São Paulo, 06 (AE) - Encolher para crescer. É assim que a Volkswagen, maior montadora do País, pretende manter sua liderança no mercado automobilístico brasileiro. Sua fábrica de São Bernardo do Campo, inaugurada há 40 anos e considerada uma cidade por seu porte e infra-estrutura, vai perder um terço dos seus quase 2 milhões de metros quadrados, metade dos quais de área construída.
Com o enxugamento de sua estrutura, que deverá estar concluído até o fim do ano, a empresa ganhará maior competitividade. Com isso, vai abrigar um dos mais importantes projetos do grupo alemão, o da produção de uma nova família de veículos, por enquanto denominada de PQ-24, que substituirá a maioria dos modelos da família Gol e Santana.
A empresa vai investir R$ 200 milhões na unidade do ABC neste ano. Desse montante, R$ 50 milhões serão gastos na reestruturação e o restante em uma nova linha de pintura e preparação para o início da produção dos novos modelos. O projeto PQ-24, ao todo, vai consumir R$ 2 bilhões até 2001, ano em que deverá chegar ao mercado com uma gama de produtos que vai de um carro popular (com motor 1.0) a picapes e um modelo de luxo.
O presidente da Volkswagen, Herbert Demel, disse hoje que o investimento na reestruturação será compensado num prazo de dois a três anos com a economia que a mudança vai proporcionar em termos de infra-estrutura. Segundo ele, vários prédios estão sendo destruídos. Algumas áreas já estão à venda, como o terreno externo usado pelos trabalhadores como estacionamento, com cerca de 200 mil metros quadrados. Eles vão utilizar áreas antes ociosas dentro da fábrica.
Para facilitar o processo de produção, a montadora também está discutindo a instalação de unidades de alguns fornecedores ao redor da linha de montagem, a exemplo da fábrica de caminhões em Resende (RJ), que introduziu no País o processo modular de produção.
"Durante vários anos a fábrica da Anchieta cresceu como um castelo, agregando vários departamentos; agora há necessidade de renovação e de termos uma nova unidade, com menos prédios, maior facilidade de transporte e mais competitividade", disse Demel, demonstrando que um dos maiores complexos industriais do País está se rendendo ao modelo enxuto de produção, a exemplo das novas fábricas que estão-se instalando no Brasil.
Custo ABC - Ao contrário de novas montadoras, que buscaram outras regiões para instalar seus projetos, a Volkswagen garante que não deixará São Paulo. "Vamos desmentir a tese do chamado custo ABC, que seria maior do que em outros Estados", afirmou Miguel Jorge, vice-presidente da empresa.
A Volkswagen prevê um crescimento de 7% em suas vendas neste ano, índice igual ao que Demel projeta para o aumento das vendas globais no mercado brasileiro. No ano passado, foram vendidos no País 1,25 milhão de veículos, 18% a menos que no ano anterior.
A Volks vendeu 372.414 unidades, garantindo uma participação de 29,7% no mercado. Sua maior rival, a Fiat, ficou com 24,3%, com vendas de 304.452 veículos. A General Motors manteve-se na terceira posição, com 278.306 veículos vendidos (22,2% de participação) e a Ford com 9,3% e vendas de 116.301 unidades. "Nos últimos anos muitos falaram que a Volks deixaria de ser a líder do mercado, principalmente com a chegada de novas fábricas, mas isso não vai ocorrer", afirmou Demel.