Londrina - Contar a história de Vilma Santos de Oliveira é falar da luta do pobre, do negro, da mulher e do trabalhador pelo lugar que lhe é de direito na sociedade. Conhecida como Dona Vilma ou Yá Mukumby, ela foi inspirada pelo preconceito cotidiano, pelo conhecimento adquirido como mãe de santo e pela militância da família a tomar uma posição ativa no debate racial, até se tornar referência em Londrina e no Brasil.
Segundo o livro "Yá Mukumby, a vida de Vilma Santos de Oliveira", de Fabio Lanza, Alexsandro Eleotério Pereira de Souza, Lais Celis Merissi e Larissa Mattos Diniz, ela nasceu em Jacarezinho em 17 de julho de 1950, filha de mãe paulista e de pai mineiro, que chegaram à região atraídos pelo crescimento da indústria de cana-de-açúcar. Aos 11 dias, perdeu o pai, ficando sozinha com a mãe, Allial Oliveira dos Santos, que sustentou a casa com o trabalho de costureira. A família se mudou para Londrina no ano seguinte, com ajuda do tio Leodoro Almeida de Oliveira, que teve importante papel na formação de Dona Vilma e na organização dos primeiros movimentos negros na cidade, ao atuar na Associação Recreativa e Operária de Londrina (Arol).
Adolescente e com constantes crises de epilepsia que não se resolviam com tratamentos convencionais, buscou ajuda religiosa. Foi no Candomblé que encontrou a recuperação da saúde e a consciência da história e da política racial no País. Participou do grupo União e Consciência Negra e depois se engajou no Movimento Negro de Londrina. Na década de 80, fez parte da fundação do PT local, partido com o qual dizia ter a identificação da luta pelos direitos do pobre e do trabalhador.
Pela articulação do movimento negro e dos terreiros de Candomblé, ela criou o projeto Resgate da Raça Negra, Tradições e Identidade (Pro-Ranti), em parceria com a Universidade Estadual de Londrina (UEL). Fez ainda parte do Centro Nacional de Africanidade e Resistência (Cenarab). Em Londrina, fundou a Associação Afro-Brasileira (Aabra) e foi presidente do Conselho Municipal da Comunidade Negra. Yá Mukumby encampou também o debate pela adoção de políticas de cotas na UEL.
Ela teve seis filhos. São eles Gislene Helena Santos de Oliveira, Lincoln Santos de Oliveira (em memória), Robson Eduardo de Oliveira, Patrícia Fernanda de Lima, Vanessa Santos de Oliveira e Victor Jubiaba dos Santos.