O governo dos Estados Unidos ampliou nesta terça-feira, 4, as sanções econômicas contra Cuba. A partir desta quarta-feira (5), o Departamento do Tesouro americano proíbe o turismo de grupos à ilha, realizados por meio de viagens em cruzeiros, iates, aviões particulares e voos fretados.

A justificativa do secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, é de que "Cuba continua a desempenhar um papel desestabilizador na região, fornecendo uma plataforma comunista e apoiando adversários dos EUA em lugares como Venezuela e Nicarágua, fomentando a instabilidade, minando o estado de direito e suprimindo o processo democrático."

Cuba é acusada pelo governo americano de enviar tropas para a Venezuela para manter o regime do ditador Nicolás Maduro. Havana nega que tenha militares em Caracas.

Apesar de o turismo de cidadãos americanos em Cuba ser proibido por lei, caravanas "educacionais e culturais" tinham sinal verde para viajar ao país. Com a nova sanção, somente voos executivos entre os dois países serão permitidos, mantendo as chamadas "viagens familiares". Washington justifica a decisão afirmando que cidadãos cubano-americanos utilizam a rota para visitar parentes na ilha.

Ruptura

Desde 1962, os EUA aplicam um bloqueio econômico contra Cuba com o objetivo de forçar uma mudança de regime. Desde a chegada de Donald Trump ao poder, a Casa Branca tem reforçado medidas repressivas contra a ilha, revertendo a aproximação promovida pelo governo anterior de Barack Obama.

A abertura comercial entre os dois países durante a presidência de Obama, que reativou rotas aéreas e navais, beneficiou diretamente o turismo cubano. Entre abril de 2018 e abril deste ano, houve aumento de 93,5% de visitantes em Cuba. Destes, 55% chegaram à ilha em cruzeiros. Os canadenses são os que mais visitam Cuba. Os americanos vêm em seguida.

"Ir atrás da indústria de cruzeiros atrapalha mais do que qualquer coisa os cubanos que estavam se beneficiando de pequenos comércios nas áreas turísticas dos portos", afirmou Fernando Cutz, brasileiro que foi membro do Conselho de Segurança Nacional dos EUA.

De acordo com Cutz, os trabalhadores autônomos da ilha, chamados de "cuentapropistas", em certo momento foram prioridade da política externa americana. "Tentamos maximizar a quantidade de dinheiro que vai para o povo de Cuba, evitando ajudar o governo em si", relata Cutz.

Para John Kavulich, presidente do Conselho Econômico e Comercial EUA-Cuba, a medida "foca em dinheiro e comércio". "É uma estratégia a curto prazo para mudar a forma de governo em Cuba". Com a economia em crise desde o colapso do regime chavista, o turismo ainda é a segunda maior fonte de renda do país - atrás apenas das receitas com petróleo e gás. (Com agências internacionais).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.