Realizada pela primeira vez em fase única, o vestibular deste ano da UEL (Universidade Estadual de Londrina) apresentou uma abstenção de 20,6%, o que representa 3.365 candidatos faltosos nos dois dias de provas. Nesta segunda-feira (18) foram aplicadas as provas de conhecimentos específicos e de redação, em que o texto de apoio é do colunista Abraham Shapiro, veiculado no mês de agosto na Folha de Londrina.

Em uma edição considerada tranquila e sem muitas intercorrências, a professora Sandra Garcia, responsável pela Cops (Coordenadoria de Processos Seletivos) explicou que a abstenção pode ter relação com o fato de o vestibular ter sido realizado entre os feriados de Proclamação da República, no dia 15, e do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, comemorado nesta quarta-feira (20).

Outros fatores que podem ter relação com o número de abstenções são os demais formatos de ingresso à universidade. Além do vestibular e do Sisu (Sistema de Seleção Unificada), a Prova Paraná Mais também passou a ser uma opção aos estudantes do terceiro ano de escolas públicas do estado. Dentre as 3.180 vagas disponíveis neste ano, dois terços são destinadas ao vestibular e o restante aos demais formatos de ingresso ao ensino superior.

Além disso, a coordenadora aponta que alguns candidatos acabam conferindo o gabarito provisório e, com isso, ficam desmotivados para realizarem a segunda parte da prova.

REDAÇÃO

Garcia destaca que a redação do vestibular da UEL sempre traz assuntos que levam o estudante a refletir sobre o mundo atual. Neste ano, a proposta de redação era um texto dissertativo-argumentativo em que o material de apoio utilizado foi um texto escrito pelo colunista da Folha de Londrina, Abraham Shapiro, veiculado no mês de agosto.

No texto, a coordenadora explica que o autor discute o sentido do diálogo e, a partir daí, o candidato precisava redigir uma redação entre 20 a 25 linhas, tendo como base o pressuposto de que o diálogo pode aumentar a satisfação pessoal de quem o pratica, como proposto por Shapiro. “É importante tratar disso porque hoje as pessoas não estão mais dialogando ou conversando”, aponta, complementando que cada pessoa vê, de antemão, seu ponto de vista como o verdadeiro e o do outro como errado.

CRONOGRAMA

Pela primeira vez realizado em fase única, Sandra Garcia adianta que ainda não é possível avaliar os resultados desse novo formato, mas que o assunto será debatido nas próximas semanas. “A intenção da universidade é fazer um aprimoramento do seu processo seletivo e nós vamos trabalhar para que isso ocorra”, afirma.

Em relação ao cronograma, o gabarito oficial da prova objetiva será divulgado no dia 28 de novembro e a listagem de quem terá a prova discursiva e a redação corrigidas sai no dia 03 de dezembro. A primeira convocação dos aprovados será no dia 10 de janeiro de 2025.

ANSIEDADE

Vindos de Ourinhos, no interior de São Paulo, a assistente social Rosângela Soares de Oliveira, 47, caminhava pelo calçadão da UEL acompanhada do marido, enquanto esperavam pela filha, Maria Alice, de 17 anos, que prestava o vestibular para medicina. Ela conta que a filha disse que a primeira etapa não foi fácil, principalmente pela prova trazer questões relacionadas ao estado do Paraná.

Por ser uma universidade de excelência, a UEL atrai muitos candidatos, o que faz com que a concorrência seja grande para cursos como o de medicina, aponta Oliveira, que admite que a filha ainda é jovem e tem muito caminho pela frente. “É um curso que não é fácil de pagar, então tem que ser na raça, tem que estudar mesmo”, afirma.

A família retornaria para Ourinhos ainda nesta segunda-feira, mas a assistente social reforça a importância de apoiar e acreditar nos sonhos dos filhos. “A vitória dos filhos é a nossa também”, garante.

A advogada e professora Elen Cristina Alexandre dos Santos, 52, veio acompanhar a filha Lívia, em busca de uma vaga no curso de direito
A advogada e professora Elen Cristina Alexandre dos Santos, 52, veio acompanhar a filha Lívia, em busca de uma vaga no curso de direito | Foto: Jéssica Sabbadini

O mesmo pensamento é compartilhado pela advogada e professora Elen Cristina Alexandre dos Santos, 52, que veio acompanhar a filha, Lívia, de 18 anos, em busca de uma vaga no curso de direito. Vindas de Tupã, no interior de São Paulo, ela conta que a filha estudou muito ao longo do ano e que a expectativa é boa para que ela consiga ingressar no ano letivo de 2025. Para a mãe, foi motivo de muita alegria e orgulho o fato de a jovem querer seguir na mesma profissão. “Ela quer fazer concurso público, então eu estou muito contente com isso”, admite, complementando que a espera é motivo de muita aflição, então gosta de aproveitar para ler e distrair a mente, além de fazer algumas orações.

Vindo de Bela Vista do Paraíso, o estudante Ronaldo Gabriel Alves de Souza, 18, quer seguir na área da medicina
Vindo de Bela Vista do Paraíso, o estudante Ronaldo Gabriel Alves de Souza, 18, quer seguir na área da medicina | Foto: Jéssica Sabbadini

Vindo de Bela Vista do Paraíso, o estudante Ronaldo Gabriel Alves de Souza, 18, quer seguir na área da medicina. Para ele, o segundo dia de provas foi muito mais difícil do que o primeiro, sendo que as questões dissertativas exigiam um conhecimento muito aprofundado dos conteúdos. “Tinha que saber as coisas decoradas”, opina, explicando que foi questionado o nome de partes específicas das células, por exemplo. Nas questões de sociologia, Souza afirma que foi cobrado o conhecimento na teoria dos três principais pensadores: Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber. “Tinha que saber à risca”, aponta.

Apesar da dificuldade, ele garante que respondeu todas as questões e fez a redação, mas precisou administrar o tempo para conseguir resolver toda a prova. “Você gasta muito tempo para tentar fazer uma redação boa e esquece que tem que responder as perguntas”, admite. Apesar disso, as expectativas são muito boas, já que, com base no gabarito provisório, acertou mais da metade da prova objetiva.

A estudante B.D., de 17 anos, também considerou a prova difícil, principalmente as questões discursivas e a redação. De Curitiba, ela busca uma vaga no curso de farmácia. “Eu respondi com o que eu achei que era, mas não sei não”, admite, complementando que foram cobrados conteúdos de ecologia e embriologia. De Telêmaco Borba, G. M. A. F., 17, achou a prova muito desgastante pelo fato de ter que responder nove perguntas discursivas, além de fazer a redação. O estudante conta que se arrependeu de ter deixado a redação para o final, quando já estava cansado.

Em busca de uma vaga em medicina, o estudante de Londrina B.L., 17, garante que estudou e se preparou ao longo de todo o ano para os vestibulares, sendo que o foco é na UFPR (Universidade Federal do Paraná). Para ele, a primeira etapa, com as questões objetivas, foi mais difícil do que a parte dissertativa e a redação, sendo que a parte da prova de matemática é a que ele mais teve dificuldade.