Goiânia - A empresária Vilma Martins Costa, de 52 anos, sustentou ontem que deu à luz uma criança em março de 1979, no Hospital de Itaguari, a 90 quilômetros de Goiânia. Depois de adiar seu depoimento três vezes, ela compareceu à Delegacia Estadual de Investigações Criminais de Goiás (Deic), doou sangue para um teste de DNA e contou uma história complexa para explicar o fato de sua filha Roberta Jamilly ser a menina Aparecida Fernanda, sequestrada de uma maternidade de Goiânia. A garota, hoje com 23 anos, também prestou depoimento.
A criança, filha de Vilma, teria nascido dois dias depois do sequestro de Aparecida Fernanda Ribeiro Silva registrada por Vilma como Roberta Jamilly. Segundo a versão de Vilma, seu filho legítimo ''teria sido trocado por Roberta enquanto Vilma estava anestesiada'', revelou o delegado Gonçalves.
Ele contou também que Vilma rebateu as acusações de uma enfermeira do hospital de Itaguari, que alega que a empresária teria forjado o parto. ''Acho estranho essa mulher ter guardado por tanto tempo um fato tão grave, sem revelar nada à polícia'', argumentou Vilma ao delegado. ''Foi um depoimento importante, que fez avançar o inquérito'', disse Gonçalves.
O delegado descartou um eventual pedido de prisão da empresária. ''Ela não representa perigo imediato para ninguém nem se furtou a comparecer à delegacia, não há porque pedir sua prisão neste momento'', disse. Ele pretende concluir o inquérito em breve e remetê-lo ao Judiciário, ''que vai decidir sobre um eventual pedido de prisão''.
Vilma chegou à delegacia no fim da manhã, acompanhada de Roberta Jamilly e de sua advogada. Ao tentar descer do carro, Vilma passou mal e foi amparada e levada para dentro da delegacia. Vilma é hipertensa é foi internada no início do mês, quando foi descoberto que tem um aneurisma.
DNA - O sangue da empresária vai ser comparado com o de suas outras três filhas, Carla Beatriz Martins da Silva, de 32 anos, Patrícia Helaine Martins da Silva, de 30, e Christianne Michelle Martins da Silva, de 28.
O depoimento de Roberta Jamilly foi bem menos tumultuado. O delegado queria saber se ela tinha ciência de que sua certidão de nascimento havia sido falsificada. Roberta respondeu que não sabia das distorções e sempre acreditou que seus documentos estavam em ordem.
Hoje, às 15h, o delegado Gonçalves aguarda o depoimento de Osvaldo Junior, o Pedrinho, de 17 anos. Ele vai falar sobre a falsificação de seus documentos, nos quais consta que ele é filho legítimo de Vilma Martins e Osvaldo Borges, quando na verdade o garoto é filho do casal Jayro Tapajós e Maria Auxiliadora Tapajós.