CBIC divulga previsões para o ano 2000
PUBLICAÇÃO
domingo, 23 de janeiro de 2000
Ligia Barroso
De Londrina
O cenário de como andou a indústria da construção civil brasileira nos últimos 18 meses e quais as expectativas do setor para este ano é resultado do trabalho apresentado esta semana pela Comissão de Economia e Estatística da Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (CBIC) aos sinduscons do país. O estudo também foi enviado à comissão governamental nomeada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso no final do ano passado, conquista do Movimento Nacional em Defesa da Habitação e do Emprego, que levou dirigentes de entidades e representantes do setor ao Palácio do Planalto, em novembro, para audiência especial com o presidente da República.
Operando abaixo de sua capacidade produtiva e potencial de emprego, resultado direto da escassez de recursos alocados para o setor, a indústria da construção apresenta crescimento negativo desde o último trimestre de 1998 - naquele ano, o PIB do setor cresceu apenas 1,42%, contra quase 9% no ano anterior. E . Como a diminuição no ritmo da desaceleração só começou a ocorrer a partir do terceiro trimestre, a queda do PIB setorial acabou ficando em 3,5% no ano passado.
Como contrapartida aos baixos níveis de investimentos governamentais realizados no ano passado - os novos programas propostos pelo governo, como o PAR, Construgiro e o Avança Brasil, apenas começam a tangenciar as reais necessidades financeiras da construção - os construtores nacionais têm apostado no aprimoramento tecnológico e formação de parcerias estratégicas, como meio de ganhar eficiência, diluir custos e diminuir desperdícios. O uso de novas tecnologias físicas e organizacionais é hoje uma realidade para a grande maioria das empresas de construção, que estão cada vez mais preocupadas com o controle de todas as etapas do processo produtivo; com a adoção de novos equipamentos, materiais e produtos; com a redução de custos e o treinamento e qualificação da mão de obra, documenta o relatório.
Segundo a análise da CBIC, como a abertura econômica e o processo de privatizações e concessão de serviços públicos funcionam como uma atração dos investimentos externos, criando novas oportunidades de negócios, saber aproveitar estas oportunidades é um desafio para o setor nos anos à frente. Mais do que nunca os empresários da construção precisarão saber usufruir dos benefícios das inovações tecnológicas e organizacionais e apostar no treinamento da mão de obra, para adaptar-se rapidamente aos novos padrões de competitividade global. Portanto, a médio prazo, o que se vislumbra é uma qualificação mais dinâmica do setor. As estratégias setoriais incluem também mudanças nas relações com o fator trabalho, através de programas de qualidade total, educação e treinamento, prevenção de acidentes, ações de segurança do trabalho e redução da rotatividade, dentre outras. Na verdade, a Gestão da Qualidade em todos os níveis do processo de produção é uma variável chave na determinação da trajetória de crescimento do setor neste novo século, apontam os técnicos relatores.
Sendo assim, as perspectivas para a construção brasileira a partir de 2000 estarão na dependência direta da configuração da política econômica e do desempenho da economia nacional no contexto internacional. Estima-se um cenário de juros mais baixos e um maior crescimento da economia brasileira, o que faz crer que o setor poderá acumular neste mesmo horizonte temporal um desempenho econômico mais compatível com as suas fronteiras de possibilidades.
O relatório da CBIC aponta também as expectativas positivas para reverter a curva do gráfico (negativo) estatístico do setor: o processo de transformação do modelo de financiamento habitacional no país, a tendência de baixa na taxa de juros e a manutenção da estabilidade macroeconômica. A economia mais voltada para o longo prazo, compõe as condições favoráveis para um processo de financiamento habitacional menos regulamentado. Neste contexto, a captação compulsória de recursos e os subsídios tendem a perder espaço para a securitização hipotecária (mercado secundário de recebíveis) e o governo passará a desempenhar um papel mais indutor, deixando para o setor privado e para o mercado financeiro, já fortalecido e maduro, a formação de um funding destinado à habitação.Com desempenho negativo desde de 98, a indústria aposta no reaquecimento da economia para um crescimento de até 25% de novas unidades
Arquivo FolhaNOVOS PADRÕESPara compensar os baixo investimentos governamentais no setor, os construtores apostam em novas tecnologias e treinamento de pessoal
