Visita do papa foi um marco para jovens da região de Londrina
Caravana percorreu 950 km para ver Francisco na Jornada da Juventude, no Rio; "ele tocou o coração de cada um", resumiu uma fiel
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quarta-feira, 23 de abril de 2025
Caravana percorreu 950 km para ver Francisco na Jornada da Juventude, no Rio; "ele tocou o coração de cada um", resumiu uma fiel
Matheus Camargo

A morte do papa Francisco comoveu milhões de fiéis em todo o mundo e no Brasil não foi diferente. A relação do pontífice argentino com o povo brasileiro é forte desde o início de seu papado, já que foi aqui o primeiro destino visitado por ele como autoridade máxima da Igreja Católica, em julho de 2013. A 28ª Jornada Mundial da Juventude (JMJ) foi realizada no Rio de Janeiro e reuniu 3,7 milhões de pessoas, segundo dados oficiais da época. Entre eles, jovens de uma caravana que saiu de Ibiporã (Região Metropolitana de Londrina) e que se desdobraram pela oportunidade de ver o primeiro papa sul-americano.
“Eu coordenava o Setor Juventude, que é a junção dos grupos de jovens, pastorais juvenis e movimentos relacionados aos jovens. Organizamos um bingo para pagar o ônibus. Conseguimos arrecadar até mais do que o valor necessário e embarcamos para o Rio de Janeiro”, explicou o jornalista Pedro Marconi, que tinha 18 anos na época e foi um dos responsáveis pela viagem, que reuniu jovens de Londrina e Ibiporã.
A viagem de ônibus foi de mais de 950 km. A caravana, que reuniu 43 pessoas, entre integrantes do Setor Juventude, das Juventudes Feminina e Masculina de Schoenstatt, e do Serviço de Animação Vocacional (SAV), entre outros, saiu de Ibiporã no fim da tarde de quinta, dia 25 de julho, e chegou ao Rio na manhã de sexta-feira, no dia 26.
Os paranaenses ficaram instalados em uma escola no bairro de Santa Cruz e, na madrugada de sexta para sábado, por volta das 3h, iniciaram uma peregrinação para chegar a Copacabana. As dezenas de pessoas se uniram aos outros milhões que se deslocavam nas linhas de trens e metrôs, até chegar ao aterro do Flamengo. Sem outro meio de locomoção viável, o grupo caminhou por 17 km até chegar ao local onde o papa Francisco passaria.
“Eu e minha mãe estávamos do lado da praia. Ficamos aguardando próximas à grade a passagem do papa Francisco, que foi muito rápido, mas emocionante. Transmitia muita paz. Acho que a Jornada Mundial da Juventude foi um marco na minha vida porque vivi experiências que dificilmente terei novamente, especialmente com relação às pessoas que conheci e trocas culturais”, disse Roberta Ponce, que tinha 17 anos, fazia parte da Juventude Feminina de Schoenstatt, e foi uma das organizadoras da viagem. Seus pais, Roberto Fávaro Ledo e Roseli Ponce, eram os coordenadores do SAV e também foram ativos na organização, especialmente no cuidado com os adolescentes.
“Tinha muitos jovens, adultos, pessoas de todas as idades e nacionalidades em Copacabana. E tivemos que ter muito cuidado com nossos jovens. Alguns ainda eram adolescentes, então nos organizamos para andar nos trens e nos metrôs, para ninguém se perder. Eles estavam muito empolgados”, lembrou Roseli Ponce.

'VER A JUVENTUDE DO MUNDO INTEIRO FOI EMOCIONANTE'
Uma das autoridades que acompanhou o grupo ao Rio para a JMJ foi a irmã Angela Maria Rosa, da Congregação das Irmãs Servas da Caridade e Sociedade São Vicente de Paulo.
“Ver o papa Francisco foi emocionante, muito lindo. Ver a juventude do mundo inteiro ali, vibrando, foi algo inesquecível. Quando fomos à orla de Copacabana, no dia anterior ao grande encontro, o papa passaria às 8h, mas às 6h já estávamos na beira da grade onde ele iria passar. Ficamos naquela expectativa, jovens gritando, chamando pelo papa. Eu o vi de muito pertinho. Ele passou rápido, mas parecia que tinha parado e olhado nos nossos olhos”, relembrou Angela.
'FOI E É UM HOMEM DE MUITA LUZ'
Após o primeiro encontro no sábado, dia 27 de julho, o papa Francisco realizou a Missa de Envio no domingo, último dia do evento, o mais marcante para quem esteve presente.
“Dormimos na praia, de sábado para domingo. Acordamos bem cedo e ficamos grudados na grade para ver o papa passar de perto. Deixamos de ir ao banheiro para não perder o lugar. Vimos ele de perto, acenando, ouvimos suas palavras na missa. Foi muito marcante”, destacou Marconi.
“Muitos jovens subiram em árvores para vê-lo e, naquele momento, eu me lembrei do Evangelho de Zaqueu, que também subiu numa árvore para ver Jesus. Eles subiram para ver o papa. Foi um momento de fé muito importante na minha vida, mas também um momento muito forte de uma Igreja viva, entusiasta, uma Igreja que tem a alegria do Evangelho, como ele mesmo sempre falou: 'tenham sempre a alegria do Evangelho na vida de vocês'. É isso o que eu carrego do papa Francisco. Foi e é um homem de luz, de esperança, um homem que olhou para as pessoas com o olhar de Deus, que tocou o coração de cada um. É isso que eu sinto do Papa Francisco: ele deixou no meu coração essa mensagem de amor que espalhou pelo mundo inteiro”, afirmou Angela.

'ESPERANÇAS RENOVADAS'
Uma das primeiras medidas do papa Francisco quando assumiu o cargo foi confirmar a viagem que faria para a JMJ no Rio de Janeiro, que foi um compromisso assumido pelo papa Bento XVI antes de renunciar ao cargo. "Era para vir o papa Bento XVI, mas houve a transição de papas, e quem veio foi o papa Francisco. Foi muito emocionante ver aquela figura tão impressionante como ele era”, disse a coordenadora do SAV.
“Ver o Papa Francisco, naquela época, significou ver as esperanças renovadas e ver uma cara nova para a igreja, já que ele veio trazendo ideias inovadoras e diferentes do conservadorismo, muito mais parecidas com o que eu esperava e pensava. Foi como ver alguém como nós, pessoas comuns, assumindo o cargo mais alto da Igreja Católica, que mesmo estando no alto, acolhia e olhava os menores”, indicou Roberta.

