Ligia Barroso
De Londrina
Mercado imobiliário local é favorecido pelo consumidor do meio acadêmico, já que o município transformou-se no novo grande pólo universitário do Estado
Mercado promissor para os que direcionam produtos ao mesmo nicho de consumidor – o público universitário –, também está sendo observado em Cascavel. Há muito o setor de compra, venda e locação de imóveis não registrava números tão otimistas quanto neste início de ano. Em fevereiro, o comércio de novos e usados atingiu a marca de R$ 10.680.304,50 – a maior dos últimos dois anos e, o mais incomum, registrada em um mês tradicionalmente considerado fraco na cidade para o ramo imobiliário.
A explicação para a mudança repentina do quadro, conforme Elso Luiz Thomann, delegado regional do Secovi, está diretamente ligada à transformação do município como o novo grande pólo universitário do Estado. ‘‘Nunca na história de Cascavel vendeu-se tanto para professores e acadêmicos’’, diz ele, acreditando que o meio acadêmico está se transformando em uma das grandes indústrias do município. ‘‘Somente a título de ITBI, o Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis, foram recolhidos (também em fevereiro) R$ 213.606,09. Com certeza este será o ano do setor imobiliário’’, comemora o delegado do Sindicato da Habitação.
Imobiliaristas argumentam ainda que a crescente vida universitária na cidade também está contribuindo para a valorização dos bairros em que as instituições de ensino encontram-se instaladas. ‘‘Na região próxima ao campus da Unipar (Universidade Paranaense com sede em Umuarama), a valorização dos imóveis chega a 50%’’, diz Silvana Selvo, gerente de locação da administradora de imóveis Lokatell. ‘‘O fenômeno se repete nas proximidades da Unioeste (instituição com sede em Cascavel), onde não há qualquer imóvel à disposição.’’
Segundo a gerente, a locação é a opção para cerca de 70% destes consumidores. E a preferência, principalmente entre os estudantes, é para as quitinetes ou unidades com áreas menores e mobiliadas – ‘‘Se tivéssemos 30 quitinetes mobiliadas na nossa carteira de locação, seriam ocupadas em questão de horas’’, diz Silvana. Ela comenta que, com aluguéis na faixa de R$ 230 a R$ 250 mensais, o mercado local dispõe de cerca de 100 imóveis com este perfil – quitinetes e apartamentos com um ou dois dormitórios, com metragens máximas de 60 m2.
Entre os que decidem pela compra de casa ou apartamento (30%) são maioria, os professores que vêm de outras cidades e estados. Recrutados pelas universidades, são exigentes, cautelosos e negociam imóveis na faixa de R$ 40 mil a R$ 90 mil, argumenta Thomann. ‘‘E, neste caso, o que conta pontos favoráveis para o fechamento do contrato são o estado físico do imóvel, sua localização, a infra-estrutura e a segurança do bairro.’’
Otimista, o delegado regional do Secovi traça, em retrospectiva numérica, os valores que justificam a divulgação do crescimento imobiliário de Cascavel nos primeiros meses de 2000. ‘‘Em janeiro de 1998 o volume de negócios registrado foi de R$ 4.668.687,50; em janeiro do ano passado o valor contabilizado saltou para R$ 9.293.363,50. Cifra superior a esta nos últimos dois anos foi alcançada apenas em novembro de 1997, quando a comercialização atingiu R$ 9.657.894,50. Se compararmos os meses de fevereiro (97 e 2000), os números são ainda mais expressivos – em 97 o mercado imobiliário movimentou R$ 2.954.438,00 contra os R$ 10.680.304,50 do recente levantamento feito pelo sindicato da habitação de Cascavel’’, finaliza.