Vereador de Carlópolis é preso em operação contra fraudes no SUS
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quinta-feira, 29 de outubro de 2020
Vitor Struck - Grupo Folha
A Polícia Civil do Paraná cumpriu sete mandados de busca e apreensão e dois de prisão temporária em municípios do Norte Pioneiro e Região Metropolitana de Curitiba na segunda fase da operação que desbaratou uma organização criminosa acusada de cometer fraudes contra o SUS (Sistema Único de Saúde) através da venda de cirurgias bariátricas. Endereços em Santo Antônio da Platina e Jacarezinho, ambas no Norte Pioneiro, e em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba, também foram alvos de mandados na manhã desta quinta-feira (29).
Um dos alvos dos mandados de prisão temporária foi um vereador que é candidato à reeleição na Câmara Municipal de Carlópolis, e que teria sido responsável por falsificar guias do SUS. A reportagem entrou em contato com a Câmara Municipal de Carlópolis, além da Prefeitura da cidade, porém sem sucesso.
O esquema, desmontado em operação da Polícia Civil do Paraná no dia 6 de outubro, tinha início com angariadores de pessoas através de grupos relacionados aos procedimento operatório em redes sociais. "Ofereciam a guia do SUS mediante pagamento de determinada quantia. Este angariador repassava o paciente para um intermediador que tem o contato tanto com quem falsifica a guia, quanto com funcionários do hospital", explicou a delegada do Decrisa (Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Saúde), Aline Manzatto.
A maioria dos pacientes mora em São Paulo e Santa Catarina. Para abrigar esses pacientes, proprietários de pousadas também foram identificados como membros do grupo criminoso, uma vez que colaborariam fornecendo informações falsas, afirmou a Polícia. As investigações ainda apontam que o grupo criminoso conseguia receber em duplicidade os valores pagos pelo SUS ao hospital pelas cirurgias bariátricas. Isso era possível graças à participação de funcionárias do hospital e secretárias de médicos, responsáveis por agendar exames e realizar cobranças por consultas que deveriam ser gratuitas.
Ainda conforme a Polícia Civil, um servidor da Sesa (Secretaria de Estado da Saúde), médico responsável pela fiscalização do hospital, aprovava autorizações de internamento com base nos dados falsos de modo a possibilitar a liberação dos pagamentos em duplicidade pelo SUS.
Como o esquema teve em início em 2016, o lucro obtido de forma ilícita chegou a cerca de R$ 10 milhões. "Foi quando houve um aumento significativo de cirurgias pelo hospital (Angelina Caron), chegando ao ponto do hospital aqui do Paraná ser responsável por 60% das cirurgias do SUS do Brasil inteiro, ultrapassando estados como São Paulo e Minas Gerais juntos, só para ter uma ideia da grandiosidade deste esquema", comparou a delegada.
No início do mês, 14 mandados de prisão temporária foram cumpridos tanto no Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul, quanto em endereços em Curitiba e outros municípios da região metropolitana, além de cidades de Santa Catarina e São Paulo, no âmbito da mesma operação.