São Paulo, 1 (AE) - Documento anônimo enviado ao Ministério Público Estadual (MPE) oferece indícios de que sete vereadores da bancada governista teriam recebido R$ 3,1 milhões, de julho a fevereiro, da Prefeitura para facilitar a aprovação de projetos, segundo reportagem publicada na revista "Isto É". A última edição da revista reproduz uma cópia da relação, enviada por fax à redação, e informa que os pagamentos eram entregues na casa dos parlamentares
O procurador José Benedito Tarifa, do Setor de Apuração de Crimes de Prefeitos, órgão da Procuradoria-Geral de Justiça, disse hoje à reportagem que o documento pode vir a ser uma prova do esquema de corrupção na Município. "Por enquanto é um indício a mais", declarou Tarifa. Ele considera que a lista pode dar maior sustentação às denúncias de ex-mulher do prefeito Celso Pitta, Nicéa Pitta.
Tarifa contou que o documento foi enviado ao Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na quinta-feira. "Ele passou pelo nosso setor, mas a investigação está com os promotores do Gaeco", disse. O procurador entende que é necessária "muita cautela" e a relação ainda não pode ser considerada uma prova concreta. Mesmo assim, segundo Tarifa, a lista ajudou a fundamentar o pedido de busca e apreensão de computadores na Secretaria de Governo e na casa do secretário Carlos Augusto Meinberg. Nicéa acusa Meinberg de ser o responsável pela distribuição da propina para os vereadores.
Lista - São citados na lista Brasil Vita (PPB), Maria Helena (suspensa do PL), Alan Lopes (PTB), Toninho Paiva (PFL), Miguel Colasuonno (PMDB), Milton Leite (PMDB) e Oswaldo Enéas (ex-Prona). Todos negam as acusações. No documento, ao lado de cada nome, aparecem telefones e códigos de seis dígitos, que indicariam o dia, o mês e cada quantia paga. A revista não explicou como o MPE decifrou as combinações numéricas.
Leite teria recebido o maior valor nesse período, R$ 650 mil - R$ 300 mil entre os meses de setembro e outubro. Ele foi relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Fiscais. A lista prossegue com Vita, com R$ 554 mil, Colasuonno (R$ 425 mil), Maria Helena (R$ 380 mil), Lopes e Paiva (R$ 375 mil) e Enéas (R$ 320 mil). Cada pagamento teria variado de R$ 25 mil a R$ 82 mil.
Comissão - Se o documento for verdadeiro, Enéias recebeu R$ 120 mil em dezembro. Colasuono teria recebido R$ 100 mil quando integrava a Comissão de Finanças, que estudou o Orçamento.