Imagem ilustrativa da imagem Inovação no direito
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Gisele Ueno, diretora executiva da Hi-Law Consult e uma das fundadoras do Capítulo Curitibano do Legal Hackers: para ela o direito ou os advogados ainda não estão preparados para lidar com os avanços tecnológicos



A tecnologia já se aproxima do direito, trazendo à área diversas inovações. Prova disso são as lawtechs, startups da área do direito que, segundo mapeamento da Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs (AB2L), contabilizam mais de 100 no País. Mas é preciso fazer mais. "Temos inúmeros exemplos de ferramentas de gestão que facilitam a vida do profissional do direito (juristas, advogados, etc.), mas a tecnologia não se limita a isso, ela pode ser instrumento de inovação no Poder Público, até mesmo para criação de políticas e meios de desburocratização do acesso à justiça", diz Gisele Ueno, diretora executiva da Hi-Law Consult.

Ueno é uma das fundadoras do Capítulo Curitibano do Legal Hackers, movimento global sobre direito e tecnologia, junto a outras quatro pessoas (Claudio Navarro, Elenice Novak, Rhodrigo Deda e Rodrigo Marques). Em Curitiba, o movimento conta com 405 membros. Em todo o Brasil, são nove capítulos e mais de 1.500 membros. O Legal Hackers é composto por pessoas de diferentes formações acadêmicas e profissionais (direito, tecnologia, empreendedorismo, academia, etc.) de várias cidades do mundo que se reúnem para discutir e disseminar temas relevantes e atuais de tecnologia e impactos no direito, explica a fundadora.

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"Os temas de tecnologia interferem com grande relevância nas atividades dos operadores do direito e impactam em ferramentas que facilitem na execução dessas atividades, pensando nisso o movimento promove o diálogo dessas duas áreas a fim de encontrar/desenvolver medidas e soluções tecnológicas que desburocratizem o sistema legal."

Em Curitiba, o movimento tem atuado nas universidades, associações vinculadas à área de tecnologia e também na OAB/Paraná, por meio da comissão de Inovação e Gestão, afirma Ueno. "Essa relevância no cenário curitibano tem sido a receita de sucesso para disseminar, de forma efetiva, o tema e o movimento."

A fundadora participou recentemente de fórum internacional de direito e tecnologia em Nova Iorque (EUA). Ela foi a única representante brasileira a participar do evento. Para ela, o direito ou os advogados ainda não estão preparados para lidar com os avanços tecnológicos. Um dos principais problemas relacionados a isso está na ausência de tecnologia e disciplinas de empreendedorismo no currículo das universidades. "No meu ponto de vista, esse fator é determinante para que o profissional de direito tenha habilidade para buscar na tecnologia a solução de inúmeras mazelas sociais, incluindo o excesso de formalismo e burocracia que permeiam o exercício do direito." Na sua opinião, a inovação depende da liberdade de criação, algo que pode ser uma barreira no Brasil devido à insegurança jurídica e à falta de incentivo ao empreendedor.