O retorno das atividades presenciais nas escolas da rede estadual do Paraná foi suspenso novamente em razão da pandemia do novo coronavírus. De acordo com a chefe do Núcleo Regional de Educação de Londrina, Jéssica Pieri, a decisão foi tomada após análise dos índices de ocupação dos leitos hospitalares no Estado. O ensino híbrido, com aulas remotas e presenciais, seria adotado a partir da próxima segunda-feira (15).

Imagem ilustrativa da imagem Volta às aulas presenciais é suspensa na rede estadual
| Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

“Temos somente as escolas indígenas e escolas de campo que não estão preparadas. As outras todas estão preparadas para esse retorno assim que a Secretaria de Saúde der o seu aval positivo para que a gente possa voltar de forma híbrida. Por hora, fica cancelado novamente o retorno de forma híbrida para esta segunda-feira”, declarou.

A data de retomada das atividades presenciais ainda não foi definida. O governo do Estado vai avaliar diariamente a situação dos hospitais e dos casos de Covid-19. Para a chefe do Núcleo Regional de Educação, as escolas de Londrina e região estão preparadas para receber os alunos.

“As escolas receberam equipes do Núcleo Regional para formação de protocolo de biossegurança. As escolas têm o tótem, álcool gel, os tapetes, toda a orientação para fazer a limpeza e separação dos alunos de forma escalonada. Em média, serão 5 a 6 alunos por sala com muito mais de 1,5 metro de distância entre um e outro”, afirmou.

O protocolo de biossegurança para o ensino híbrido estabelece a presença de, no máximo, 30% dos alunos em sala de aula. Dessa forma, as atividades seriam retomadas de forma gradativa e escalonada.

Em nota, o governo do Estado informou que as aulas permanecem remotas com encontros virtuais realizados pelos professores nos horários combinados. O ano letivo teve início em 18 de fevereiro.

Para o presidente da APP Sindicato, que representa os profissionais da Educação no Paraná, Hermes Leão, adiar a retomada das atividades presenciais foi uma medida acertada baseada na razão e na ciência. No entanto, o período de suspensão deveria ser prolongado, já que o Paraná vive o momento mais crítico da pandemia considerando o número de mortes e a fila de espera por leitos de UTI.

“Já estávamos alertando, desde o início do ano, que o governo deveria suspender por um prazo mais prolongado a retomada das aulas presenciais. Não tem condição de ter atividades nas escolas mesmo sem a presença dos alunos. A nossa categoria que já vem esgotada do ano letivo 2020. Já vem trabalhando intensamente com os métodos que foram colocados. Essa perspectiva de volta ou não volta gera uma insegurança que inevitavelmente afeta a saúde mental dos profissionais. É preciso que haja uma postura adequada do governo”, cobrou.

Leão ressaltou ainda que o sindicato defende um lockdown por 21 dias para reduzir a quantidade de casos de Covid-19 no Estado. Nas últimas semanas, dezenas de servidores da educação morreram em decorrência da doença.

“Os prejuízos econômicos serão maiores sempre enquanto a gente alimentar a transmissão comunitária do vírus. É melhor encarar a necessidade de parar tudo, definitivamente. A APP tem acompanhado e nós estamos fazendo um mapeamento dos mortos da nossa categoria. Temos uma avaliação preliminar de que o planejamento pedagógico feito de forma presencial contra a posição do sindicato resultou em contaminações. Temos recebido muitas notícias de pedagogas infectadas. É impressionante o número de pedagogas que estão falecendo. Na região de Cascavel, a pedagoga faleceu no início desta semana e hoje nós recebemos a notícia do falecimento do marido. O filho de 13 anos ficou órfão”, lamentou.

De acordo com o sindicato, pelo menos 57 escolas foram fechadas para desinfecção desde o início do ano letivo após funcionários serem diagnosticados com Covid-19. Mesmo com o ensino remoto, alguns servidores têm atuado presencialmente na entrega de alimentos às famílias carentes. Além disso, famílias dos estudantes foram convidadas a ir até as escolas para conhecer o protocolo de biossegurança.

“Temos um número insuficiente de funcionários nas escolas para os períodos ditos ‘normais’, antes da pandemia. Com essa exigência de protocolos, não tem colégio do Paraná com número suficiente para dar conta da higienização e medição de temperatura dos estudantes. Isso tudo é muito grave”, declarou.

Os 9.700 funcionários temporários que atuam como agentes educacionais em serviços gerais e administrativos tiveram os contratos prorrogados até 31 de março.

Conforme a assessoria de imprensa da Seed-PR (Secretaria de Estado da Educação), a suspensão da data para o início do ensino híbrido nas escolas da rede estadual não interfere na continuidade das atividades presenciais na rede particular. Já na rede municipal de Londrina, o ensino segue de maneira remota até o dia 4 de abril. (Colaborou Guilherme Marconi)

Matéria atualizada às 13h21.

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