Brasília, 12 (AE) - O Banco Interamericano de Investimentos (BID) bateu seu recorde de recursos destinados ao Brasil no ano passado. Os desembolsos dos projetos de investimentos alcançaram US$ 1,9 bilhão, 15% a mais do que em 1998. Somados ao empréstimo de emergência de US$ 1,1 bilhão, chamado de Rede de Proteção Social, foram destinados US$ 3 bilhões ao Brasil em 1999. Para este ano, o banco estima um crédito de US$ 3,1 bilhões.
Desse total, US$ 1,1 bilhão será para programas da área social, já aprovados, e os outros US$ 2 bilhões vão para programas de investimentos, que devem contemplar cerca de 12 programas sociais e para pequenas e microempresas.
O programa de assistência financeira ao Brasil foi negociado como Fundo Monertário Internacional no fim de 1998 e totaliza US$ 4,5 bilhões, dos quais US$ 2,2 bi são para a Rede de Proteção Social. O Brasil já recebeu US$ 1,1 bilhão em 1999 e o restante será liberado este ano.
Os outros US$ 2,3 bilhões são para projetos de investimentos para pequenas e microempresas, em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). No ano passado foram liberados US$ 800 milhões para esses investimentos e em abril o Brasil vai receber mais US$ 660 milhões. No dia 15 de fevereiro, uma missão do Banco virá a Brasília para verificar como os recursos estão sendo aplicados.
A análise da antiguidade da carteira de empréstimos do BID para o Brasil demonstra que os 48 projetos do Banco no Brasil têm evolução satisfatória, afirmou o representante do BID no País, Jorge Elena, que deixa o cargo no mês que vem, depois de cinco anos em Brasília. "Isso significa que os projetos estão dando certo e foram atingidas as metas de controle fiscal, porque os governos municipais, estaduais e federal estão cumprindo os projetos que foram acordados", disse Elena, que em abril será substituído pelo alemão Waldemar Wirsig.
De acordo com ela, 87% da carteira de empréstimos no Brasil têm três anos ou menos, o que é considerado "muito satisfatório" pelo BID. O representante do Banco também destacou que o fluxo de desembolsos para o Brasil nos últimos quatro anos foi positivo.
Isso significa que, descontando as parcelas amortizadas de empréstimos anteriores, o saldo líquido do Brasil com o BID foi positivo. A estratégia do banco junto com o governo brasileiro visava contemplar quatro áreas prioritárias até o fim do ano passado e foram distribuídas da seguinte forma: 43,3% em abertura e modernização produtiva (infraestrutura), 37,6% em Pobreza e necessidades sociais prioritárias, 11,5% em Meio Ambiente e Recursos Naturais e 7,6% em modernização do Estado.
De acordo com Elena, com o programa de privatizações brasileiro, os créditos direcionados aos projetos de infraestrutura deverão ser desviados para o setor privado, por meio da atração de crédito de consórcio de bancos internacionais com o aval do BID. Apenas 5% do total dos programas do BID são para o setor privado, mas o Banco pretende ampliar essa participação para 10%.
Sete grandes empreendimentos compõem a carteira das operações do Banco com empresas privadas brasileiras nos últimos dois anos, totalizando US$ 718,3 milhões. Os empréstimos do BID ao setor privado beneficiaram os setores de transporte e energia.