Móveis e objetos se adaptam ao usuário
PUBLICAÇÃO
sábado, 19 de fevereiro de 2000
Betânia Rodrigues
De Londrina
Especial para a Folha
Na hora de decorar o ambiente, as peças personalizadas dão chance de fugir do convencional, aumentando o prazer dos moradores e garantindo estilo único
Ao contrário do que muitos pensam, a função do arquiteto não termina na entrega do projeto de um imóvel. Uma de suas habilidades é decorar o ambiente criado a fim de torná-lo mais agradável e funcional. A possibilidade de utilizar móveis e objetos personalizados é uma forma de alcançar este objetivo com mais eficiência. A exclusividade é a sua característica mais marcante.
Ao mentalizar a construção terminada, em geral o profissional sempre pensa nas formas e cores que completam a idéia do cliente. Possuir um móvel, um objeto, uma roupa ou mesmo um sapato de design único dá ao indivíduo a sensação de poder, disse o arquiteto Kleber Ferraz Monteiro, um apaixonado por móveis personalizados.
Sair da rotina e aumentar o prazer do ambiente são algumas vantagens na adaptação do móvel ao usuário. Na produção em série acontece o inverso. Quem é que não gosta de receber elogios pela decoração da casa ou do escritório? O único problema, segundo Monteiro, é que em alguns casos para manter esse capricho é preciso abrir mão do conforto.
Tudo vai depender da função a que o objeto se propõe. Uma cadeira, por exemplo. Se for de trabalho precisa ser bem confortável e resistente porque será utilizada durante horas seguidas. Por isso, nem sempre o design pretendido e o material necessário são capazes de atender as expectativas. Um sofá de madeira também não é o local mais adequado para um bom descanso, mas pode ser uma ótima opção de decoração para uma sala de visitas.
O monumental está dentro dessa categoria. Sua função é destacar-se do comum de uma maneira particular. Palácios, torres, repartições governamentais são alguns exemplos. A cadeira de um juiz dentro de um tribunal também. É um móvel trabalhado, de espaldar alto que se impõe por si só, afirma o arquiteto.
Como tudo que é raro é mais caro, os móveis personalizados são acessíveis a uma pequena classe econômica. É o luxo de expressar através do objeto um jeito especial de ver o mundo, de demonstrar um grau de conhecimento mais profundo sobre a arte e delimitar o espaço que o separa do banal.
Em seu escritório, Monteiro tem algumas peças que serviram de ensaio experimental. Adepto do minimalismo, ele prefere móveis de linhas retas, pequenos e monocromáticos. Mas, em 20 anos de carreira afirma que já projetou construções e móveis de diversos gostos.
De acordo com ele, hoje em dia a tendência é a união entre os estilos organicista e racionalista. O primeiro é representado pelo colorido, misto de formas, excesso de objetos que expressam a predominância da emoção. O racionalista é o oposto, mais moderno, prático e frio. A mistura do vidro e metal com a madeira, almofadas em tons neutros, vaso de poucas flores e pontos de iluminação discretos descrevem bem o ambiente desta fusão.
A cultura e a informação de uma sociedade se expressam por meio das construções e objetos. Num país onde o acesso ao conhecimento é mais fácil a variedade de estilos de vida é maior. A rapidez na comunicação exige igual agilidade da indústria que precisa de profissionais cada vez mais capacitados e criativos para atender a sede dos consumidores que só ganharão exclusividade nas mãos de artistas.