Depois da variante Delta entrar no mapa, a Lambda é mais uma que deve entrar no rol de cepas que, em breve, podem ser disseminadas por aqui. Ela foi identificada pela primeira vez no Peru, em agosto de 2020. Na época, ela foi batizada de C.37 ou "variante andina". O site do Gisaid, iniciativa que promove o compartilhamento rápido de dados, aponta que a Lambda está presente em pelo menos 28 países, inclusive no Brasil, e vem sendo disseminada pela América do Sul: Chile (1.020), Peru (831), Equador (103), Argentina (93), Brasil (6), Bolívia (1), Uruguai (1).

De acordo com a Sesa (Secretaria de Estado de Saúde), o Paraná ainda não tem suspeitas sobre a circulação da variante Lambda.
De acordo com a Sesa (Secretaria de Estado de Saúde), o Paraná ainda não tem suspeitas sobre a circulação da variante Lambda. | Foto: Geraldo Bubniak/AEN

O infectologista Rodrigo Mollina, da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) afirma que a Lambda tem se tornado cada vez mais frequente em algumas regiões. “O que estava assustando as pessoas é a resistência dela à vacinação. Parece que ainda não está comprovado que as vacinas atuais não seriam eficazes contra ela”, destacou. Um estudo preliminar financiado pela Universidade Maior do Peru aponta que a variante Lambda sofreu sete mutações no gene responsável pela proteína S, que é o principal foco dos anticorpos na hora de neutralizar o coronavírus. A principal preocupação é de que a variante seja mais resistente aos anticorpos das vacinas.

Ele explicou que a resposta das vacinas contra essa nova variante só será possível obter com mais estudos. “É preciso ver o que acontece a uma população que já foi vacinada para ver se como essa doença ocorre. É um estudo específico e muito difícil, porque a forma como a vacina protege as pessoas é muito complexa. Não é só a produção de anticorpos. Por isso que a gente não pode fazer exame de anticorpo para saber se a pessoa tem Covid-19 ou não.”

A Lambda possui um fator comum às variantes Alfa, Beta e Gamma, pois não possui o gene ORF1a, que fica na parte inicial dos genes do coronavírus. “Na verdade essas variantes ocorrem por alteração ou deleção de algum gene. No caso dela teve essa deleção, o que a torna diferente das outras irmãs, principalmente para o vírus selvagem. Cada variante possui uma mutação de um gene e pode gerar uma característica diferente”, destacou.

“É preciso manter certo distanciamento mesmo com a população vacinada. Como a adesão da população à segunda dose da vacina é baixa, então temos que redobrar todos os cuidados, desde o distanciamento, como o uso de máscara e manter o álcool gel por perto”, orientou. Ele ressaltou que agora tudo está muito muito aberto. “É preciso manter o distanciamento. O uso de máscara ainda é extremamente eficaz e recomendo para as pessoas vacinarem e a tomar segunda dose, porque a gente está vendo em muitas cidades que as pessoas não estão voltando para tomar segunda dose”, destacou.

De acordo com a Sesa (Secretaria de Estado de Saúde), o Paraná ainda não tem suspeitas sobre a circulação da variante Lambda no Estado, no entanto ela já foi identificada em São Paulo (cinco casos), estado vizinho ao Paraná, e no Rio Grande do Sul (um caso). Na Argentina, já foram confirmados 92 casos da variante Lambda. O caso mais recente no Brasil foi identificado no dia 21 de junho deste ano, em São Paulo.

“O Laboratório Central do Estado (Lacen-PR) envia quinzenalmente amostras para investigação e monitoramento das cepas circulantes no Paraná. A seleção é feita de forma aleatória e cumpre critérios técnicos e epidemiológicos.”, diz a Sesa, por meio de nota enviada pela assessoria de comunicação.

A Sesa-PR recomenda que a população fique atenta ao chamamento dos municípios para a vacinação e mesmo com a vacina, os cuidados de prevenção devem permanecer: distanciamento social, uso de máscara e higienização frequente das mãos.

O MPF (Ministério Público Federal) chegou a ajuizar uma ação civil pública para que a União monte barreiras sanitárias na fronteira entre Brasil e Paraguai, principalmente na Ponte da Amizade. De acordo com o Ministério da Saúde, o assunto da vacina nas fronteiras recebeu um tratamento diferenciado pelo PNO (Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra Covid-19). Recentemente a região de Foz do Iguaçu recebeu 37 mil doses extras para o avanço da campanha e a ampliação da faixa etária na região de fronteira, atendendo também os municípios de Guaíra, Barracão e Santo Antônio do Sudoeste.

A exemplo do que ocorreu no Estado, a SES (Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina) enviou na quarta-feira (21) doses extras da vacina contra a Covid-19 para dez municípios do Extremo Oeste que fazem fronteira com a Argentina. A estratégia tem como objetivo realizar uma vacinação em massa de toda a população adulta com 18 anos ou mais. A ação é uma recomendação do Ministério da Saúde (MS) e será realizada em todos os estados que fazem fronteira com Uruguai, Paraguai, Argentina, Bolívia, Peru, Colômbia e Venezuela.

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