O setor imobiliário está entre os que se beneficiam automaticamente da busca pela diversificação e mais retorno nos investimentos
O setor imobiliário está entre os que se beneficiam automaticamente da busca pela diversificação e mais retorno nos investimentos | Foto: Ricardo Chicarelli



Passado o susto e os problemas causados pela mais grave recessão econômica já enfrentada pelo Brasil, o momento é de analisar o futuro, fazer projeções e, principalmente, diversificar os investimentos. Com inflação e taxa Selic baixas, os imóveis voltam a ser atrativos aos olhos de investidores atentos, que buscam mais rentabilidade em suas aplicações financeiras. O setor imobiliário é um dos principais beneficiários deste novo cenário econômico e a aposta de especialistas é de que a retomada do crescimento já ocorra a partir de 2018.

O palestrante e consultor financeiro, Luiz Gustavo Medina, esteve recentemente em Londrina, a convite do Grupo A. Yoshii, para falar sobre o mercado de investimentos no Brasil. Na ocasião, ele comentou que o País vive uma mudança de paradigma. "Pela primeira vez na história temos uma taxa básica de juros abaixo de dois dígitos de forma sustentável", justificou. Na avaliação do especialista, a tendência é que esse novo cenário gere uma pequena revolução na maneira como os brasileiros investem o próprio dinheiro.

"As pessoas foram acostumadas a ter 14%, 15%, 16% ao ano na renda fixa. A partir de agora, terão que se mexer caso queiram mais rentabilidade. Acabou a era do retorno sem risco", analisou. É por isso que alguns tipos de investimentos que ficaram um pouco esquecidos nos últimos anos devem voltar com força ao mercado. Esse ciclo de juros e inflação baixos, de acordo com Medina, pode se estender por 8 a 10 anos, dependendo da agenda econômica do próximo presidente da República, que será escolhido em 2018.

O consultor explicou que o setor imobiliário está entre os que se beneficiam automaticamente por essa busca pela diversificação e mais retorno nos investimentos. "O imóvel é, de longe, o investimento preferido da maioria das pessoas. Se fosse acessível a todos, com liquidez satisfatória, talvez a maioria só optasse por ele, pois é visto como confiável e seguro", apontou. A construção civil também é alavancada pela queda da taxa de juros. Assim como outros tipos de investimentos, o mercado de imóveis passou os últimos três anos, na melhor das hipóteses, estável. Houve, portanto, possibilidade de compra de bons ativos a excelentes preços.

Medina lembrou que a crise foi muito severa e prejudicou os negócios de muitas construtoras do País, algumas ficaram endividadas, sem poder de investimento. Isso deve causar, em cerca de dois anos, um desequilíbrio entre oferta e demanda, porque o ciclo da construção civil é longo, as empresas levam anos para levantar prédios. "Talvez a gente veja o inverso do que ocorreu em 2012, quando muitos imóveis ficaram prontos e aí veio a crise. A tendência é que as pessoas fiquem mais confiantes daqui para frente, otimistas com a economia, e aí se deparem com a falta de produto", projetou.

A grande questão, segundo o especialista, é saber qual o momento certo para investir. Medina disse que muitos investidores demoram a perceber quais ativos são "a bola da vez" e chegam atrasados. "A maioria das pessoas compra quando todo mundo está falando do assunto e muitos já ganharam dinheiro, ou seja, elas pagam a conta da festa", apontou. O segredo é antever-se. Claro que, neste caso, o risco é maior, mas o retorno financeiro na valorização do bem também será.

Ele comparou a situação econômica atual a 2001 e disse que, naquela época, se alguém dissesse em uma palestra que o País teria um crescimento de 10 anos no meio do apagão, atentado às Torres Gêmeas e fim do mandato de Fernando Henrique Cardoso, seria visto como um maluco. No entanto, a Bolsa se valorizou oito vezes, e os imóveis até seis vezes naquele período. "De novo, temos a oportunidade de fazer a coisa certa, provocar crescimento. Podemos ter outro longo ciclo e estamos apenas no primeiro ano", analisou.

ATENTOS AO MERCADO
Atento ao comportamento do mercado, o Grupo A. Yoshii prevê 12 lançamentos em todas as praças de atuação em 2018. O presidente da A.Yoshii, Leonardo Yoshii, afirmou que a incorporadora possui uma leitura otimista e enxerga uma retomada do crescimento do mercado imobiliário. Segundo ele, há no Brasil uma demanda reprimida de 2 milhões de unidades habitacionais. Houve uma lacuna na oferta de produtos durante o período de recessão, mas essa demanda continuou crescendo.

