Brasília, 23 (AE) - Um consórcio de sete universidades públicas da região Centro-Oeste vai oferecer, a partir de abril, cursos de extensão a distância via Internet. A iniciativa tem à frente a Universidade de Brasília (UnB) e reúne 400 professores ligados a essas instituições em 40 cidades do Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. "A educação a distância é indispensável num país com as dimensões do Brasil", disse hoje o reitor da UnB, Lauro Morhy, ao lançar a Universidade Virtual do Centro-Oeste (Univir-CO).
Idealizada a partir de um projeto-piloto desenvolvido na UnB no ano passado, a Univir-CO já abriu as inscrições para seis cursos de extensão e uma disciplina de graduação este ano. As opções incluem formação ambiental para professores de ciências, elaboração de material didático para educação a distância e português. A disciplina de graduação Saúde no Brasil - para alunos de medicina e enfermagem - terá vagas reservadas a não-alunos, desde que comprovada a escolaridade exigida.
Os 70 mil estudantes da UnB, das Universidades Federais de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e das Estaduais de Anápolis (GO), Mato Grosso e Mato Grosso do Sul serão dispensados do pagamento de taxas, no caso da disciplina de graduação. Nos demais cursos pagarão taxas de até R$ 200,00, o mesmo que os não-alunos. "Esse dinheiro servirá para manter os cursos", justificou a coordenadora da Univir-CO, Lina Barreto, informando que haverá programas gratuitos. A UnB investiu R$ 200 mil no projeto e já mantém dois cursos a distância desde 1998.
De acordo com Lina, universidades do Maranhão e de Rondônia estão interessadas em participar da Univir-CO. "Em breve poderemos ter a Univir-Brasil", disse o reitor Morhy. A idéia é oferecer também cursos de graduação e pós-graduação, o que incluiria aulas tradicionais. Nesse caso será preciso obter a autorização do Conselho Nacional de Educação (CNE), do Ministério da Educação (MEC).
Desafio - A graduação a distância, em especial para formar professores, deve ser o próximo passo da Univir-CO, segundo a secretária da Educação do Distrito Federal, Eurides Brito. "Chega de paliativos", afirmou ela, referindo-se ao fato de não terem sido criados cursos de graduação. "Se queremos educar a população brasileira precisamos romper preconceitos."
O Plano Nacional de Educação, que ainda tramita no Congresso, é ambicioso quanto à formação de professores: estipula o prazo de dez anos para que todos eles tenham curso superior. Mas, atualmente, do cerca de 1,6 milhão de profissionais no ensino médio (antigo 2.º grau) e fundamental (antigo 1.º grau) do País, 51% (823 mil) concluíram no máximo o ensino médio.
Diante desse quadro, recorrer à educação a distância é uma necessidade, reforçada pelas dificuldades de transporte em diversas regiões do País. Em Mato Grosso, por exemplo, há escolas da rede estadual a 1.400 quilômetros da capital Cuiabá, segundo a subsecretária da Educação do Estado, Marlene Santos. Ela informou que este ano 320 professores vão receber o diploma de licenciatura em pedagogia, num curso a distância oferecido pelo governo estadual e a Universidade Federal de Mato Grosso. "Mas temos ainda 10 mil professores sem curso superior no Estado", disse Marlene.
Entusiasta do uso de novas tecnologias para a educação a distância, o presidente do CNE, Éfrem Maranhão, considera fundamental o rigor na avaliação dos alunos: "A avaliação deve ser séria e presencial para evitar fraude", observou Maranhão. O endereço da Univir-CO na Internet é www.universidadevirtual.br.