O atraso na entrega da revitalização não é o único problema que a Prefeitura de Londrina está tendo em relação ao Bosque Central. A obra foi adiada pela quinta vez consecutiva, com a promessa de que será finalizada de vez no dia 5 de dezembro. Enquanto isso, a equipe do prefeito Marcelo Belinati (PP) tenta encontrar maneiras de resolver outra reivindicação antiga dos moradores: a segurança, ou melhor, a falta dela.

Nos últimos cinco anos, a criminalidade no Bosque aumentou bastante. É o que mostram os próprios boletins de ocorrência da Guarda Municipal, obtidos pela FOLHA por meio da Lei de Acesso à Informação. No período pesquisado, os registros quase quadruplicaram. Entre 2017 e 2021, foram 58 BOs. A divisão ficou assim:

2017 - cinco boletins

2018 - dois

2019 - 12

2020 - 20

2021 (até setembro) - 19

Crimes mais comuns

Os agentes são chamados de diversas formas, seja pela Central de Comunicação e Monitoramento (GCOM), por pessoas que passam pelo local ou em atendimento a flagrantes durante patrulhamento preventivo. O levantamento fornecido pela reportagem aponta que os furtos e o tráfico de drogas são os crimes mais rotineiros. A lista também informa que a GM realiza muitas abordagens de suspeitos. Porém, como nada de ilícito foi encontrado, os casos não são encaminhados para a Polícia Civil.

Imagem ilustrativa da imagem Violência aumenta no Bosque Central; furtos e tráfico de drogas são os crimes mais comuns
| Foto: Gustavo Carneiro/Grupo Folha

O crime mais chocante foi o assassinato do cozinheiro Fábio Ábila, encontrado morto no meio da vegetação do lugar histórico em outubro de 2019. A Delegacia de Homicídios descobriu que o autor foi Fernando Inácio Andrade, o mesmo que confessou a morte do recepcionista Hannan Silva alguns dias depois na Praça Rocha Pombo, também na área central.

Horários

A FOLHA separou ainda os horários em que os delitos mais acontecem no Bosque Central. Segundo o balanço, dos 58 boletins de ocorrência, 31 foram no período da tarde, entre 12h às 18h; 16 na parte da manhã (6h às 12h) e 11 na noite ou madrugada (19h às 6h). Dezesseis pessoas foram presas e cinco adolescentes acabaram sendo apreendidos.

"Queremos que a Guarda Municipal fique de forma permanente. Não é só ficar olhando a câmera que tem perto da Concha Acústica. Quando a viatura chega, não tem mais nada. Isso não dá certo. Pessoas são furtadas todos os dias, perdem o celular, a bolsa. E cadê a segurança?", reclama a presidente da Concha Associação dos Amigos e Moradores do Centro Histórico de Londrina, Iara Franco Coutinho.

Promessas

De acordo com o secretário municipal de Planejamento, Marcelo Canhada, a segurança será a prioridade após a entrega da revitalização. "Enquanto as obras prosseguem, as rondas da GM serão intensificadas. Mas já estamos finalizando um projeto de instalação de mais câmeras. Liberamos recursos para que a Secretaria de Defesa Social melhore a central de monitoramento e compre mais equipamentos. Se o londrinense se sentir ameaçado, não vai frequentar o Bosque. Não é o que queremos", afirma.

A FOLHA procurou o secretário de Defesa Social, Pedro Ramos, mas não houve retorno da assessoria de imprensa da Prefeitura de Londrina.