A pediatra infectologista e docente da UEL (Universidade Estadual de Londrina), Jaqueline Dario Capobiango, afirmou que as vacinas para Covid-19 são seguras em pediatria e há dados demonstrando isso. "Felizmente, as vacinas são muito seguras e reações são muito raras e na grande maioria das vezes são leves e autolimitadas.”

Ela explicou que quando ocorrem as reações após a administração de alguma vacina, na maioria dos casos a causa não é a vacina e acontecem ao acaso, mas estão somente temporalmente associadas a ela. “Porém, como ocorre com qualquer fármaco, eventos adversos podem acontecer." Ela relatou que milhões de doses de vacina para Covid-19 foram administradas em crianças no mundo, com relatos de febre baixa, dor no local da aplicação, além de dor no corpo e dor de cabeça, que desaparecem espontaneamente.

Milhões de doses de vacina para Covid-19 foram administradas em crianças no mundo e reações são muito raras.
Milhões de doses de vacina para Covid-19 foram administradas em crianças no mundo e reações são muito raras. | Foto: Roberto Dziura Jr./AEN

Capobiango reforçou que, se houver baixas coberturas vacinais, muitas crianças suscetíveis ao vírus da Covid 19 podem adoecer e apresentar formas graves da doença, com insuficiência respiratória levando a hospitalização e óbito. "Também há o risco de apresentarem uma forma da doença Covid-19 denominada Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), que causa inflamação em vários órgãos, incluindo o coração e as coronárias.”

Os dados do Ministério da Saúde, por meio dos Boletins Epidemiológicos, têm demonstrado que os números de crianças acometidas pela Covid é grande. No Brasil, desde o início da pandemia, 55 mil crianças e adolescentes foram internados pela Covid-19, 1.918 apresentaram SIM-P (síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica temporalmente associada ao SARS-CoV-2 ) e 3.480 morreram pela Covid -19. “Atualmente, a faixa etária menor que 5 anos tem apresentado as formas mais graves da doença, a maioria destas crianças não tem comorbidade, demonstrando que a população pediátrica não vacinada está em maior risco. Já foram notificados 1.465 óbitos por covid-19 em crianças menores de 2 anos de idade, desde o início da pandemia.”

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A pediatra ressaltou que as crianças infectadas, mesmo com sintomas leves (coriza, tosse, dor de garganta), transmitem o vírus para as pessoas próximas como os avós, parentes com problemas de imunidade ou que não foram vacinados, outras crianças e adultos nos condomínios, nas festas e nas escolas. “Se entre esses contatos, algum apresentar imunodeficiência ou uma comorbidade, sem receber o esquema completo da vacina, estarão em risco para desenvolver a forma grave da Covid-19.”

Sobre a imunização indireta proporcionada pelas vacinas, ela explicou que as crianças infectadas propiciam a multiplicação e disseminação do vírus. “Desta forma, o vírus encontra um meio fácil para apresentar mutações e escapar das nossas defesas. Quanto mais crianças vacinadas, menos crianças se infectam, menos transmitem e menos variantes do vírus surgirão. Desta forma, vacinando o maior número de pessoas, incluindo as crianças, mantemos a população mais tempo protegida para a Covid-19.”

Em relação às novas variantes, ela explicou que a vacina protege as crianças, porém se a cobertura vacinal não for boa, muitas pessoas infectadas possibilitam que os vírus se modifique (mutações durante a sua replicação) e poderão ser necessárias novas vacinas. “Daí a urgência de vacinar as crianças.” Ela explicou que as vacinas protegem contra a infecção em torno de 40 a 60%, mas para as formas graves a proteção está entre 70 a 90%, conforme a faixa etária pediátrica. “Essa proteção para formas graves é muito boa, pois há um grande impacto na saúde pública, com redução considerável do número de internações e mortes. Nenhuma criança merece morrer por uma doença que já temos vacina disponível. Vacina já!”

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