomes da indústria dos games. Ele é co-criador da franquia "Mortal Kombat", que completa 25 anos -e que, quando surgiu, foi feito por apenas quatro pessoas, em oito meses. Hoje são 200 pessoas trabalhando [em um game] por dois anos, comparou em entrevista à reportagem por telefone.
Enquanto as primeiras versões tinham apenas luta, as versões atuais contêm modos de história, como um filme, o que torna o desenvolvimento muito mais complexo.
Boon é diretor da NetherRealm Studios, empresa que pertence à Warner, cujo foco atualmente está no Injustice 2, jogo de luta com super-heróis da DC Comics, como Batman, Mulher-Maravilha e Superman. Ele estará na "Brasil Game Show"maior feira do setor no País, que acontece em São Paulo entre os dias 12 e 15 de outubro.
Confira a entrevista a seguir:

25 anos de Mortal Kombat! O que mudou nesse tempo?
Tudo mudou. O processo de fazer jogos está completamente diferente. O primeiro jogo que fizemos envolveu quatro pessoas, por oito meses. E agora são duzentas pessoas em dois anos. Parece mais com a produção de um grande filme.

É mais difícil produzir jogos hoje?
É infinitamente mais difícil.

Por quê?
O patamar está mais elevado. Nosso primeiro jogo tinha sete personagens, lutando um contra um. E praticamente só isso. Hoje são mais de 30 personagens, gráficos mais sofisticados, 3D. É um processo muito mais elaborado e precisa de mais pessoas de especialidades diferentes.

O senhor acha que a mudança foi tão grande quanto em outros gêneros, como esporte, que se transformaram muito com o passar do tempo?
Se você pensar na ideia básica, de colocar um personagem contra outro personagem, a mudança é menor. Mas a apresentação ficou muito mais sofisticada. E hoje temos muito mais do que só a luta. Temos modos de história, como um filme, e isso foi uma das grandes coisas que diferenciaram nossos jogos, Mortal Kombat e Injustice, da concorrência.

O que esperar para o futuro? Temos muitas tecnologias despontando, realidade virtual...
As mudanças abrem oportunidades. A realidade virtual tem um potencial gigante para novas experiências. No geral, as tecnologias abrem novas portas. Por exemplo, não poderíamos ter feito nosso modo de história em 1992.

E os próximos jogos?
Certamente nossos jogos no futuro seguirão nessa linha, de tecnologias como essa que você mencionou. Elas possibilitarão coisas novas e em todos os nossos jogos sempre queremos fazer algo novo.

Quão difícil é isso de fazer algo novo toda vez?
É um desafio constante. Todo mundo faz jogos. Não só nós, mas também outros estúdios que estão sempre tentando melhorar. Temos que responder à pergunta na cabeça do jogador: Por que eu deveria me importar com o seu jogo com tantas opções? Então é uma constante luta para progredir, do contrário as pessoas esquecem que você existe.

Podemos esperar um novo jogo em breve?
Geralmente lançamos algo novo a cada dois anos. Lançamos o Injustice 2 em maio [deste ano]. Ainda não decidimos uma data, mas provavelmente não terá nada no próximo ano. Agora a prioridade é prestar suporte ao Injustice.

Mas não tem nada em desenvolvimento paralelamente?
Estamos sempre planejando algo. Sempre temos várias ideias em mente.

O que exatamente?
Não podemos discutir isso.

Devemos ver um crossover entre Mortal Kombat e algum outro jogo? Killer Instinct, Tekken, Street Fighter
Falamos muito sobre isso. Muitas pessoas que trabalham na nossa equipe são fãs de jogos de luta. E também gostamos da concorrência. Sempre achamos que seria divertido ver um jogo assim. Mas há muitos fatores envolvidos e questões difíceis, como definir quem vai desenvolver o jogo, qual sistema será a base, quem tomará as decisões finais. Muitos obstáculos.

Mas vocês estão ativamente tentando fazer isso acontecer?
Agora não temos nenhum plano para algo assim.

SERVIÇO
Brasil Game Show
De quinta (12) a domingo (15), das 13h às 21h
No Expo Center Norte, R. José Bernardo Pinto, 1.000, São Paulo
Ingressos de R$ 85 a R$ 400 no local ou em blueticket.com.br, esgotados para o sábado (14)