A maioria das universidades estaduais paranaenses decidiu, em assembleias realizadas na última quarta-feira (7), pela suspensão do movimento grevista e o retorno às atividades letivas nesta segunda-feira (12). É o caso da Unioeste (Universidade Estadual do Oeste), Unicentro (Universidade Estadual do Centro-Oeste) e UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa). A UEM (Universidade Estadual de Maringá) também suspendeu a greve, mas está em período de férias até 26 de junho.

Dessa forma, permanecem paralisadas UEL (Universidade Estadual de Londrina), UENP (Universidade Estadual do Norte) e Unespar (Universidade Estadual do Paraná). A principal mudança nas últimas semanas foi a sinalização de possibilidade de aprovação do plano de carreira dos professores, que pode compensar parte da defasagem salarial de 42%.

O professor Cesar Bessa, presidente do Sindiprol/Aduel (Sindicato dos Docentes da UEL), explica a mudança nas carreiras saiu da Seap (Secretaria de Administração e Previdência) para a Casa Civil, e que, em uma reunião na Apiesp (Associação Paranaense das Instituições de Ensino Superior Público), foi apontado que a proposta deve tramitar com a normalização do trabalho docente.

“Ou seja, que os professores retomem os trabalhos e consequentemente suspendam a greve. Essa é a situação do plano de carreira”, afirmou, pontuando que, caso não sofra alterações, o plano pode representar uma reposição de 14,46% no valor do piso. “Mas isso é um plano, isso não é concreto ainda, não é uma definição. O que os reitores nos colocaram é que há um interesse tanto da Apiesp quanto do governo de aprovar esse plano, especialmente esse piso salarial.”

Um ponto ainda em discussão diz respeito à reposição já sinalizada pelo governo do Estado, de 5,79% a partir de agosto. Uma das possibilidades é que a mudança no piso já englobe esse valor, além de uma dívida de 3,39%, referente à data-base de 2016.

No entanto, Bessa ressalta que, no caso da UEL, os professores ainda veem com desconfiança essa sinalização, uma vez que o governador Ratinho Jr. (PSD) ainda não sentou para negociar diretamente com a categoria.

“Existe essa desconfiança porque antes ele não conversava conosco porque não conversava com ninguém sobre recomposição de salário. Agora que estamos em greve para ele conversar, diz que só conversa se a gente sair da greve. Em face dessa desconfiança, os professores decidiram manter o processo de greve”, esclarece.

A nível estadual, com a suspensão do movimento em quatro universidades, Bessa pontua que o cenário “se torna mais complicado”, e que novas assembleias serão realizadas nesta semana para deliberar sobre o movimento.

Nesta segunda-feira ocorreu uma reunião entre os Comandos de Greve da UEL, UENP e Unespar, e a previsão é que novas assembleias sejam realizadas na próxima quarta-feira (14).

O presidente do Adunicentro (Sindicato dos Docentes da Unicentro), Geverson Grzeszczeszyn, também destaca que a administração estadual sinalizou que as alterações nas carreiras devem tramitar com o retorno à normalidade das instituições.

“Com isso, considera-se que haverá melhoria nas remunerações de modo semelhante à melhoria na data-base. Data-base que o governo se nega a negociar porque teria que oferecer um percentual melhor para todo o funcionalismo do Estado e não apenas para docentes das universidades”, afirma Grzeszczeszyn, ressaltando que a reorganização das carreiras de várias categorias “funcionou como forma de desmobilização para uma greve de nível estadual de todo o funcionalismo, e não apenas de docentes de universidades”.

O presidente também acredita que houve entendimento de que conquistar a reposição da inflação, que está acumulada em 42%, seria difícil neste momento, já que outras categorias também estão mobilizadas em prol das alterações de carreiras. “Tanto que apenas docentes do Ensino Superior estão e estavam em greve, ou seja, docentes fazendo greve por todo o funcionalismo do Estado, pois a data-base é para todos”.

Apesar de a expectativa ser uma reposição da ordem de 14,46% no piso salarial, conforme consta na proposta da Apiesp, isso ainda não é certo. “Na realidade pode ser esse percentual ou outro, vai depender de como o governo analisará a proposta e a transformará num projeto de lei com os percentuais finais”, completa Grzeszczeszyn.

Em uma nota, o Sindunespar (Sindicato dos Docentes da Unespar) afirmou que respeita as decisões das outras universidades, e que há união pela reposição salarial. “O que nos unifica neste processo é a luta contra a intransigência do governo Ratinho Jr. é a necessidade de seguir pressionando pela recomposição dos nossos salários, que hoje tem defasagem de mais de 42%”, diz o texto.

GOVERNO

A Seti (Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná) tem afirmado, através de nota, que está discutindo as pautas que envolveram professores e funcionários das instituições estaduais com lideranças e sindicatos que representam as categorias.

“A proposta de reformulação das carreiras foi apresentada e encaminhada para avaliação das demais áreas do Estado, uma vez que envolve aspectos orçamentários. Nesse sentido, a Secretaria entende que a greve é precipitada e pode prejudicar o diálogo”, completa.