Arquitetos paranaenses colocam em prática projetos desenvolvidos a partir de temas específicos. Os mais explorados são terceira idade e deficiência física
Uma verdadeira cidade está sendo montada dentro do Expo Trade – centro de exposições localizado em Pinhais, na Grande Curitiba. Cerca de 20 mil metros quadrados do pavilhão darão espaço à MovCon’2000 – Feira de Móveis, Decoração, Construção Civil & Jardinagem –, que abre nesta terça-feira, 24 de outubro.
Arquitetos paranaenses colocaram em prática projetos desenvolvidos a partir de temas específicos. Os mais explorados foram terceira idade e deficiência física. Três residências diferentes foram construídas a partir de um mesmo conceito: oferecer praticidade, segurança e conforto, para que pessoas com dificuldades possam executar tarefas do dia-a-dia, sem precisar de auxílio.
Para o diretor da MovCon, Carlos Eduardo de Campos Maia, até agora, o mercado desprezou o consumidor idoso. ‘‘Pesquisar os desejos e necessidades e procurar atender as pessoas da terceira idade será a nova tendência’’, afirma.
Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os idosos já representam 8,7% da população brasileira. ‘‘Em 20 anos, estima-se que este número triplicará – e o mercado começa a se preparar para atender o aumento de demanda’’, reforça Maia.
Os arquitetos e designers envolvidos nos projetos para este público são unânimes ao afirmar que pessoas com dificuldades – principalmente de locomoção – necessitam de condições especiais de moradia. E isso inclui pequenas e simples adaptações.
O primeiro ponto a ser considerado é a segurança. Pesquisas da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT) apontam que cerca de 80% dos acidentes com idosos acontecem dentro de casa. Por isso, os projetos Casa que Protege, Casa da Melhor Idade e Loft do Deficiente se preocuparam com todos os detalhes para garantir a máxima segurança dos moradores.
A Casa que Protege foi o projeto vencedor do 8º Concurso de Idéias Rubens Meister, promovido pela PUC-PR, em parceria com a Secretaria de Saúde do Estado do Paraná e com a SBOT. Desenvolvida por cinco alunas do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPR, a casa é um centro de atividades, onde o morador não encontra limites para fazer o que deseja – ler, pintar, cozinhar, plantar e receber amigos.
Neste projeto, os ambientes foram criados para gerar confiança ao morador. Para isso, as estudantes utilizaram barras de apoio que, aplicadas com design, se inserem no contexto de funcionalidade da casa. Essas barras podem ser visíveis ou disfarçadas em painéis, como podem ser observadas no quarto e corredor da Casa que Protege.
Já na Casa da Melhor Idade – projeto desenvolvido pelos designers Clécio Zeithamer e Reinaldo Vido – os móveis são o alvo prioritário das adaptações. As mesas têm bom equilíbrio e as cadeiras são fixas e sem braços. Sofás, poltronas e a cama possuem altura entre 40 e 50 cm do solo, para facilitar a locomoção do morador.
Outras pequenas adaptações incluem sinalizador na abertura do gás, pisos e tapetes antiderrapantes e portas e corredores com, no mínimo, um metro de largura, para permitir a passagem de uma cadeira de rodas, sem dificuldades.
A diferença da Casa da Melhor Idade está no design, que mistura recordações do mobiliário e acessórios de decoração antigos com uma estética contemporânea. ‘‘Idade não é velhice – e sim experiência’’, diz Clécio Zeithamer. ‘‘Precisamos modificar o conceito social do idoso, que é encarado como uma pessoa que mora numa casa velha e empoeirada’’, reforça Reinaldo Vido.
Em todos os imóveis voltados à deficientes e idosos, a regularidade do piso é de suma importância. O degrau, por menor que seja, dificulta a locomoção. Mas isso não quer dizer que a moradia tem que ser térrea. Para quebrar paradigmas, a arquiteta Andressa Cordeiro montou na MovCon o Loft do Deficiente, em dois andares.
O transporte entre o primeiro e o segundo pavimento é feito através de uma plataforma especial. No piso inferior está a garagem, jardim e espaço para lazer. Em cima, quarto, sala, cozinha e banheiro, integrados num só ambiente. ‘‘O objetivo é garantir o máximo de praticidade, sem deixar parecer que o morador é diferente das demais pessoas. Não fizemos uma casa-hospital, mas uma moradia comum, adaptada às condições físicas de um deficiente temporário ou permanente’’, explica a arquiteta.
A praticidade do loft foi conquistada com a utilização de uma estrutura metálica, que suporta grandes vãos sem pilares – facilitando a locomoção do morador.
Outro ponto forte do projeto é a iluminação. A arquiteta utilizou o recurso da luz indireta, abusando de abajures, luminárias e arandelas, que facilitam a manutenção, por estarem ao alcance das mãos.
Todos os recursos adaptados – desde pequenas mudanças na estrutura do imóvel, móveis especiais, até objetos de decoração – estarão em exposição e disponíveis para venda na MovCon’2000. No entanto, os profissionais envolvidos nos projetos aconselham introduzir as mudanças aos poucos, quando as dificuldades dos moradores aparecerem. Assim, cria-se um conforto psicológico ao usuário que possui maior dificuldade em aceitar as adaptações.
- MovCon‘2000, de 24 a 28 de outubro, no Expo Trade, em Pinhais (Região Metropolitana de Curitiba). De terça a sexta, das 16h às 22h e sábado, das 10h às 20h. Os ingressos serão distribuídos gratuitamente pelos expositores, entidades apoiadoras, profissionais participantes e patrocinadores. Mais informações no site www.fercus.com.br/movcon