Com o índice de transmissibilidade da Covid-19 em queda gradativa no Paraná, redução nos casos de infecção e também de mortes decorrentes da doença, a Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) planejava para o próximo dia 15 de dezembro uma conversa com a Assembleia Legislativa e o governador, Ratinho Junior, da qual pudessem resultar medidas de flexibilização do uso de máscara em ambientes abertos. Diante da ameaça representada pela circulação da variante ômicron no Brasil, no entanto, esse plano foi adiado.

Imagem ilustrativa da imagem Variante Ômicron faz Saúde rever flexibilização do uso de máscara no PR
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Em visita à FOLHA, nesta quarta-feira (1º), o secretário estadual de Saúde, Beto Preto, adiantou que enquanto não houver informações mais detalhadas sobre a periculosidade da nova variante, é preciso agir com o máximo de cautela. “A partir de 15 de dezembro tomaríamos uma decisão de flexibilização (do uso de máscara) em ambientes exclusivos, para pessoas que estivessem andando nas ruas sozinhas. Mas, neste momento, a nossa cautela nos orienta a aguardar um pouco mais. Se vier uma boa informação da Organização Mundial da Saúde, a gente pode até voltar a essa questão”, declarou.

O Paraná contabiliza seis casos suspeitos de contaminação pela variante ômicron. São pessoas que chegaram da África do Sul e que desembarcaram no Estado na semana passada. Todas elas já foram identificadas e os municípios estão fazendo o rastreio. Os viajantes tiveram contato com um brasileiro que estava no mesmo voo, testou positivo para a Covid-19 após chegar em São Paulo e foi confirmada a contaminação pela nova cepa da doença. Entre os seis monitorados no Paraná, informou Beto Preto, um está em Curitiba, outros na região metropolitana da capital, e dois seguiram para Foz do Iguaçu. Destes, um ficou na cidade e o outro cruzou a fronteira para o Paraguai.

O Setor de Epidemiologia da Sesa fará notificações à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e à Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária) para que sejam coletados os dados cadastrais completos de qualquer viajante vindo do exterior. “Não podemos depender de outros órgãos. Isso tem que ser muito claro para nós, senão atrasa o rastreio.”

Neste momento de incertezas sobre o nível de periculosidade da variante ômicron, a orientação da Sesa aos paranaenses é para que mantenham os cuidados habituais, de higienizar as mãos com frequência, usar máscara, manter os ambientes arejados, evitar aglomerações desnecessárias e tomar todas as doses da vacina. “É uma situação de preocupação. Estamos tratando um vírus altamente mutante, que vai apresentando variações. Nesse momento, tentamos entender o comportamento dessa variante e passar as melhores informações sem gerar mitos e alarmes desnecessários”, observou o secretário.

VACINAS

Beto Preto reforçou a necessidade de os paranaenses completarem o esquema vacinal contra a Covid-19. Apesar de o índice de imunização estar alto no Estado, ainda há cidadãos que tomaram a segunda dose com atraso e aqueles que só tomaram a primeira dose. "Faço um apelo para que todos possam tomar a segunda dose, os que não foram tomar a primeira dose, procurem o serviço de saúde para tomar e que façam o reforço, quando chegar a época. Por enquanto, é o que nós temos de panaceia para esse processo todo. Não tem outra saída se não forem a vacina e as medidas não farmacológicas.” Até agora, frisou ele, o que se sabe é que a variante ômicron é detectável no exame RT-PCR, ponto considerado importante, e nos próximos dias deverá ser divulgado se a nova cepa é sensível às vacinas disponíveis no País.

O intervalo entre a segunda e a terceira dose da vacina já foi reduzido de seis para cinco meses e, segundo o secretário, há a possibilidade de diminuir ainda mais. Alguns países estão ministrando a dose de reforço três ou quatro meses após a segunda dose e, para que o Brasil faça o mesmo, é necessária a avaliação do contexto mundial pelo Programa Nacional de Imunização. Já o reforço para quem tomou o imunizante da Janssen, em dose única, poderá ser liberado conforme a disponibilidade do Ministério da Saúde.

CONFRATERNIZAÇÕES

A chegada do final do ano e das festas de confraternização é um motivo de preocupação para a Sesa. Promover aglomerações neste momento, destacou Beto Preto, ajuda a acelerar a propagação do vírus e o índice de transmissibilidade da doença e, segundo ele, é preciso que haja uma situação de equilíbrio e de corresponsabilização dos cidadãos. Quanto ao carnaval, disse o secretário, ainda é cedo para falar em proibições. Algumas cidades paranaenses já anunciaram o cancelamento do evento, mas outras, como Guaratuba, no Litoral, decidiram manter. “Não adianta sair correndo e falar ‘vai cancelar isso, aquilo’. Vamos aguardar que a OMS se manifeste sobre a eficiência e a eficácia das vacinas frente a variante ômicron. Temos que agir com muita cautela."

O secretário comemorou o momento da pandemia no Estado, com queda do número de casos confirmados e de mortes. Na região de Londrina, o HU (Hospital Universitário) reduziu o número de leitos para atendimento a casos de Covid-19. Foram fechados 30 leitos de UTI e 45 leitos de enfermaria. No Hospital da Zona Norte, a ala Covid-19 foi encerrada e a instituição voltará a suas atividades normais. No entanto, frisou Beto Preto, “a guerra ainda não está ganha” e, se for necessário, essas estruturas voltarão a funcionar. “Temos que ter toda a cautela possível para passar esse momento duro. É um momento de descida de casos, mas com uma nova variante. Mas temos uma população muito vacinada. O apelo é de corresponsabilização e de um olhar sereno.”