ReproduçãoCDs de Chico Cesar e Tim Maia: bons exemplos de interatividade. Apesar de não ser nova, tecnologia é pouco exploradaA multimídia é, hoje, um dos mais promissores mercados no Brasil. Dos cinco milhões de computadores - estimados - em uso no País, pelo menos dois milhões possuem kit multimídia. Este número tende a crescer a partir do momento em que novas tecnologias vão sendo incorporadas em progressão geométrica enquanto o custo cresce em progressão aritmética. A revolução do som e da imagem parece não ter limites. E, cada vez mais, novas áreas buscam a multimídia como arma para alavancar produtos e vendas.
Há tempos o mercado fonográfico descobriu que pode agregar valor a seus produtos com a multimídia. Desde 1995, gravadoras vêm lançando mão do recurso para diferenciar seus trabalhos. É o caso da Paradoxx Music, Fieldzz Discos, da Polygran e da Vitória Régia - gravadora do recém-falecido cantor Tim Maia -, entre outras. Cada uma já pôs no mercado CDs da família Enhanced-CD, que trazem uma faixa interativa, permitindo dupla utilização: além de rodar em CD-player comum, pode ser visualizada em equipamento multimídia.
A Paradoxx Music foi a primeira gravadora a utilizar o formato Mixed Mode no Brasil, seguindo a tendência do mercado norte-americano. Até o momento, já pôs no mercado mais de dez títulos com a tecnologia. Segundo o gerente de produtos do Departamento Internacional da Paradoxx, Philippo Croso, a gravadora quis manter a posição de inovadora oferecendo este recurso como um atrativo a mais para seu público. ‘‘A linguagem do videoclipe atinge particularmente nosso público que é formado por uma faixa etária mais jovem, que também é consumidora de produtos de informática. Incluir uma faixa interativa em um CD foi uma formar de diferenciar nossos produtos, tornando-os mais atrativos’’.
Para Croso, porém, a interatividade em CDs não pode ser vista como uma estratégia de vendas, já que não houve aumento significativo de vendas graças a este diferencial. ‘‘A tecnologia multimídia ainda não é tão acessível como a do próprio CD, que se popularizou nos últimos anos. Mas, para nós, é uma excelente estratégia de marketing. Mais uma vez a Paradoxx despontou como inovadora’’, afirma. Embora sem sentir resultados em termos de venda, Croso garante que este é um mercado em expansão e está nos planos da gravadora continuar investindo nele.
A empresa paulista CareWare Multimídia foi a primeira a disponibilizar no mercado brasileiro a produção dos Enhanced-CDs, que permitem a gravação das faixas de aúdio e a aplicação de multimídia em um único produto. Segundo o diretor da CareWare, Renato Oshima, dentro deste tipo de CD há dois formatos: o Mixed Mode e os CD-Extra. Os dois permitem que textos e imagens sejam aplicados em um CD convencional. O mais utilizado até o momento, no Brasil, é o Mixed Mode.
Segundo Oshima, as diferenças entre os dois formatos está na localização da faixa interativa e na leitura que o CD-player faz delas. ‘‘No Mixed Mode, a faixa interativa é a primeira. E o usuário apenas do aúdio tem que pular esta e ouvir o CD da segunda faixa em diante. Se não fizer isto, pode prejudicar o leitor ótico do aparelho’’, explica.
Esta dificuldade fez com que uma nova tecnologia fosse desenvolvida até chegar ao CD-Extra. ‘‘Neste, a faixa interativa foi jogada para o final e ficou ‘escondida’, de forma que o CD-player convencional não consegue enxergá-la. Assim, o usuário de aúdio pode até nem perceber que tem uma faixa interativa ali porque não prejudica o aparelho’’, diz.
A CareWare produziu para a Paradoxx Music e outras gravadoras vários CDs em formato Mixed Mode. Já no formato CD-Extra foram feitos cincos CDs apenas para a Vitória Régia, gravadora do cantor Tim Maia. O último disco do cantor, ‘‘Só Voc꒒, traz a faixa-título em duas versões: aúdio e CD-ROM, que pode se tornar uma boa lembrança do ‘‘síndico’’.
Embora a tecnologia venha fazendo sucesso no mundo inteiro, para Oshima, porém, os resultados no Brasil estão aquém do esperado. ‘‘Nós investimos muito em tecnologia, apostando num mercado em ascensão, o que acabou não se realizando’’, comenta. Segundo ele, acabou faltando talvez uma melhor comunicação, uma divulgação mais eficiente do produto por parte das gravadoras. ‘‘Se os próprios cantores soubesse que esta tecnologia está a disposição, a grande maioria iria querer incluí-la em seu trabalho’’, diz.
Além disto, Oshida acredita que outro fator está contribuindo para que não houvesse, até o momento, uma popularização dos Enhanced-CDs. ‘‘Uma grande parcela de empresários ainda está subestimando este mercado, que já não é pequeno e cuja tendência é crescer cada vez mais. Principalmente porque, do ponto de vista econômico, o investimento exigido para a produção de um CD deste tipo é praticamente o mesmo de um CD comum’’, garante.