O movimento na UPA do Sabará (zona oeste) foi intenso na tarde desta quarta-feira (5), com pacientes com sintomas de gripe ou de Covid-19 em busca de atendimento especializado. Segundo o secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, em dois dias a UPA do Sabará gerou 1.659 fichas de atendimento. “De 1º a 4 de janeiro do ano passado foram geradas 1.901 fichas na UPA. Em números absolutos foram menos fichas este ano, mas no ano passado essas fichas foram em um intervalo mais espaçado. O que aconteceu agora é que deu um boom. Neste ano muitas fichas foram abertas na segunda-feira e na terça-feira, ou seja, só em dois dias. Esse número vai passar o do ano passado”, apontou.

Segundo o Secretário Municipal de Saúde, Felippe Machado, em dois dias a UPA do Sabará gerou 1.659 fichas de atendimento
Segundo o Secretário Municipal de Saúde, Felippe Machado, em dois dias a UPA do Sabará gerou 1.659 fichas de atendimento | Foto: Gustavo Carneiro/Grupo Folha

A pasta reforçou que a UBS da Vila Casoni voltará a atender os casos de SRAG (Síndrome Respiratórias Agudas Graves) e casos de Covid-19 nesta quinta-feira (6). Também irá reativar a tenda para realizar o atendimento na UPA do Sabará. Na tarde de quarta-feira ela ainda não estava sendo utilizada, mas já foi montada na área em que fica o estacionamento da unidade, lado oposto de onde estava antes. Quando a reportagem chegou ao local, o espaço estava repleto de pacientes. Além das pessoas que estavam na sala de espera da unidade havia muitas pessoas do lado de fora, algumas delas sentadas no chão, aguardando atendimento.

 “Eu senti febre, dor de cabeça, tosse, coriza e dor no corpo. Fui fazer o teste na farmácia e deu positivo", disse a autônoma Kawane Gonçalves Andrade de Souza
“Eu senti febre, dor de cabeça, tosse, coriza e dor no corpo. Fui fazer o teste na farmácia e deu positivo", disse a autônoma Kawane Gonçalves Andrade de Souza | Foto: Gustavo Carneiro/Grupo Folha

A autônoma Kawane Gonçalves Andrade de Souza, 21, passou alguns dias na praia em Balneário Camboriú. “Eu senti febre, dor de cabeça, tosse, coriza e dor no corpo. Fui fazer o teste na farmácia e deu positivo. Me encaminharam aqui para a UPA para pegar a receita do remédio e para fazer o exame PCR”, destacou. “Eu peguei, provavelmente na praia, porque eu fui lá agora, na virada do ano, e tinha bastante gente”, destacou. Ela havia chegado ao meio-dia na UPA e até as 16 horas, quando foi abordada pela reportagem, ainda não havia sido atendida.

"A gente faz o possível para não pegar nada", afirmou o auxiliar Wanderley Stecca César
"A gente faz o possível para não pegar nada", afirmou o auxiliar Wanderley Stecca César | Foto: Gustavo Carneiro/Grupo Folha

Outra pessoa que estava esperando pelo atendimento havia quatro horas na UPA do Sabará foi o auxiliar aposentado Wanderley Stecca César, 33. Ele apresentou sintomas como muita coriza e chiado no peito e dor no peito. “Mas não deve ser Covid. Deve ser uma gripe. A gente faz o possível para não pegar nada. Eu uso máscara o tempo todo, passo álcool na mão e em lugar público eu tomo cuidado”, afirmou. Questionado se havia sido vacinado, ele afirmou que não foi imunizado. “Não tomei vacina de gripe e nem de Covid-19. Não tomei nada”, declarou. Ele afirmou que estava com medo de pegar a Covid na UPA.

Já a dona de de casa Kelly Leite da Silva apresentou sintomas depois de viajar para Jardinópolis (SP) para visitar a sua mãe. “O pessoal lá também está com sintomas de gripe. Eu fui de carro para lá e só fiquei com a minha família, mas senti dores de cabeça, dor no corpo e estou com muita tosse”, declarou.

A farmacêutica Ana Carolina Correa, da Rede de Farmácias Vale Verde, afirmou que houve um aumento de 407% de testes realizados no dia 4 de janeiro (513) em relação ao dia 1º de dezembro (126). Ela ressaltou que no mês de novembro inteiro realizou 4.200 testes e somente nos quatro primeiros dias de janeiro foram realizados 1.580 testes. Ela repassou dados da Abrafarma/Clinicar Rx, da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias, que aponta que a positividade dos testes realizados também está aumentando. De 20 a 26 de dezembro a positividade estava em 6,3% e no dia 4 deste mês essa taxa subiu para 31,8%.“

"Em nossas unidades tem formado bastante filas. As agendas estavam bem mais tranquilas, mas os casos começaram a aumentar. A gente faz todo atendimento por agendamento a cada 30 minutos. Faz teste das 8 horas da manhã até as 22 horas, mas na terça-feira (3) a gente fez teste até a meia-noite por conta dessa demanda. As agendas estão bem lotadas e quem está tentando agendar está tendo um pouco de dificuldade”, declarou.

A reportagem também ligou para alguns laboratórios da cidade e em todos eles também foi registrado aumento da procura. O diretor técnico do Laboratório Oswaldo Cruz, João Cláudio Fantilli, relatou que vinha fazendo 90 testes por dia e nos dois últimos dias fez 200 por dia, a mesma quantidade que no auge da pandemia.

Rosângela Caminoto Barbosa, proprietária do Laboratório Biopar, apontou que está enfrentando dificuldade comprar kits de testes. "Estou tentando repor o meu estoque, que está para acabar, e não consigo nem fazer compra. Os nossos fornecedores são de Londrina, Curitiba e Florianópolis e nenhum dos três tem em estoque”, destacou.

Já Reginaldo Vicente da Silva, do Laboratório Delta, afirmou que a quantidade de testes realizados subiu 47% em relação aos dias anteriores. Ele também tem enfrentado dificuldades para comprar reagentes.

A Santa Casa de Londrina e o Hospital Infantil também registraram aumento de casos de síndrome respiratória no período de 22 a 28/12 na comparação com o período de 29/12 a 4/1. Na Santa Casa, a média de atendimentos no pronto atendimento aumentou em 116%, passando de 30 para 65 pacientes/dia. No mesmo período, a média de casos de síndrome respiratória passou de 11 para 46/dia, ou 418% a mais.

No Hospital Infantil o atendimento subiu 138 para 218 pacientes/dia, ou 58% a mais. O número de casos de síndromes respiratórias passou de 98 para 125/dia, ou 28% a mais. A maioria dos casos nos dois hospitais é considerada leve.

Diante dos dados, o Hospital Mater Dei, também integrante da Iscal (Irmandade da Santa Casa de Londrina), continuará sem atender pacientes com síndrome respiratória. Os pacientes que chegarem ao pronto atendimento do Mater Dei com sintomas respiratórios continuarão sendo encaminhados para a Santa Casa.

Já o número de casos ativos de Covid em Londrina teve uma explosão: passou de 65 na segunda-feira para 494 nesta quarta, segundo o boletim da Secretaria Municipal de Saúde.