A Polícia Civil do Paraná cumpriu sete mandados de busca e apreensão e dois de prisão temporária em municípios do Norte Pioneiro e Região Metropolitana de Curitiba na segunda fase da operação que desbaratou uma organização criminosa acusada de cometer fraudes contra o SUS (Sistema Único de Saúde) através da venda de cirurgias bariátricas. Endereços em Santo Antônio da Platina e Jacarezinho, ambas no Norte Pioneiro, e em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba, também foram alvos de mandados na manhã desta quinta-feira (29).

Imagem ilustrativa da imagem Vereador de Carlópolis é preso em operação contra fraudes no SUS
| Foto: Divulgação PCPR

Um dos alvos dos mandados de prisão temporária foi um vereador que é candidato à reeleição na Câmara Municipal de Carlópolis, e que teria sido responsável por falsificar guias do SUS. A reportagem entrou em contato com a Câmara Municipal de Carlópolis, além da Prefeitura da cidade, porém sem sucesso.

O esquema, desmontado em operação da Polícia Civil do Paraná no dia 6 de outubro, tinha início com angariadores de pessoas através de grupos relacionados aos procedimento operatório em redes sociais. "Ofereciam a guia do SUS mediante pagamento de determinada quantia. Este angariador repassava o paciente para um intermediador que tem o contato tanto com quem falsifica a guia, quanto com funcionários do hospital", explicou a delegada do Decrisa (Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Saúde), Aline Manzatto.

A maioria dos pacientes mora em São Paulo e Santa Catarina. Para abrigar esses pacientes, proprietários de pousadas também foram identificados como membros do grupo criminoso, uma vez que colaborariam fornecendo informações falsas, afirmou a Polícia. As investigações ainda apontam que o grupo criminoso conseguia receber em duplicidade os valores pagos pelo SUS ao hospital pelas cirurgias bariátricas. Isso era possível graças à participação de funcionárias do hospital e secretárias de médicos, responsáveis por agendar exames e realizar cobranças por consultas que deveriam ser gratuitas.

Ainda conforme a Polícia Civil, um servidor da Sesa (Secretaria de Estado da Saúde), médico responsável pela fiscalização do hospital, aprovava autorizações de internamento com base nos dados falsos de modo a possibilitar a liberação dos pagamentos em duplicidade pelo SUS.

Como o esquema teve em início em 2016, o lucro obtido de forma ilícita chegou a cerca de R$ 10 milhões. "Foi quando houve um aumento significativo de cirurgias pelo hospital (Angelina Caron), chegando ao ponto do hospital aqui do Paraná ser responsável por 60% das cirurgias do SUS do Brasil inteiro, ultrapassando estados como São Paulo e Minas Gerais juntos, só para ter uma ideia da grandiosidade deste esquema", comparou a delegada.

Imagem ilustrativa da imagem Vereador de Carlópolis é preso em operação contra fraudes no SUS

No início do mês, 14 mandados de prisão temporária foram cumpridos tanto no Hospital Angelina Caron, em Campina Grande do Sul, quanto em endereços em Curitiba e outros municípios da região metropolitana, além de cidades de Santa Catarina e São Paulo, no âmbito da mesma operação.