Imagem ilustrativa da imagem 'Casa inteligente', o futuro já chegou



O mundo de "Os Jetsons", desenho animado futurista da década de 1960, parece não estar tão distante da realidade. Enquanto carros voadores e cidades suspensas permanecem apenas no imaginário, sistemas de automação residencial têm ficado mais acessíveis. Por meio deles, já é possível ligar e desligar a iluminação da casa, o ar-condicionado, home theater, smart TV, e som ambiente, abrir e fechar as cortinas e o portão eletrônico, por exemplo, com apenas um toque no tablet ou smartphone e de qualquer lugar.

Atento às novas tecnologias, o funcionário público Marcio Alexandre de Castro Polido foi pioneiro ao implantar um sistema de automação residencial em sua casa, localizada no município de Santa Mariana, no Norte do Paraná. "Vi numa reportagem da FOLHA que uma empresa de Londrina tinha um projeto piloto e entrei em contato", lembra. Hoje, ele já consegue fazer o controle da iluminação e do portão eletrônico a distância. "Também quero automatizar as cortinas, comprar eletrodomésticos com acesso à internet e deixar a casa mais tecnológica possível. Moro sozinho e facilita muito", conta.

O projeto é da startup londrinense Houz, instalada na Incubadora Tecnológica da Universidade Estadual de Londrina (Intuel), que desenvolve sistemas e produtos de automação residencial. O engenheiro eletricista e diretor-executivo da empresa, Heitor Henrique Freire Arns, garante que as ferramentas são simples, não exigem reforma estrutural para a instalação, e possuem preços acessíveis. Praticidade, conforto e economia de energia estão entre alguns dos benefícios de ter uma "casa inteligente", segundo ele. Monitorar e interagir com aparelhos eletrônicos da residência a distância também oferece segurança, acrescenta.

Arns explica que é possível automatizar basicamente todo equipamento que possui controle remoto. A tecnologia pode ser instalada tanto em casas ainda em construção, como em imóveis antigos. Além disso, ele destaca que não é necessário ter uma internet banda larga da mais alta velocidade. "A comunicação é muito simplificada e o sistema segue funcionando dentro de casa normalmente mesmo quando cai a conexão", garante. Segundo ele, dá para automatizar até mesmo a bomba da piscina.

Apesar de já ser uma realidade, a automação residencial ainda não é tão popular entre os brasileiros por causa dos preços altos praticados no mercado nacional. A tecnologia exige projeto profissional e técnico capacitado para instalação, o que custa caro. Mas o engenheiro eletricista garante que já é possível contratar um serviço simples de controle de iluminação, ar-condicionado e televisão por um valor médio entre R$ 4 mil e R$ 5 mil para uma casa de três quartos. Na avaliação do empresário, com o aumento do interesse pela tecnologia, o serviço deve ficar mais barato e acessível.

"Antes, para fazer automação na casa, tinha que reformá-la inteira. Hoje, não é necessário esse tipo de intervenção e é possível fazer o projeto por partes, automatizar cômodo por cômodo", compara. No futuro, avalia ele, com o avanço da Internet das Coisas, ainda reserva mais novidades tecnológicas e facilidades no dia a dia. "A casa vai se comportar de maneira autônoma. Quando chover, fechará automaticamente as janelas, ao perceber a chegada do morador, abrirá o portão e acenderá as luzes", exemplifica.

Preço da automação caiu pela metade nos últimos cinco anos
Só 3% dos lares brasileiros possuem algum tipo de automação. A informação é da Aureside (Associação Brasileira de Automação Residencial e Predial). O engenheiro e diretor-executivo da Aureside, José Roberto Muratori, afirma que a participação do Brasil nesse mercado, em comparação com países desenvolvidos, ainda é muito pequena. "O desconhecimento por parte dos moradores e um número ainda limitado de empresas capacitadas a oferecer projetos eficazes dificultam o crescimento mais rápido", justifica. No entanto, ele garante que o mercado possui forte potencial de crescimento.

Uma pesquisa realizada em fevereiro deste ano pela Aureside revelou que os sistemas de automação residencial mais requisitados pelos brasileiros são controle de iluminação, home theater e som ambiente, câmeras, redes sem fios, aplicativos para tablets e smartphones, cortinas motorizadas, fechadura biométrica, irrigação automatizada, entre outros. Segundo Muratori, de maneira geral, os sistemas são simples de instalar, mas é importante contratar profissionais treinados e que conheçam os detalhes e requisitos exigidos por cada tipo de tecnologia.

Segurança, conforto, comodidade, entretenimento estão entre os principais atrativos da automação residencial. "Mas a economia é oferecida como um ‘bônus", seja pelo uso mais eficiente dos recursos, que reflete em menos consumo de energia elétrica e água, seja pelo menor tempo dispendido pelos moradores em suas tarefas rotineiras", pontua. O engenheiro afirma que, hoje, é possível instalar um sistema simples a partir de R$ 3 mil. "O limite de preço é o interesse do cliente quem define", destaca. Ele ressalta, porém, que os preços já caíram cerca de 50% no país nos últimos cinco anos. (A.S.)

Senai capacita profissionais para atuar na área
Londrina já forma mão de obra técnica para atuar na área da automação residencial há pelo menos sete anos. A Faculdade da Indústria Senai Londrina capacita profissionais tanto para o desenvolvimento de aplicativos capazes de interagir com equipamentos eletrônicos, dentro do curso de Automação Industrial, como para a instalação do sistema nas residências.

O professor da área de Eletroeletrônica e Automação do Senai Londrina, Weslei Candido da Silva, afirma que automação não é um assunto novo. "Temos alunos que estagiam em empresas desse segmento e percebemos um aumento da demanda", afirma. Porém, se na indústria sistemas autônomos não são novidade, a funcionalidade deles nas residências ainda é pouco conhecida.

"Vivemos numa geração tecnológica. Daqui a pouco, todo e qualquer dispositivo estará conectado à rede mundial de computadores e ao mundo externo. Não tem como fugir", avalia.

DESAFIOS
As "casas inteligentes", no entanto, ainda precisam superar alguns desafios relacionados principalmente à segurança e infraestrutura. Com a Internet das Coisas, a rede passará a interligar vários tipos de objetos e dispositivos inteligentes, capazes de interagir entre si e com as pessoas, o que facilitará ainda mais o dia a dia. Porém, o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) destaca que é preciso cuidado nesta nova fase.

Em um vídeo sobre o tema no YouTube (https://www.youtube.com/watch?v=jlkvzcG1UMk), o NIC.br explica que é necessário investir na segurança dos sistemas, para impedir a invasão de hackers. A privacidade é outro ponto de discussão, já que os dados dos dispositivos conectados à rede podem ser compartilhados com mais pessoas.
Além disso, o núcleo destaca que existe uma questão técnica, relacionada à própria infraestrutura da internet. Hoje, existem bilhões de dispositivos na rede mundial. Com a Internet das Coisas, em breve, serão centenas de milhões, e os endereços IP, que identificam cada um desses dispositivos de forma única, não têm a capacidade para todo esse crescimento. (A.S.)