ESG e o mercado imobiliário
PUBLICAÇÃO
terça-feira, 04 de abril de 2023
Isadora Ghiraldi
Como se sabe, ao longo dos anos o mercado imobiliário vem sofrendo grandes mudanças, principalmente quando se trata de sustentabilidade. Muitas empresas e incorporadoras começaram a buscar recursos que diminuíssem os impactos ambientais gerados pelo crescimento do mercado, inclusive, opções de investimentos sustentáveis e socialmente responsáveis.
Assim, ganhou espaço no mercado imobiliário brasileiro a prática conhecida como ESG, sigla em inglês que significa Environmental, Social and Governance, em tradução livre: Ambiental, Social e Governança, conhecida também no Brasil pela sigla ASG.
O conceito surgiu há mais de uma década através de iniciativa direta da ONU, juntamente com instituições financeiras de todo o mundo, inclusive do Brasil, após a publicação do Pacto Global em parceria com o Banco Mundial, titulada como “Who Cares Wins” (Ganha quem se importa). O objetivo principal foi encorajar a integração de critérios ambientais, sociais e de governança no mercado de capitais, buscando por operações mais responsáveis e por uma maior conscientização nas atividades empresariais.
No Brasil, com a pressão por parte dos investidores do mercado financeiro e Organizações Nacionais e Internacionais, a aplicabilidade do conceito ESG nas empresas vem crescendo de forma notável, principalmente no setor imobiliário, tendo em vista o relevante impacto gerado pela categoria nas três dimensões: Ambiental, Social e Corporativo. O objetivo principal do mercado é que as ações sejam efetivas nos três pilares, sem focar apenas nas vantagens financeiras/econômicas das empresas.
Por essa razão, muitas incorporadoras e construtoras já vêm implantando em sua rotina as boas práticas ESG, como: o gerenciamento correto de recursos naturais; a utilização de softwares para um maior controle do consumo de energia elétrica; água e destinação de entulho de obras; medição da emissão de carbono; o aproveitamento de energia solar; a criação de programa de gestão de riscos corporativos e controles internos; canal de denúncias para colaboradores; criação de comitê de ética e aplicação de políticas de diversidade no ambiente de trabalho.
Em recente levantamento elaborado pelo CTE (Centro de Tecnologia de Edificações) em parceria com a Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) foi identificada a satisfação das Incorporadoras e Construtoras, que vêm impulsionando o movimento. Das empresas ouvidas, 71% já cumprem com diferentes ações ESG e outras 29% estão em fase inicial de implementação. O que demonstra que a indústria imobiliária caminha para se tornar um exemplo de boa conduta e referência nas práticas da pauta ESG.
Sendo assim, por se tratar de um dos setores que mais causam impactos no meio ambiente e uma das atividades com maior emissão de carbono provenientes de edificações, é iminente que aqueles que atuem no segmento adotem medidas que possam contribuir com os desafios da sociedade contemporânea, conjuntamente e em sintonia com as demandas do mercado, para que, assim, haja o avanço social, governamental e ambiental que a indústria imobiliária brasileira e suas atividades correlacionadas vêm buscando.
Isadora Ghiraldi. Advogada e membro da Comissão de Direito Imobiliário e Urbanístico da OAB Londrina.

