O ano de 2019 foi a primeira vez em 20 anos que o País não atingiu a meta para nenhuma das vacinas indicadas para crianças de até um ano, segundo dados do PNI (Programa Nacional de Imunizações). A queda ocorre em um contexto de cinco anos nas coberturas vacinais, com redução de até 27% para alguns imunizantes.

Imagem ilustrativa da imagem Vacinação infantil está abaixo da meta no Paraná
| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em geral, a meta de vacinação de bebês e crianças costuma variar entre 90% (para vacinas contra tuberculose e rotavírus) e 95% (as demais). Abaixo desse valor, há forte risco de retorno de doenças eliminadas, como ocorreu com o sarampo, ou aumento na transmissão daquelas que até então eram controladas.

No Paraná, todas as oito vacinas recomendadas para crianças de até um ano (BCG, Febre Amarela, Meningo C, Pentavalente, Pneumocócica 10, Poiliomielite (VIP), Rotavírus e Tríplice Viral) em 2019 também ficaram abaixo da meta de 90% para BCG e Rotavírus e 95% para as demais, embora quase todas tenham ficado com a cobertura acima dos 80%. A exceção é a pentavalente, cuja cobertura ficou em 78,22%.

Segundo o secretário estadual da Saúde, Beto Preto, houve atraso nos últimos anos no recebimento da Pentavalente, mas de uns meses para cá a situação se regularizou. "Não resolveu os atrasados. As vacinas que vêm atendem a fila que tem. Teríamos que receber 60 mil por mês e não estamos recebendo tudo isso." Porém, ele afirma que a falta de vacinas é pontual e vem sendo regularizada. "Estamos fazendo tudo o que pode ser feito."

No momento, um dos fatores que impactam a cobertura vacinal é a pandemia e os movimentos antivacina, salienta o secretário. "A pandemia fez com que as pessoas tivessem medo de ir até o posto. Eu dou razão, a pandemia é silenciosa e às vezes o quadro é assintomático, mas quando existem casos mais graves, as pessoas que são sequeladas podem perder a vida. Vacinar é um ato de amor e solidariedade", salienta o secretário. Em breve, Preto diz que a Sesa deverá lançar junto ao Ministério da Saúde uma campanha de multivacinação. "Estamos passando por um momento de Covid-19 em que todos querem vacina. Se a vacina é tão importante, por que não deixar a carteira vacinal das crianças em dia?"

A diretora de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, Sônia Fernandes, disse considerar que a cobertura vacinal em Londrina se mantem em relação aos anos anteriores. "Não vejo no município uma diferença tão grande esse ano com relação aos anos anteriores. Não que esteja bom, muito pelo contrário." Todas as vacinas indicadas para crianças menores de um ano ficaram com a cobertura vacinal abaixo da meta na cidade. A cobertura da Febre Amarela, cuja meta é de 95%, ficou em 77,91% em 2019. A da Hepatite B e da Pentavalente, cujas metas também são de 95%, ficou em 78,68% no ano passado.

Para a diretora de Vigilância em Saúde, vários fatores influenciam na cobertura vacinal. Uma delas é a troca do sistema do PNI, que levou a uma perda de dados. Outro fator é a falta de vacina. "Agora tem, mas habitualmente acaba faltando. Ou é aquela vacina que tenho que abrir uma vez por semana ou por mês porque vem em frascos multidoses e esse frasco tem prazo de validade."

A queda da natalidade e a deficiência na formação de profissionais de saúde na área de imunização são outros fatores citados pela diretora. "Falar que a Covid-19 é o único responsável (pela baixa cobertura), não é. Movimentos antivacinas não interferem de forma definitiva. Mas a hora que junta todos esses fatores, você acaba não tendo a cobertura considerada ideal."(com Folhapress)