Vigilância Sanitária fará novos exames em amostras de arroz
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quinta-feira, 30 de março de 2000
Por Herton Escobar (especial para a AE)
São Paulo, 31 (AE) - O Centro de Vigilância Sanitária da Secretaria Estadual de Saúde informou hoje que vai realizar, a pedido do Ministério da Saúde, novas análises das marcas de arroz Tio João, Camil e Casabella para determinar se existe contaminação desses produtos por agrotóxicos. A coleta de amostras, que serão analisadas no Instituto Adolfo Lutz, será iniciada na semana que vem nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Às pessoas que consumiram arroz dos lotes supostamente contaminados, o especialista Anthony Wong, do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas, garante que não existe perigo para a saúde. Ele explica que as quantidades do fungicida trifluralina, encontrado no arroz Tio João, e do herbicida folpet, detectado em amostras das marcas Camil e Casabella, são muito pequenas para acarretar qualquer tipo de complicação, mesmo se consumidas diariamente.
A denúncia de contaminação foi feita pelo Idec no dia 20 de março, com base na análise de 15 marcas de arroz pelo Centro de Pesquisa e Processamento de Alimentos da Universidade Federal do Paraná (Ceppa). Foram encontrados em amostras da marca Tio João - do lote válido até 30 de junho - resíduos de 0,16 miligramas de trifluralina por quilo de arroz - três vezes acima do limite legal de 0,05 mg/kg.
O folpet, detectado nas marcas Casabella, no lote válido até 30 de agosto, e Camil, até 30 de novembro, não é regulamentado para o cultivo do arroz, portanto não há limite estabelecido. As quantidades encontradas foram 0,012 mg/kg e 0,026 mg/kg, respectivamente.
Wong explica que a trifluralina é uma substância cancerígena que pode causar alterações no sangue, mas apenas se consumida em quantidades muito grandes. "Não existe risco para quem consumiu o produto", afirma. No caso do folpet, o produto pode causar no máximo uma reação alérgica, informa o toxicologista.
Defesa - As três empresas realizaram uma série de análises dos mesmos lotes testados pelo Idec e não detectaram presença de nenhum agrotóxico. Os testes foram realizados pelo Ceppa, o Instituto de Tecnologia de Alimentos de São Paulo, Instituto Biológico de São Paulo e o Instituto Adolfo Lutz.