Yoshii destacou que, para o investidor que tem liquidez, o momento é bastante propício para apostar em imóveis, pois há a possibilidade de encontrar produtos de qualidade, com boa localização e preços atrativos. "Quando falamos em investimento imobiliário é importante olhar, principalmente, se o produto está adequado ao perfil da localização, e se esta gera potencial de valorização", orientou. Ambos os fatores implicam diretamente na valorização do produto.

Outra dica importante ao levar em consideração o investimento na planta é buscar uma empresa de credibilidade no mercado. "O produto tende a se valorizar mais e ter mais liquidez", justificou. Para o empresário, Londrina tem várias áreas com potencial de valorização, cada uma com uma vocação específica. O importante, apontou Yoshii, é fazer uma boa leitura de mercado. No caso das empresas, criar o produto certo, na localização e público-alvo corretos.

VALE A PENA COMPRAR NA PLANTA?
Quando se pensa em adquirir um imóvel, o investidor pode ficar na dúvida entre comprar um produto pronto ou ainda na planta, neste caso, a ser entregue em três ou quatro anos. Para o presidente da A.Yoshii, Leonardo Yoshii, a compra na planta é interessante por que cria uma disciplina de investimento. "Quando há um comprometimento de longo prazo, fazemos um planejamento financeiro familiar para cumprir esse compromisso. É a base para formar um patrimônio pessoal e familiar", avaliou.

Investir na planta também é vantajoso, segundo o empresário, porque é possível diluir o pagamento por mais tempo tornando o patrimônio mais acessível. "Cabe mais fácil no bolso e é possível negociar valores interessantes", completou. Outra vantagem, segundo o consultor financeiro Luiz Gustavo Medina, é que o investidor tem mais tempo para se organizar caso tenha outro imóvel para vender. O prazo também é interessante para aqueles que vão financiar o restante do valor. Dá para pesquisar as melhores taxas com calma e contratar a proposta mais barata.

"Via de regra, é o bem mais caro que as pessoas compram na vida. Portanto, se fizerem de maneira ordenada e inteligente, terão mais ganhos", pontuou Medina. Mesmo para quem já tem casa própria e quer investir em outro imóvel, o consultor financeiro disse que vale a pena financiar, principalmente se encontrar financiamento barato. Leonardo Yoshii lembrou ainda que a inflação baixa e a oferta de crédito acessível tendem a fomentar a economia e o mercado imobiliário voltará a aquecer. "Isso gera expectativa de demanda e boa rentabilidade", afirmou.

EXPECTATIVA DE FUTURO É POSITIVA, DIZ SINDUSCON
O cenário perfeito para a construção civil é a combinação de juros baixos e atividade econômica alta. Esta é a ponderação feita pelo presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Norte do Paraná (Sinduscon-Norte/PR), Rodrigo Zacaria. Hoje, a Selic está abaixo de dois dígitos, mas, segundo ele, o que impede de o setor ter um crescimento mais vigoroso é a atividade econômica ainda em recuperação. Apesar disso, Zacaria disse que as empresas já começaram a movimentar o mercado imobiliário com lançamentos.

Na avaliação de Zacaria, o que sustentou as vendas durante a crise foram as unidades lançadas dentro do Programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal. Apartamentos de dois quartos representaram mais da metade dos lançamentos e das vendas. "Mas já vemos empresas de grande porte lançando empreendimentos de três quartos e com valores bem acima do teto do programa", afirmou. Esse tipo de produto, aliás, foi o que mais "sofreu" durante a crise. Havia um estoque alto na cidade e certa dificuldade nas vendas.

Ele lembrou que o setor da construção civil acompanha o crescimento do País e que o deficit habitacional no Brasil aumenta cerca de 20% ao ano. Claro que a falta de moradia própria é maior nas classes mais baixas, mas faltam imóveis para pessoas de diferentes níveis sociais. Afinal, os filhos crescem e vão morar sozinhos ou casam-se, alguns trabalhadores migram de cidade. Como o ciclo do setor é longo, o cenário de recuperação da economia mostra, segundo Zacaria, que a hora de voltar a colocar produtos no mercado é agora.