As peças pré-moldadas são encaixadas e solidarizadas com aço e concreto de altíssima resistência permitindo mais velocidade à construção, menos funcionários na obra, menos exposição a riscos
As peças pré-moldadas são encaixadas e solidarizadas com aço e concreto de altíssima resistência permitindo mais velocidade à construção, menos funcionários na obra, menos exposição a riscos | Foto: Gina Mardones



Desde 2018, uma obra chama a atenção de quem passa pela avenida Ayrton Senna, na Gleba Palhano, em Londrina. Especialmente pela imensa grua que movimenta as peças pré-moldadas, considerada a maior já utilizada na cidade, com capacidade de carregar até 9,5 toneladas. O empreendimento, que nos últimos dias começou a ganhar forma, será um edifício corporativo de oito andares, mais térreo e três subsolos de garagem que totalizam 80 vagas. O sistema construtivo adotado é inédito na cidade. "São peças de um Lego", ilustra o imobiliarista Raul Fulgencio, responsável por reunir o grupo de oito investidores da edificação.

Imagem ilustrativa da imagem Um edifício em peças de encaixe
| Foto: Gina Mardones



A obra é executada pela CGE Engenharia e, como explica o engenheiro civil e proprietário da empresa, Gerson Guariente, o prédio será todo erguido em estrutura pré-moldada. "São realmente peças que se encaixam e que permitem mais velocidade à construção, menos funcionários na obra, menos exposição a riscos." Quando o empreendimento foi pensado a ideia era utilizar um sistema misto construtivo, parte no modelo tradicional e parte em sistema pré-moldado. "Tínhamos a experiência de um hotel que construímos em Maringá e planejávamos repetir."

Porém, quando apresentaram a proposta à empresa de pré-moldados Rotesma, sediada em Chapecó (SC), mas que possui uma unidade em Marialva (Noroeste), veio a surpresa: erguer o edifício totalmente em peças de concreto pré-fabricadas. "Surgiram as dúvidas da engenharia, então fomos conhecer obras de edifícios em execução. Só em Toledo, estão sendo construídos quatro ou cinco nesse modelo", conta Guariente.

O engenheiro não revelou a estimativa de custo da obra, mas garantiu que não apresenta diferenças significativas em relação ao de construções convencionais. O ganho está no adiantamento do prazo final em cerca de seis meses - o prédio deve ser entregue em setembro, totalizando 18 meses de construção. "Uma obra desse porte levaria no mínimo dois anos. Vemos o lado dos investidores que terão o empreendimento mais cedo para o mercado."

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| Foto: Gina Mardones



A tecnologia do concreto pré-moldado, continua ele, permite a montagem de lajes com vãos inteiros, com menos pilares, menos vigas, lajes mais resistentes com menos espessura. Diante das explicações bate aquela dúvida, aquela insegurança: se as peças soltas são montadas "como um Lego", o que garante a resistência desses encaixes? "São solidarizadas, são soldadas com aço e concreto de altíssima resistência" esclarece Guariente, complementando que há peças onde usa-se apenas o concreto, outras o aço e outras os dois produtos são necessários. "O nível de exigência de segurança que a empresa tem e leva isso a seus funcionários - que são os responsáveis pela montagem -, é muito rigoroso. Não sobra medo algum", garante.

Entre as vantagens, Guariente lista ainda o controle mais preciso de custos. "Hoje, temos o custo fechado, medidas impecáveis e uma qualidade de obra que não se consegue produzir no método convencional." Além de ser uma obra mais limpa. "Não tivemos de nos preocupar com madeiramento, pregos e todos os outros entulhos necessários para montar uma laje, por exemplo."

Para não dizer que não se utilizou nada da construção convencional, as fundações e contenções de divisas foram feitas de forma tradicional. Tijolos também não entrarão no fechamento das paredes. "Elas são compostas de painéis de concreto que fazem a fachada do prédio. O restante será vidro e revestimento em alumínio", explica. "A modelagem é bem diferente, não terá gente para reboco, só para acabamento de pintura."

Outra novidade está no acabamento de fiação e tomadas. A tecnologia de rodapés que está sendo utilizada traz espaços para esses materiais garantindo visual limpo às salas. Na divisão das paredes o material usado será o drywall, o gesso acartonado. Cada andar tem 350 metros quadrados e caberá ao proprietário de cada piso definir os espaços.

INOVAÇÃO

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| Foto: Gina Mardones



Sem esconder a satisfação com a obra, Guariente ressalta que, como parte de um grupo de estudos voltado ao planejamento estratégico de governança e inovação da construção civil de Londrina e região, a decisão pela nova tecnologia era quase que obrigatória. O grupo busca estimular e acolher a inovação na construção civil para inserir as empresas de Londrina e região na quarta revolução industrial, onde a tecnologia otimiza processos e impulsiona negócios. Ele já foi presidente e integra a diretoria do Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil) do Norte do Paraná.